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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

14.- Um dia para entrar na vida real

Porto Alegre * Ano 5 # 1656

Uma segunda-feira diferente, tempos de renovadas expectativas. Ela começa com a marca de novos tempos. As férias terminaram. Inicia uma semana onde há na terça e quarta-feira Seminário Pedagógico no Centro Universitário Metodista do IPA e um momento singular na quinta-feira: a defesa de dissertação de minha orientanda Thaíssa Hass.

O domingo onde teve sol, chuva e neblina foi de curtição de fim de férias. O Bernardo e Maria Antônia estiveram na Morada dos Afagos para nos desejar um bom retorno. Vibraram com os presentes que trouxemos e ouviram alguns relatos nossos. A Maria Antônia, usando seus conhecimentos tecnológicos que superam os de seu avô, ensejou víssemos fotos da viagem com outras dimensões.

A propósito de arquivamento de informações eis o um bom assunto para começar uma semana: DNA individual tem mais dados que todos os HDs

Ainda assim, quantidade de informação pelo mundo explodiu em 20 anos. Em 1986, existiam 500 megabytes per capita no mundo; hoje, o número passa de 44 mil, diz estudo na "Science" apresentado na Folha de S. Paulo na última sexta-feira, na p. C-9, por Giuliana Miranda, Ricardo Mioto e Luiz Gustavo Cristino e que transcrevo para meus leitores.

A morte do vinil e o surgimento dos HDs pessoais multiplicaram a quantidade de informação gravada no mundo, mas tudo que já foi produzido pela humanidade ainda apanha feio de uma única célula humana.

Bem feio: há cerca de cem vezes mais informação codificada no DNA humano do que em todos os livros, CDs, computadores, negativos de fotos e todo tipo de lugar onde se armazenam dados, digitais ou analógicos.

Isso não significa que não exista muita coisa arquivada por aí. Em números absolutos, podíamos armazenar, em 2007, ano analisado agora pelos cientistas, 295 exabytes. Isso equivale a cerca de 295 bilhões de gigabytes (um HD doméstico tem uns 300 gigabytes).É o suficiente para encher 404 bilhões de CDs comuns que, empilhados, cobririam um pouco mais do que a distância da Terra à Lua.

Os números são de uma pesquisa estadunidense, publicada na revista "Science", que analisou os dados produzidos e armazenados pela humanidade entre 1986 e 2007. Ela mostra que os meios analógicos dominaram a lista até 2002, quando foram superados pelos digitais. Em 2007, essa já era a forma de armazenamento de 97% da informação.

Os dados guardados em papel, que, em 1986 já representavam apenas 0,33% do total, em 2007 passaram a representar 0,007% – qualquer vídeo de dez minutos no YouTube tem mais informação ("é mais pesado", como se diz na internet) do que uma enciclopédia inteira.

"É o primeiro trabalho a quantificar como os seres humanos lidam com a informação", diz Martin Hilbert, da Universidade da Carolina do Sul, que liderou o estudo.

EVOLUÇÃO Em 1986, a quantidade de informação por pessoa poderia ser guardada em um CD-ROM de 730 MB, e ainda sobraria espaço. Em 1993, o número aumentou para 4 desses CDs. No ano 2000, eram 12 por pessoa. A mudança mais perceptível foi em 2007, quando eram 61 desses discos por pessoa.

Os pesquisadores chegaram a esses números utilizando informações de várias origens. No que se refere aos dados armazenados digitalmente, usaram as informações industriais relativas à produção global histórica de dispositivos de memória.

Dados analógicos foram obtidos a partir de relatórios sobre a quantidade de livros, revistas e jornais existentes no mundo, utilizando pesquisas anteriores sobre o tema como referência.

Neste ritmo, a quantidade de informação armazenada pela humanidade só ultrapassará a que está "gravada" no DNA humano por volta do ano de 2039.
Os cientistas ainda debatem se toda a informação contida no DNA humano é fundamental para construir e manter o organismo. Pesquisadores propuseram o conceito de "DNA lixo", resquícios no genoma que não serviriam para nada, mas ele tem sido bastante atacado.

"ZIPADO" Para uniformizar a medição, os cientistas fizeram algo parecido com os softwares de compactação de arquivos – como os do tipo ZIP: diminuíram o tamanho dos arquivos retirando os trechos redundantes das mensagens. Devido à grande quantidade de fontes, os pesquisadores não se preocuparam se as informações eram inéditas ou repetidas. O que foi considerado mais relevante era o tempo de armazenamento e a finalidade com que os dados foram gravados.

Por isso, uma centena de cópias da ata de uma reunião distribuídas no evento não seriam consideradas, por exemplo. Sua finalidade não era armazenar a informação, apenas apresentá-la de forma passageira.

TELECOMUNICAÇÕES O estudo também avaliou os dados transmitidos nas telecomunicações. Telefones celulares são a forma mais difundida de comunicação, com 3,4 bilhões de dispositivos em 2007. As linhas de telefone fixo são 1,2 bilhão, e há 600 milhões de assinaturas de internet. Mas, por incrível que pareça, a principal finalidade do celular não são chamadas telefônicas. Segundo a pesquisa, o tráfego de dados nos aparelhos supera o de voz.

Uma boa semana em especial uma boa segunda-feira. Que retornos, reencontros, chegadas, partidas sejam plenos de alegrias. Amanhã, poderemos nos encontrar aqui.

4 comentários:

  1. Caro Attico,

    é muito bom saber de teu retorno duplo. Espero que a viagem tenha servido como um repositor energético para os desafios que te esperam nesse ano histórico de teu caminhar na educação.
    Por aqui as coisas tem corrido cada vez mais carnavalescas e recebi na semana passada duas conterrâneas tuas: a Margot e a Sílvia - aliás, duas coloradas, o que é bom deixar claro.
    Visitamos o Alto da Sé e percorremos um pouco da afamada Olinda, que tanto merece a atenção dos poderes públicos a fim de preservá-la ao futuro.

    Grande abraço,

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  2. Muito caro Paulo Marcelo,
    o polímata imbatível,
    obrigado por tua querida presença aqui. É difícil – mas paradoxalmente bom (e necessário) – entrar na vida real.
    Isto do Carnaval ser em março dá um espraiamento ao sabor férias. Nas ladeiras de Olinda deve converter-se quase em um paradoxo hidrostático isso de falar-se em espraiamento em ladeiras.
    Uma muito boa segunda-feira com renovada admiração
    attico chassot

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  3. Ave Chassot,

    li alguns papers dizendo que o suposto DNA lixo é, na verdade, uma espécie de "escudo" para mutação. Ou seja, as mutações aleatórias, que seriam deletérias no DNA codificante são neutralizadas ocorrendo no DNA lixo. Se non è vero è ben trovato.

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  4. Salve Guy, muito querido e atento biólogo,
    fiz outra leitura deste tema. (E que não me leiam os criacionistas). Se todas as produções elaboradas (substitua a ação verbal por: criadas) pelos humanos perde de longe para um DNA individual, que tem mais dados que todos os HDs quem se não o um Criador ou Criadores para ter criado a Vida.
    Não quero fornecer munições aos criacionistas, mas seria uma boa questão para eles.
    Desejando que o acaso de teus dias em USA te preparem para glorioso retorno à Pátria Amada.
    Com amizade
    attico chassot

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