ANO
11 |
LIVRARIA VIRTUAL em
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EDIÇÃO
3281
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Catalisado por divagares variados,
de vez em vez, evoco minha primeira viagem ao exterior (aqui subtraio viagens
fronteiriças à Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia). Era 1989, me
presenteei, pelo meu cinquentenário, algo próprio de um marinheiro de primeira viagem: entre 1º de julho e 7 de
agosto, estive em onze países viajando de trem. Paris foi o início e o fim de
um maravilhoso ver ‘ao vivo’ muito do que havia conhecido em minhas leituras e
estudos de geografia.
Paris, naquela ocasião, se engalanava na celebração do
bicentenário da Revolução Francesa — 1789/1989. Havia a celebração da Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão, onde os muitos títulos (príncipes, conde,
monsenhor, capitão...) foram reduzidos a apenas dois: Cidadã e Cidadão. A bandeira tricolor francesa: azul, branca e vermelha, é marcada
por três evocações muito significativas, quase utópicas: Liberté, Égalité, Fraternité
(Liberdade, Igualdade, Fraternidade).
Esta divisa -- que fez da Revolução
Francesa uma esperança de parte significativa do mundo Ocidental (ela está, por
exemplo, na bandeira rio-grandense) passados 228 anos --, vê-se fortemente
ameaçada.
Se de1789 se pode fazer uma
grande síntese: a queda de um reino (o Estado absolutista) para surgir uma República.
Em 2017, a não aceitação do ‘outro’ parece macular os ideais revolucionários. O
debate havido neste dia 20, em preparação à significativa eleição do dia 21 de
maio mostrou a candidata ultradireitista Marine Le Pen com simpatias nas
pesquisas, pois posicionou-se contra os migrantes (ou contra os estrangeiros) em
favor de uma França distante da União Europeia e contra o Euro. Nisso ela se
distinguiu dos demais candidatos que se apresentam favoráveis ao ‘comunitarismo’
e por tal tidos como contra uma França
para os franceses. O caráter nacional — especialmente sem os islâmicos —
faz esquecer a tríade Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Há um nome que se espera possa
fazer frente a esta ameaça: o socialdemocrata Benoît Hamon. Nasceu em Saint-Renan,
26 de julho de 1967) é professor licenciado em História. Ele diz de seus pais: “Meu
pai trabalhou toda a sua vida ao em estaleiros de Brest; minha mãe, ela alternava
períodos de cuidado de casa com trabalhos de secretária”. Benoît, casado com Gabrielle
Guallar, de ascendência dinamarquesa, é pai de duas filhas.
Benoît conta: “Eu sou membro
do Partido Socialista desde janeiro de 1987, quando me envolvi nos protestos
estudantis contra o projeto de lei Devaquet que estabelecia o pagamento em
dinheiro para o acesso à universidade. Fui presidente do Movimento dos Jovens
Socialistas em 1993, entrei em 1997 o gabinete de Martine Aubry, Ministra do
Emprego e da Solidariedade para monitorar a questão do emprego dos jovens”.
Foi muito competente enquanto
ministro da Economia Social e Solidária e ministro da Educação Nacional, da Educação
Superior e da Pesquisa de seu país, sob a presidência de François Hollande. É o
atual candidato de seu partido a presidente na próxima eleição presidencial.
Assim como a Revolução Francesa
extrapolou as fronteiras da França, estas próximas eleições têm significativa importância
para além da Comunidade Econômica Europeia. Não é sem razões que estamos
torcendo (= acreditando que pensamento mágico funcione!) para a eleição de
Benoît Hamon, aderindo a sua proposta de fazer
pulsar o coração da França, e assim possamos sonhar com um Planeta mais
justo, marcado pela Liberdade, Igualdade e Fraternidade.