Ano 7*** PORTO ALEGRE Morada dos Afagos ***Edição 2343
Último
dia do ano: Hoje é dia de São Silvestre. Há que convir que a homenagem ao santo,
colocando sua celebração litúrgica no último dia do ano, paradoxalmente, apagou
a memória do homenageado. Este desapareceu à medida que ‘produtos’ com seu nome
cresceram.
Pelo
menos na cultura brasileira falar em São Silvestre é falar na corrida (ou nas corridas,
pois agora há também: São Silvestrinho) que ocorre na tarde do último dia de
cada ano. Há também anúncios de ‘bailes de São Silvestre’ ou de ‘réveillon de
são Silvestre’. São Silvestre é topônimo de bairros e distritos no Brasil e
freguesia em Portugal.
Mas,
¿e o santo? O São Silvestre hoje evocado foi um papa. Há outro (Silvestre II)
que foi papa de 999 a 1003, num dos ápices do milenarismo no mundo ocidental. Mas como papas já são quase três
centenas... qual o destaque deste que é o apagado ‘santo do dia’?
Defendo
a tese que não devemos apenas espiar o mundo, mas adentrar nele. Assim convido
meus leitores a fazer isso.
São
Silvestre I — nascido em Roma em 285 — foi o 33º Papa, por 21 anos, entre 31 de
janeiro de 314 até 31 de dezembro de 335 [por isso sua celebração é hoje],
durante o reinado do imperador romano Constantino I, que determinou o fim da
perseguição aos cristãos, iniciando-se a Paz na Igreja. Constantino entra na
História como primeiro imperador romano a professar o cristianismo, na
sequência da sua vitória sobre Magêncio na Batalha da Ponte Mílvio, em 28 de
outubro de 312, perto de Roma, que ele mais tarde atribuiu ao Deus cristão.
Silvestre
I foi um dos primeiros santos canonizados sem ter sofrido o martírio. Como papa
Silvestre I enviou emissários para presidirem ao sínodo de Arles (314) e ao
Primeiro Concílio de Niceia (325), convocados por Constantino, a sua ausência é
motivo de debate, provavelmente deve-se ao seu estado de saúde. Durante o seu
pontificado a autoridade da Igreja foi estabelecida e se construíram alguns dos
primeiros monumentos cristãos, como a Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém, e
as primitivas basílicas de Roma (São João de Latrão e São Pedro), bem como das
igrejas dos Santos Apóstolos e de Santa Sofia em Constantinopla.
Assim é no papado de Silvestre I que a o
cristianismo se torna hegemônico no Império Romano (leia-se mundo ocidental). É
também quando a igreja se transmuta de perseguida em perseguidora, assunto
usualmente apagado. Assunto que já perambulou neste blogue ultimamente.
E, agora, quando nos lermos de novo, já será 2013.
Assim, até o próximo ano, quando colocamos mais um marco balizador de nossos
fazeres.