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sábado, 19 de fevereiro de 2011

19.- O Jardim de Darwin

Porto Alegre * Ano 5 # 1661

Esta postagem, ao chimarrear ocorre nos jardins da Morada dos Afagos, por tal também mais tardia, aceita pela extensão de 25 horas do sábado. Cumpro neste sábado algo que neste blogue se faz tradição há muito: as dicas sabáticas de leitura. Cada livro, ao se integrar a nossa biblioteca pessoal amealha histórias outras do que aquela que relata formalmente em suas páginas. Sua origem, as vezes com uma primorosa dedicatória ou celebrado autógrafo, o quando e como da leitura e por que o elegemos para ler.

Aliás, atualmente, estou relendo um livro, que talvez traga aqui no próximo sábado. Ele já vem marcado com um interrogante: Por que, com tantos livros ainda não lidos, se relê um livro? Mas isso não é assunto para hoje.

Comparece hoje um livro que me foi presenteado por uma leitora deste blogue de Curitiba: a Maria Lúcia, professora de Biologia, que me acarinhou com a dica de hoje. A Mal me presenteara em 7 de outubro de 2010 com memorável oportunidade de falar CEEBJA Paulo Freire, para adultos trabalhadores, como contei aqui dia 08:/Outubro/2010. Com o pretexto de homenagear-me pelo dia do Professor, enviou em cuidadosa embalagem “O jardim de Darwin – Down House e a Origem das espécies”. Li muito pausadamente o texto, nas férias, antes de fealzar a viagem que iniciei em 2 fevereiro e que contei em uma novena, quando este blogue se fez diário de um viajor.

BOULTER, Michael. O Jardim De Darwin: Down House e a origem das espécies [Darwin’s Garden and the origin of species. Tradução de Elvira Serapicos] São Paulo: Larousse do Brasil.262 p, 2009, ISBN 978-85-7635-465-9 Preço R$ 37,00

Michael Charles Boulter (nascido em 1942) é professor de Paleobiologia no Museu de História Natural e da Universidade de East London. Boulter estudou botânica, geologia e química na University College London. Foi professor de Paleobiologia da Universidade de East London (1989-2002). Ele trabalhou como editor para a Associação Paleontológica (1975-1981), secretário da Organização Internacional de Paleobotânica (1981-2002) e representante do Reino Unido na União Internacional das Ciências Biológicas. Em 2002 ele tornou-se notável por seu livro "Extintion: Evolution and the End of Man", onde ele explicou que a humanidade pode estar mais perto da extinção do que se acreditava antes. Junto com Michael Benton e cerca de 100 outros cientistas, ele lançou o projeto "Fossil Record 2", o maior banco do mundo, com fósseis dos últimos 500 milhões anos. É um renomado darwinista.

Existem dezenas de livros do tipo “‘objeto’ de ‘nome de um cientista’”. Preliminarmente, mesmo que se enquadre na classificação, é muito mais que um “O y de X”. É muito mais que um relato da casa e do jardim daquele que é talvez o mais insigne cientista de todos os tempos.

Michel Boulter nos leva em primorosa visita a propriedade que Charles Darwin comprou parar ele para a família para morarem e fugindo do bulício de Londres. Os jardins e a estufa de Down House forneceram a matéria-prima para que Darwin continuasse suas observações e experiências e escrevesse seus principais trabalhos, inclusive sua obra-prima: A origem das espécies. Com brilhantismo Michael Boulter mostra que as pesquisas que Darwin fez no jardim de Down House pavimentaram o caminho para a moderna genética e o estudo das cadeias alimentares e da biodiversidade.

Ocorre que Bolter não apenas detalha muitos dos trabalhos de Darwin que ocorreram após a volta da viagem do Beagle (1831–1835) até a publicação da ‘Origem das espécies’ em 1859, baseado nos diários de CD, nas cartas e, especialmente, nas muitas visitas que vinham a Down House. Acerca destas há riquezas de detalhes acerca de nomes famosos como Charles Lyell ou Alfred Russel; e claro Ras (o sempre parceiro irmão de CD). Também as discussões com a esposa (e prima em 1º grau) Emma e com os filhos que seguem os passos estão presente. Também a dor pela perda de filhos ainda criança, talvez por consanguinidade estão relatadas.

Mas que é mais significativo no livro – e por tal eu o descaracterizo como do tipo “O y de X” – é Bolter relê as dificuldades e as dúvidas cruciais de CD e seus parceiros com as últimas descobertas da genética da virada século 20/21, como por exemplos as informações advindas do código genético e dos estudos genômicos. É preciso ressaltar que esta parte é exigente em conhecimentos de biologia, que muitas vezes me faltaram.

Um adendo à recomendação sabatina: há uma série fílmica em três episódios de cerca de 1 hora cada que é homônima do livro e tem o mesmo cenário. No Jardim de Darwin - O Grande Debate episódios que biografa o famoso naturalista inglês e refaz vários de seus experimentos nos mesmos lugares onde Darwin os realizou.

A série "O jardim de Darwin" produzida pela BBC mostra as ideias, experiências e observações realizadas pelo naturalista britânico Charles Darwin. A série é dividida em três episódios, o primeiro mostra as experiências feitas antes da publicação do livro "A Origem das Espécies" em 1859. O segundo, aborda as experiências realizadas após a publicação do livro. Já o terceiro, descreve suas teorias, no final da carreira, sobre a evolução humana, e também mostra a conclusão de Darwin de que os seres humanos evoluíram dos macacos e que os primeiros homens originaram da África.

O apresentador e entomologista Jimmy Doherty segue os passos e as anotações de Charles Darwin e refaz as experiências e testes que Darwin fez no passado para apoiar suas teorias. Filmada nos jardins e estufas da casa de Darwin, na Inglaterra, a série redescobre a ciência botando a mão na massa. Os episódios são ilustrados com lindas imagens em alta definição e gráficos surpreendentes. Em http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_zoo&view=item&item_id=2773 se pode ver excertos dos três episódios.

Desejo um sabático jardinar aditado da expectativa de leituras num domingo (ou é este o sábado?) que terá 25 horas.



6 comentários:

  1. Prezado Mestre,
    para mim é uma grande emoção ver em seu blog a indicação deste livro que me proporcionou uma leitura prazerosa e uma visão do cotidiano de Charles Darwin que ainda não conhecia. Inclusive, suas pesquisas com um grupo de animais, os cirripédia, sua determinação, seu pensamento muito além de seu tempo,suas observações ao andar pelo Caminho de Areia, os embates com outros cientistas em Down House, sua ética , ou seja, este livro merece ser lido por educadores, principalmente por professores de ciências e biologia,pois, fornece um conhecimento de história da ciência que não se encontra nos livros didáticos.
    Ah, Mestre,acrescento que é um livro que pretendo reler.
    Espero que alguns de seus leitores, mesmo não sendo da área de ciências, venham também apreciar esta obra.
    Abraços,
    Malu.

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  2. Malu muito querida,
    muito desejei que lesses a blogada de hoje. Ela também é em gratidão aos muitos acarinhamentos que me ensejas.
    Realmente espero que alguns dos cerca de 100 leitores diários se encantem com teu maravilhoso presente.
    Um muito frutuoso sábado e um bom 2011 letivo
    attico chassot

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  3. Olá, Professor.

    Reler livros é como reencontrar antigos conhecidose se redescobrirem juntos, prestando atenção em algum detalhe aqui As vezes fico pensando em personagens de livros que li e imagiando como seria se tivessem feito assim e não assado. Ou voltar àquela cena, que até ficou com o marcador, a espera de nova visita. que delícia.

    Falando em presentes, estou apanhando daquele livro, Filosofia dos sonhos, uma surra boa ; )

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  4. Marília querida,
    bonita, ou melhor linda, tua leitura para a releitura de livros.
    Obrigado pela parceria intelectual, também na filosofia dos sonhos.
    Curte a 25ª hora de hoje e afagos do
    attico chassot

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  5. Saudações darwinistas!

    Já encomendei este livro que, dadas as recomendações, creio que lerei avidamente.
    Aos que se interessam por estas leituras subversivas e heréticas também recomendo "O Maior Espetáculo da Terra" onde Richard Dawkins expõe lindamente as evidências da evolução. Uma delícia; e o autor está mais manso.

    Grande abraço,
    Guy

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  6. Ave Guy,
    que se transmuta dos paramos estadunidenses para a bucólica Cachoeirinha,
    bom saber que Dawkins está menos militante. Em ‘Deus é um delírio’ e no episódio de querer prender o ranzinza Ratzinger andou extrapolando.
    Seja benvindo a terra de sonhadores em formar jardineiros para cuidar do Planeta,
    Com admiração e sempre na escuta
    attico chassot

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