TRADUÇAO / TRANSLATE / TRADUCCIÓN

quarta-feira, 7 de abril de 2010

07* Dia mundial da Saúde: ter saúde é ter (quase) tudo

Porto Alegre Ano 4 # 1343

Solidariedade à população do Rio de Janeiro que vive mais uma tragédia no trágico 2010.

Como anunciei ontem: a edição de hoje alia-se ao Dia Mundial da Saúde. Pode-se afirmar que quem tem saúde tem (quase) tudo. E saúde cultiva-se. Na história recente da humanidade, é um fato inconteste que as vacinas são alternativas muito válidas para a preservação da vida. Fazer alfabetização científica é também ajudar a preservar a saúde.

Por isso esse blogue quer, uma vez mais, entrar em ressonância contra Influenza A-H1N1, que é uma doença respiratória aguda causada por um novo vírus da gripe. Assim como a gripe comum, a Influenza A H1N1 é transmitida de pessoa a pessoa, principalmente por meio de tosse, espirro ou contato com secreções respiratórias de pessoas infectadas. No ano passado houve muitas edições deste blogue acerca da gripe suína – outro nome da H1N1.

Nessa segunda-feira iniciou a 3ª Etapa de vacinação. Depois de serem vacinados Profissionais de saúde / Povos indígenas / Gestantes / Doentes crônicos / Crianças de seis meses a dois anos [tendo sobrado vacina, isto é a parcela de cobertura desejada ficou aquém do previsto] é vez da população com idade entre 20 e 29 anos. Agora, é a sadia população internética. Esta especialmente vem sendo desestimulada a não vacinar-se por mensagens mentirosas e catastrofistas. Chega-se a falar até em plano de dizimação em massa.

Estou preparando essa edição, recém chegado da aula para meus alunos de Filosofia do Centro Universitário Metodista - IPA. Esse semestre essa turma me encanta. Só o fato de tê-los a cada aula 100% presente já me gratifica. Falei em vacinação. São todos da faixa da população sadia. Um deles, sem argumentos consistentes, resiste a vacinações de maneira geral. Vejo que meus filhos já são todos de faixa ‘mais vulnerável’.

Recebemos muitas mensagens sobre o assunto. A Ângela, uma querida sobrinha curitibana que ganhei quando meu afilhado Cássio casou, mandou-me uma mensagem se contrapondo as mensagens terroristas. Imediatamente cheguei com ela. Respondeu-me: “Quem me enviou foi meu padrinho, que é médico, portanto para mim, uma fonte confiável e responsável”. Eu busquei dados da autora. Enquanto pude certificar-me parece ser uma mensagem confiável. E mais, mesmo que fosse apócrifa, o que a mesma contém é benéfico. Assim, no Dia Mundial da Saúde, uma mensagem simples, esclarecedora e acima de tudo com bom humor.

Amigos, parentes e colegas, tudo bem?
Decidi escrever um email com algumas informações sobre a vacina contra a influenza (gripe) depois de ter recebido, somente no dia de hoje, 4 e-mails de amigos me pedindo informações ou opiniões sobre o "genocídio programado pela WHO e pela indústria farmacêutica".
Sou da opinião que quando recebemos um email muito apelativo, com informações que causam medo ou pânico, especialmente se tiver vários tipos e tamanhos de letras multi-coloridas, devemos acionar o desconfiômetro e checar informações.
Primeiramente, acho que todos merecem saber como uma vacina contra influenza é pensada e feita, para poder entender algumas coisas.
A Organização Mundial da Saúde (WHO) monitora os casos de influenza no mundo, e sabe que tipo de vírus está circulando em cada parte do nosso planeta. Assim, monta o que é chamado de pool vacinal: o conjunto de cepas (tipos) de vírus influenza que circularam com maior frequencia em cada hemisfério. A partir deste pool vacinal é que a vacina é feita. Como? Através da inoculação de vírus em ovos embrionados de frango. Estes vírus depois são inativados, e a vacina em si é manufaturada.
A vacina para a tão famigerada gripe A nada mais é que a cepa A/H1N1 do vírus influenza (que circulou entre nós no ano passado), sozinha ou associada a mais duas cepas da influenza sazonal (gripe comum).
Ou seja: todos os anos nossos idosos são vacinados contra a influenza no Brasil, e nunca se ouviu falar que isso fosse um plano montado pela Novartis ou pela Sanofi-Pasteur ou pela GSK, ou mesmo pelo nosso tupiniquim, mas eficientíssimo Instituto Butantã para exterminá-los.
Os adjuvantes da vacina (timerosal e esqualeno) servem para aumentar a resposta imune, e são adicionados a algumas vacinas. Como a sua concentração é ínfima, não há riscos à exposição ao timerosal outros que reações locais (dor, vermelhidão). Entretanto, recomenda-se que gestantes e crianças até dois anos de idade não recebam vacinas com adjuvante. Tanto a rede pública quanto a rede privada dispõe de vacinas contra a influenza sem adjuvante reservadas especialmente para estas populações.
A vacina contra a influenza A tem sido administrada em milhões de pessoas no hemisfério norte desde o final de 2009, assim como em milhões de pessoas na Australia e na Nova Zelândia, e não há relatos de óbitos ou qualquer outro efeito grave associado a ela. É verdade que vacinas feitas a partir de vírus vivos atenuados podem causar um tipo de paralisia chamada de síndrome de Guillián-Barré, mas isso é raro.
As únicas pessoas com contra-indicação à administração de vacinas feitas a partir de ovos embrionados (como a da influenza) são as que tem alergia a ovos. Portanto, se você come salada de batata com maionese, e come xis com maionese e ovo, se come pizza ou mesmo aquela boa e gorda a la minuta e nunca teve coceira, inchaço no rosto ou dificuldade respiratória, fique tranquilo!
Outra coisa que é importante saber é que vacina é vacina, e Tamiflu é Tamiflu. Cada um no seu quadrado!
A vacina é um liquido contido dentro de uma seringa (se na rede privada) ou dentro de um vidro onde cabem 10 doses (se na rede pública) que serve para estimular nosso sistema imunológico a produzir anticorpos (defesas) contra uma doença - no caso, a gripe.
O Tamiflu é o nome comercial do oseltamivir, um remédio que inibe a replicação do vírus influenza, e serve para tratar a doença. E não, ele não é feito a partir do anis estrelado.
Ou seja: vacina serve para prevenir. Tamilfu serve para tratar o que não foi prevenido.
Obviamente que a decisão sobre vacinar-se ou não é individual, e não há uma obrigatoriedade, por parte do governo ou de quem quer que seja, para que as pessoas se vacinem. Entretanto, quem já teve um quadro de influenza sabe muito bem o quão incapacitante essa doença é: pelo menos 3 dias de febre alta e contínua, com muita dor no corpo e dor de cabeça. Quem já viu casos graves de pneumonia viral primária pelo vírus influenza sabe muito bem o quanto é angustiante (para o médico e para a família) ver uma pessoa jovem, muitas vezes grávida, morrer por causa disso.
Já que circula um email com informações incorretas, tendenciosas e irresponsáveis sobre um problema de saúde pública mundial, resolvi dar a cara a tapa e esclarecer as pessoas próximas a mim sobre isso.
Se você não repassar este email para quem você conhece, não se preocupe por que você não vai virar um ciclope alado e mau-cheiroso! Mas se achar prudente, re-encaminhe para sua lista de email.
Abraço a todos, MD Carolina Cipriani Ponzi, Médica Infectologista (49) 8828 2646

Com votos de uma quarta-feira – e em todos outros dias – com muita saúde, convido a cada uma e cada um a ajudar que nossa chamada ‘população saudável’ seja ainda mais saudável. Estimule alguém a se vacinar. Aquelas e aqueles que me lêem e estão na entre os que devem se vacinar, vacinem-se. E o tema desta quinta-feira: Esquecer limpa a mente, ajuda a abstrair e a generalizar também vale conferir.

4 comentários:

  1. Mestre Chassot, alfabetização científica também é dar informações de utilidade pública. A vacinação contra a Influenza A H1N1 é essencial, pois esta, no ano passado, propiciou um dos maiores períodos de histeria e pavor na população, mesmo com as repetitivas e massivas levas de informação de prevenção.

    No aguardo da blogada de amanhã, os votos de um ótimo dia.

    ResponderExcluir
  2. Muito caro Marcos,
    valeu.
    Teu apoio é decisivo. Eu aguardo a chegada da quarta etapa para vacinar-me.
    Uma muito boa noite e tens porque aguardar a blogada de amanha,

    attico chassot

    ResponderExcluir
  3. Olá professor Chassot posso não ter apresentado um bom argumento na hora mas acredito que o fato da vacinação não ser 100% acredito que é muito melhor não tomar e portanto não sentir seus efeitos colaterais do que tomar sentir os efeitos e ainda assim correr o risco de pegar a doença assim mesmo, em que pese o fato de eu não tomar vacina até hoje e não ter pego doença nenhuma e o fato da h1n1 ser uma gripe portanto a ingestão de vitamina c como faço sempre ser importante se eu vier a pegar e espero que não aconteça pelo menos posso dizer não tomei a vacina já se eu tomar e der o azar de pegar o que eu vou dizer ????? Abraços seu aluno Ronaldo

    ResponderExcluir
  4. Meu caro Ronaldo,
    aceito teus argumentos. Não és original. Como sei que és conhecedor da história, recordas que houve, a chamada Revolta da Vacina ocorreu de 10 a 16 de novembro de 1904 na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. O início do período republicano no Brasil foi marcado por vários conflitos e revoltas populares. O motivo que desencadeou esta foi a campanha de vacinação obrigatória, imposta pelo governo federal, contra a varíola. Só tenho no teu caso uma torcida: que não contraias nenhuma gripe,
    Agradeço tua aparecida aqui, Ainda devo-te uma foto nesse blogue.
    Uma boa quinta-feira, já que te vejo madrugador.
    Com admiração
    attico chassot

    ResponderExcluir