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quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Vejam o que acabo de encontrar

 

ANO 18

15112024

LIVRARIA VIRTUAL  www.professorchassot.pro.br

EdIÇÃO

 3804

                Desejamos o direito de participar na decisão de quando e de onde se há de morrer!

Hoje, vivo momentos doloridos: estou me despedindo de A ciência através dos tempos na versão que embalei desde 1993. Amanhã, 21/11/2024 devo entregar ao novo editor. A ação parece aquelas em que descartamos (Isso não vai para a nova morada)e isso polimos para nova moradia.

Mas não é por tal que faço uma edição resgatando mensagem que estava a dever. Já tive muitas gratificações com o meu ser professor e escritor.

Mas encontrei uma maravilhosa apreciação que supera qualquer texto que tenha lido acerca da História da Ciência. Melhor merecia que eu passasse para a Karoline dos Santos Tarnowski a editoração que estou a entregar.

Vou disponibilizar aos meus leitores o link, que já está disponível há mais de 8 anos na rede, para que possam curtir também a excelente seleção de imagens. https://quimicaempratica.com/2016/03/11/a-ciencia-atraves-dos-tempos/

Transcrevo dois pequenos excertos: (...) Assim, ao reler, pude perceber o quanto esse texto escrito por Attico Chassot é maravilhoso, bem construído, e precisa ser lido por todos aqueles que gostam de ciências e querem entender, inclusive, a construção histórica do conhecimento. Ah, e também há trechos sobre fermentação, metalurgia, cerâmica, dentre outros, para apresentarmos aos alunos e utilizarmos nas aulas de Química. Quem foi que disse que não se usa texto em aula de Química?! 🙂

(...) Como o próprio autor afirma, este livro apresenta uma visão panorâmica da história da ciência e também uma introdução aos que eventualmente poderão desejar se aprofundar em determinado período. São discutidos, por exemplo, a pré-história, as civilizações como a egípcia, mesopotâmica, fenícia, hebraica, indiana, chinesa, grega e romana

 


sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Sobre a brevidade da Vida, obra de Sêneca

 

ANO 18

08112024

LIVRARIA VIRTUAL  www.professorchassot.pro.br

EdIÇÃO

 3803

                Deseja-se o direito de participar na decisão de quando e de onde se há de morrer!

  •  7Feira do Livro Nas primeiras quinzenas de novembro são os muito queridos tempos da Feira do Livro de Porto Alegre. Recordo que em 1957, ano que me formei no ginásio em Montenegro, viera a Porto Alegre em função da formatura e então, fui pela primeira vez a uma feira de livros. Maravilhei-me. Era então aquela 3ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre.

  • Desde então, das 63 feiras que houve, estive em um número muito significativo. Dentre estes, em dois ou três que estive dentre os que fui um dos autores que estavam na barraca  de autógrafos.

  • Faltar à Feira do Livro é perder a sumarenta experiência do contato público e íntimo com este artefato cultural tão importante (ainda) na história da humanidade. 

  • Ainda não fui a 70ª edição desta 2024. Nesta quinta-feira, uma chuvarada de cerca de meia hora, assustou livreiros e leitores, repetindo-se o ocorrido em maio com chafarizes de águas cloacais.

  • Nos meus calendários ocorrem uma saborosa conjugação. Ei-la: Nesta quarta-feira, dia 6 de novembro, iniciei [a metáfora agora na moda dá uma postura heliocêntrica ao usuário] a minha a 86ª volta ao redor do sol.

  • Feira do livro, presentes e aniversário fazem um polpudo mix. Sim! ganhei livros. Não posso resenhá-los tanto quanto desejava comentar aqui alguns. Fa-lo-ei apenas um.

  • O presenteador: Jairo Brasil Vieira que em 2008 defendeu, com minha orientação, dissertação de mestrado: A NOÇÃO DO DESPERDÍCIO: NARRATIVAS DOCENTES EM TRÊS NÍVEIS DO ENSINO BÁSICO apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro de Ciências Humanas da UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS em São Leopoldo / RS. A cada ano o Jairo me presenteia com um livro muito especial. Nesta dimensão, o 6 de novembro, não foi diferente: um livro escrito há dois mil anos me surpreende e provavelmente enriquecerá leitores deste blogue.

  • O presente: Sobre a brevidade da Vida, obra de Sêneca, escrita a 50 anos depois de Cristo.

  • SÊNECA nasceu em Córdoba, Espanha, em 04 antes de Cristo durante o Império Romano. Busto de Sêneca (Antikensammlung Berlin / Coleção de Antiguidades de Berlim, atualmente mantido no Altes Museum e no Museu de Pérgamo na cidade de Berlim.

  • A Wikipédia muito me facilita no ofertório a meus leitores da preciosidade sumarenta que ora fruo: De brevitate Vitae (frequentemente traduzido do latim ao português como Sobre a brevidade da vida) é um ensaio moral composto por Sêneca (Sêneca, o Jovem), um filósofo estoico da Roma antiga, a seu amigo (e possivelmente cunhado) Paulino.

  • Neste escrito o filósofo levanta vários princípios estóicos* sobre a natureza do tempo, como por exemplo, que os seres humanos despendem muito de seu tempo perseguindo objetivos sem valor ou sentido. *Estoicismo é uma escola e doutrina filosófica surgida na Grécia Antiga, que preza a fidelidade ao conhecimento e o foco em tudo aquilo que pode ser controlado pela própria pessoa. Despreza todos os tipos de sentimentos externos, como a paixão e os desejos extremos. A escola estóica foi criada por Zenão de Cítio, na cidade de Atenas, cerca de 300 a.C.. Porém, a doutrina ficou efetivamente conhecida ao chegar em Roma. O seu tema central defendia que todo o universo seria governado por uma lei natural divina e racional.

  • Segundo suas palavras, a natureza concede o tempo necessário a cada indivíduo para que ele/ela possa realizar o que realmente é importante na vida, portanto exigindo que cada ser humano organize bem o seu tempo.

  • A vida, se você souber usá-la, é longaO estudo da filosofia geralmente é o melhor uso do tempo, segundo Sêneca.

  • Sêneca exorta Paulino a abandonar as ocupações públicas e adotar a vida contemplativa dos sábios, livre das paixões. Isso é contrastado com o sofrimento dos ocupados: eles morrem sem nunca terem vivido.

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

TANATOLOGIA: estudo científico da morte.

 

ANO 18

01112024

LIVRARIA VIRTUAL  www.professorchassot.pro.br

EdIÇÃO

 3802

    Eutanásia pode ser um direito e quem assim a desejar vale ‘fruí-la!’(BIS)

  • Já vivemos novembro. O fim do ano parece se antecipar com a chegada das celebrações festivas do ano que se esvai. O último blogar de outubro não foi apenas com muitos acessos,  a edição celebra o Poeta e Letrista Antonio Cicero que morreu em 23/ outubro/2024, em Zurique, na Suíça, aos 79 anos; após ser diagnosticado com Alzheimer.

  • Cabe, aqui e agora, fazer uma breve síntese teórica a partir da última edição de outubro:

  • .Tanatologia é o estudo científico da morte. Ele investiga os mecanismos e aspectos forenses da morte, tais como mudanças corporais que acompanham o período após a morte, bem como os aspectos sociais e legais mais amplos. É, principalmente, um estudo interdisciplinar. A palavra é derivada de Tânato (em grego, θάνατος: "morte"), deus da mitologia grega que personificava a morte, mais o sufixo logia, que deriva do grego legein (Λογια: "falar") e significa estudo.

  • A eutanásia pode ser definida como o ato de "antecipar a morte";

  • A distanásia é  uma "morte lenta, com sofrimento;

  • A mistanásia é a "morte por negligência

  • A ortotanásia representa ‘morte natural’ sem antecipação ou prolongamento. 

  • Na última edição do blogue há informações mais amplas que se farão facilitadoras de discussões mais densas. Vale ler algumas, uma vez mais. 

  • Escolhi comentários emocionantes de alguns leitores.  De maneira mais usual os comentários não são lidos, já que, mesmo os mais presentes, não lêem comentários. Justifico nesta edição a trazida alguns comentários com citação bíblica (Lucas, 8;16): E ninguém, acendendo uma candeia, a cobre com algum vaso, ou a põe debaixo da cama; mas põe-na no velador, para que os que entram vejam a luz.

  • Mestre. Aqui é sua admiradora Alice, que pensa exatamente como você. Lamento profundamente nosso não direito de escolhermos nosso próprio momento de morrer. Quem sabe um dia, nosso planeta evolua a ponto de nos permitir o direito de sermos agnósticos e, desta forma, decidirmos o que fazer com nossa própria existência (Passo Fundo/RS)

  • Querido Chassot! Eu e a Mari, lemos e comentamos teu oportuno texto! De fato, o silenciamento que se faz em torno dessa questão pode ser cruel para muitas pessoas e precisa ser enfrentado. Tu o fizeste com maestria. Abraços (Otávio Maldaner,  Unijuí, Porto Alegre)

  • Mestre! Um belo texto para refletir sobre nossos direitos e escolhas. Infelizmente grande parte dos brasileiros não está disposta a pensar/ler/discutir sobre o tema em questão. Nos resta ir a Europa caso o futuro (espero que bem distante) nos pregar uma peça. (Luciana Venquiaruto, URI. Erechim/RS) 

  • Professor Mestre Chassot. Lamentável a morte do poeta Antonio Cícero. Todas as perdas são dolorosas em nossa cultura. Não sei até que ponto conseguiríamos optar pela morte, não sei até que ponto teríamos consciência para optar. Morrer é uma certeza da existência que prefiro não me preocupar ...para que seja possível viver. (Anônimo, 26 de outubro de 2024)

  • Querido mestre! Vou fazer um comentário diferente. Lia um texto no A ciência através dos tempos e encontrei semelhanças nas nossas discussões mais recentes. Leiam o texto azul a seguir. Vejam o que nos evocam aqui e agora: 

  • Sócrates foi acusado de corromper a mocidade, ser inimigo das leis e das autoridades e desobediente para com os deuses. Por isso foi julgado culpado, por 281 votos contra 260, e condenado à morte pela ingestão de cicuta. Empregou os últimos trinta dias que lhe concederam conversando com tranquilidade com seus amigos e discípulos, recusando destes a possibilidade de fuga. Depois de despedir-se da mulher Xantipa, de seus três filhos e dos amigos, bebeu a taça de cicuta e morreu.

  • Parece um locus apetecível para uma boa despedida: reunir familiares e amigos como fez Sócrates num futuro bem distante, como bem deseja Luciana Venquiaruto (Litânia).

   É novembro… começa com todos os santos e depois vem finados; no México, por exemplo, a data se faz com alegres festas populares. No Brasil, se aumenta o colonialismo com o halloween ou dia das bruxas. Descolianismo é uma boa pedida em  trazer saci-pererê. Em meio a todos estes festejos se evoca o dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero fixou na porta da igreja do Castelo Wittenberg as 95 teses que criticavam certas práticas da Igreja Católica Romana Este fato é considerado estopim da reforma que mudaria para sempre o cristianismo. Atualmente, luteranos de todo mundo comemoram neste dia o "Dia da Reforma Protestante".

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Eutanásia um direito a quem a desejar

 


ANO 18

25102024

LIVRARIA VIRTUAL  www.professorchassot.pro.br

EDIÇÃO

 3801

(ABL/Divulgação)(ABL/Divulgação) Poeta e Letrista Antonio Cicero morre na Suíça, aos 79 anos. Um dos grandes nomes da poesia brasileira, Antonio Cícero foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL) em 2017

 Formado em Filosofia, em 1972, pelo University College, da Universidade de Londres, ele publicou os livros de poemas Guardar (1992), A Cidade e os Livros (2002), Porventura (2012) e, em parceria com o artista plástico Luciano Figueiredo, O Livro de Sombras (2010).”

O poeta e letrista Antonio Cicero morreu nesta quarta-feira (23/ outubro/2024), em Zurique, na Suíça, aos 79 anos. Após ser diagnosticado com Alzheimer anos atrás, ele viajou à Europa com o companheiro Marcelo Fies com a intenção de realizar morte assistida, permitida no país europeu.

Carioca, Antonio Cicero tinha completado 79 anos há 17 dias. É autor de letras conhecidas da música popular brasileira (MPB), escritas para canções em que teve como parceiros a irmã, a cantora Marina Lima (Fullgás), Adriana Calcanhotto (Inverno), João Bosco (Trem bala) e Lulu Santos (O Último Romântico).

“Venho com muita tristeza avisar que nosso amado Cicero acaba de falecer”, escreveu Marcelo em mensagem a amigos. Segundo o companheiro, o escritor já estava planejando o procedimento, inclusive, enviando documentos. “Ele insistiu muito que ninguém soubesse”, contou.

A morte assistida, também chamada de suicídio assistido, é o procedimento em que a própria pessoa realiza o processo que terminará em morte, diferentemente da eutanásia, quando o paciente é apenas agente passivo que recebe um medicamento letal, por exemplo. No Brasil, ambos procedimentos são proibidos.

O poeta e filósofo fez questão de ser cremado. Ele deixou uma carta para amigos para ser divulgada após a morte. Nela, ele relata que vinha sofrendo com condições do Alzheimer. Ainda de acordo com Marcelo, a viagem teve também uma passagem por Paris para se despedir da cidade que Cicero tanto admirava. Um dos grandes nomes da poesia brasileira, Antonio Cicero foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL) em 2017, quando tomou posse da cadeira número 27 em 2018.

Tanatologia é o estudo científico da morte. Ele investiga os mecanismos e aspectos forenses da morte, tais como mudanças corporais que acompanham o período após a morte, bem como os aspectos sociais e legais mais amplos. É, principalmente, um estudo interdisciplinar. A palavra é derivada de Tânato (em grego, θάνατος: "morte"), deus da mitologia grega que personificava a morte, mais o sufixo logia, que deriva do grego legein (Λογια: "falar") e significa estudo

#### TANATOLOGIA é um estudo muito polêmico. Há não muito havia censores que  —  radicalmente  —  condenavam aos infernos qualquer menção ao tema eutanásia. Aliás, discutir o assunto aqui e agora não significa se posicionar. Significa ter o conhecimento de alternativas e, as conhecendo, poder fazer  o entendimento de quatro opções que se descreve com termos médicos relacionados com a morte: pode ser voluntária, natural, prolongada ou negligenciada ou ainda, de maneira mais ideal, não optar por nenhuma antecipação da morte.

A eutanásia pode ser definida como o ato de "antecipar a morte";

A distanásia é  uma "morte lenta, com sofrimento;

A mistanásia é a "morte por negligência";

A ortotanásia representa a "morte natural, sem antecipação ou prolongamento".

A situação descrita no texto preambular é memorável: narra uma ação relevante de um intelectual brasileiro. Lamentavelmente a situação é (quase) proibitiva pois a impede uma opção por uma alternativa legal: uma passagem aérea à Europa. Há que perguntar quem fez/faz silente a tanatologia?  a Igreja romana! /as igrejas! / as leis nacionais: o sexto mandamento (não matar) é presente nas três religiões abraâmicas. Mesmo que se guarde a obrigação de não matar Deus pede para matar em sacrifício Ismael ou Isaque.

Permitida a exigência de  não matar ainda se mata, por exemplo, nas chacinas religiosas. Mesmo sem ir à Europa se pratica a eutanásia, inclusive em hospitais públicos.  O fim da vida é uma certeza da existência humana, talvez a única, mas a forma como tudo acaba continua em uma incerteza. A eutanásia, legalizada em alguns países, define o dia e a hora da morte para as pessoas que por ela optam, em sua maioria, pacientes terminais ou com problemas severos de saúde. Já que não sabemos o que se segue depois da morte, poderíamos ter ‘o direito’ de não precisar viajar para o estrangeiro. Eutanasia é um direito a quem assim desejar.