sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

28— Não grenalizarás!



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Dentre os diferentes fazeres deste período carnavalesco, estou elaborando uma palestra em três movimentos “Uma lição para este 2020”. O prelúdio é audacioso: "Eu te dou um novo mandamento: Não grenalizarás!”
GRENALIZAR não é apenas torcer pelo clube Alfa e torcer contra o clube Beta, mas é dar a mesma ou maior dimensão do torcer por Alfa no secar Beta (secar =torcer contra: secar, aqui, não é nenhuma das 14 acepções do Priberam) isto é se seca Beta ou Alfa até com mais ardor que se torce Alfa ou Beta.
Dadas questões como as exemplificadas a seguir:
Quem tem a maior torcida?
Quem tem mais títulos?
Quem tem o melhor time?
Qual é o pior time?
Quem tem mais títulos?
Quem vai vencer o próximo grenal?
Quem jogou melhor o último grenal?
Quem foi mais prejudicado pelo juiz?
Quem tem o melhor goleiro?
Quem tem o melhor goleador?
Qual o maior (ou melhor) estádio?
Quem tem as mulheres mais linda entre suas torcedoras?
A estes interrogantes tanto os torceres do Internacional quanto do Grêmio responderão igualmente, exibindo uns e outros sua superioridades indiscutíveis.
Já a tabela ao lado é desqualificada por qualquer gremista. Uma notícia como esta: “Ibope, que registra o número de torcedores dos times de todo o Brasil. No Rio Grande do Sul, o Grêmio ainda tem a maior torcida. São 6 milhões de tricolores gaúchos contra 5,6 milhões de colorados.” (O RS tem quase 11,5 milhões de habitantes) para um torcedor do Internacional o resultado de tal pesquisa certamente está equivocado ou é tendencioso. Talvez, tenha sido ‘comprado’ afinal é sabido que os Institutos de pesquisas roubam sempre. Ou outra como esta: “Grêmio e Inter estão em 8º e 9º lugar, respectivamente, em quantidade de fãs no ranking com todos os clubes do Brasil” tem o mesmo descrédito.
Queria, momentaneamente, esquecer o duelo com as coisas do futebol entre dois torcedores antípodas. A grenalização (torcer contra) é muito presente em nosso cotidiano. Mesmo que eu seja um curioso, não estou muito presente nas assim chamadas redes sociais. Mas nestas a grenalização demole diálogos ali.
Lateralmente poderia dizer que adjetivo social parece não caber de maneira adequada nesta adjetivação de redes, pois diz o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa que social é quem tem tendência para viver em sociedade. = SOCIÁVEL ≠ INSOCIAL]. A maioria das redes ditas sociais são insociais.
Vou trazer apenas dois exemplo de grenalização, que vivi em tempos e cenários muito distintos. Um dos relatos é inofensivo e folclórico. Outro, malévolo e por tal, sofridamente, doloroso.
O primeiro já deve ter mais de 10 anos, de vez em vez, o recordo, mas é primeira vez que o narro. Leiamos um e outro.
Uma das vezes que fui a Parintins AM, ao lado de uma banca de mestrado fiz também uma palestra. Auditório lotado. Precisava algo para ter a simpatia de cerca de 200 pessoas, para que estas não me vissem apenas um algoz que veio para criticar o diretor do câmpus que seria avaliado por sua dissertação. Achei que descobrira a América: “Recebi, ao chegar a esta simpática cidade, com muita alegria DVDs e camisetas dos dois bois. Fiz uma opção. Devemos ter a capacidade de mudar. Em Porto Alegre sou azul! Aqui optei pelo vermelho!”
Cerca de 100 pessoas, do Caprichoso azul me apuparam de tal maneira que os aplausos dos intimidados torcedores do Garantido quase não foram ouvidos! A comunicação de minha escolha foi literalmente um tiro no pé. Satisfações que a turma do Garantido pudessem ter com o visitante fazendo agrados ao seu boi foram obliteradas. Claro se houvesse optado pelo Caprichoso, a cena seria a mesma. Só trocariam de lado os agressores personagens. A grenalização é perversa: tira alegrias e estimula agressividades. Ela desestimula a fraternidade e a solidariedade.
O outro relato é muito recente (Fevereiro 2020). O blogue do dia 14/02/2020 circulou no dia posterior da visita de Lula ao Papa Francisco. É inegável a simbologia da foto de Lula sendo abençoado pelo Papa. Porém, mais simbólico foi o seu ocultamento. Em uma visita às capas dos jornais brasileiros da sexta-feira (14) se percebe que apenas a Folha de S. Paulo colocou a foto na capa. Comentei, lateralmente, este detalhe ao final da blogada.
Um ex-aluno meu, do curso de Filosofia, imediatamente pegou uma pedra em cada mão. Talvez, uma arminha em cada mão. Perguntou-me se eu não sabia que o Lula fora escolhido como o ladrão do século. Parece que um professor de Filosofia deveria saber que esta escolha nunca existiu, em qualquer tempo. Se existisse ela só poderia se referir a um quinto do Século 21. Outra asneira de meu ex-aluno, que não eduquei a contento, afirmou que no dia seguinte, certamente o Brasil receberia uma conta do Vaticano decorrente de objetos roubado pelo Lula durante a visita. Sem comentários.
Repito. A grenalização é perversa: tira alegrias e estimula agressividades. Ela desestimula a fraternidade e a solidariedade. Não queremos apenas vencer. Nossa alegria só parece completa se o outro se ralar. É difícil reconhecer que uma colônia de cupins tem olhar diferente do meu ao saborear uma estante de minha biblioteca. Uma traça e eu gostamos de livros de maneiras diferenciadas.
Eu, em tentativas que não são fáceis posso, vibrar que o Internacional passou para outra fase na Libertadores. Saibam que é até uma sensação gostosa não grenalizar. Alguém deve estar dizendo: futebol, até que deve ser possível não grenalizar. Discute, porém com alguém do J. Messias sem grenalizar!
Pois, acho que possa ser possível. Talvez, eu pudesse dizer que me desagrada que J. Messias transforma a República em um familiar feudo teocrático. Ou como Palácio do Planalto mais parece um caserna de milicos. Eu não vou dizer que Presidente é um ladrão, pois não tenho provas, mas posso dizer que ele está matando as galinhas dos ovos de ouro.
Parece que política e religião são mais propícias a grenalizar. Então, experimentemos ser menos secadores de nosso tradicional adversário futebolístico. Façamo-lo parceiro. Vai ser uma boa experiência. Vale experimentar.
Talvez, esteja fazendo um sermão para cupins ou para traças. Oxalá que não.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

21— Querida Amazônia!




 ANO 14
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EDIÇÃO
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Esta edição é prenhe de emoções. Há até um certo desconforto quando parece que somos alienígenas ao clima que nestes dias encharcam o Brasil. Tanto ontem como hoje, na minha sessão na Academia, por exemplo, era visível (talvez, o melhor fosse referir: audível) ‘clima’ carnavalesco. Parece um paradoxo ao que L.F. Veríssimo escreve em sua crônica semanal Apatifam-nos, este comportamento burlesco quando vemos ‘a decomposição de um Estado’, que começa pela degradação do discurso público e pela baixaria como linguagem corriqueira, adotada nos mais altos níveis de uma sociedade embrutecida.
O assunto trazido hoje não combina com os folguedos momescos. Também não se espere que eu seja um pregador de Semana Santa.
No ano passado, em meu périplo por 21 universidades, nas falas de agosto em diante, passei a aditar prelúdios e posfácios alimentado na Encíclica Laudato Si’, destacando que o Papa Francisco, já há quase cinco anos nos alerta ao cuidado de nossa Casa comum. Fiz isto marcado pelo exercício pleno da cidadania de um educador politicamente engajado. Busquei em excertos da Laudato Si’ antídotos às políticas bolsonaristas agressivas a cuidados em nossa casa comum: o Planeta Terra. Isto na Amazônia tem dimensões à beira de uma catástrofe.
Já em 2015, fruí muito a Laudato Si’. Fi-la aula inaugural de um mestrado em uma instituição metodista e também seminário em mestrado e o tema central de disciplina acerca do meio ambiente, na graduação. Fiz palestras e dei um curso no Amapá, acerca da mesma encíclica. Então, o tema era quase ignorado. Agora, quase cinco anos, a situação não é diferente.
Mesmo que explicitasse (e ratifico aqui e agora!) não ser do rebanho do Papa Francisco recebi recomendações como ‘embora eu respeite o fato de escolheres o pensamento de um líder da religião católica para ilustrar tuas palestras, pergunto-me se não seria o caso de diversificar [...] e mencionar, vez ou outra, o pensamento de um líder evangélico, por exemplo, ou de um indígena ou de um islâmico. Isso ajuda a passar a mensagem de que nem todo evangélico é fundamentalista, nem todo evangélico é de direita, nem todo islâmico é terrorista, e que não é só o cristão ou católico que são sensíveis aos problemas do planeta’. Concordo. Mantenho o foco.
Em 2019 a situação em relação aos cuidados com o Planeta se agravou muito coma expansão das queimadas. Mais uma vez, em um seminário no Mestrado e em uma disciplina em Licenciatura, a Laudato Si’ foi suporte para discussões de ecologia na educação nas Ciências. Discussões envolvendo a realização em outubro do Fórum Pan-Amazônico estiveram em sala de aula.
Mas neste dia 12 de fevereiro de 2020, o Papa Francisco surpreende com a Exortação Apostólica “Querida Amazônia”, marcada por uma poética originalidade. Sabiamente, o Papa inicia sua exortação revelando "os quatro grandes sonhos que a Amazônia o inspira: um sonho social, um sonho cultural, um sonho ecológico e um sonho eclesial.
A publicação do texto é acompanhada por uma série de cinco vídeos: um introdutório e os demais dedicados a cada capítulo apresentados como cada um dos quarto sonhos poetizados na Exortação Apostólica “Querida Amazônia”. A Exortação papal é profunda e encantadoramente bela!
Não cabe, aqui e agora, fazer uma descrição dos diferentes textos que estão amealhados nas tessituras de cada um dos quatro sonhos. A melhor sugestão é ler/viver/meditar a partir do texto oficial e vídeos, em português na página oficial do Vaticano: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2020-02/querida-amazonia-exortacao-em-forma-de-sonhos.html
A revista IHU do Instituto Humanitas da Unisinos tem uma edição fazendo destaque a poetas que nos são próximos: http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/596268-querida-amazonia-o-sonho-da-floresta-amazonica-e-a-insonia-da-floresta-curial-artigo-de-andrea-grillo
É encharcado neste clima que neste dia 29/02, sábado, retorno à “Querida Amazônia” depois de um recesso de dois meses. Dezembro, quando lá estive pela 11ª vez em 2019, parece já muito distante. Talvez não possa abraçar os quatro sonhos de Francisco para a Amazônia, permito-me eleger sonho ecológico para partilhá-lo com meus colegas, meus alunos e, muito especialmente, com meus orientandos.


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

14.— Uma pavana para uma Educação estraçalhada



ANO
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EDIÇÃO
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Esta edição estava programada para vir a lume (gosto desta expressão! = tornar conhecido o que se ignorava; mostrar, revelar) no dia 07FEV, mas com a ação nazifascista da Secretaria de Educação de Rondônia, determinando a recolha de livros (Ver a edição pretérita!), ela foi procrastinada para hoje (eis um verbo que não saboreio! Pior, ainda, é ser procrastinatório).
Apropriei-me do título (e, também de alguns excertos) da protofonia que escrevi para o livro Sequências Didáticas para o Ensino de Ciências da Natureza [Viviana Borges Corte, Michel Pedruzzi Mendes Araújo, Camila Reis dos Santos (organizadores) – Curitiba: CRV, 2020, 226 p. ISBN 978-85-444-3667-7].
Quando escrevi o texto, que ora já é parte do livro antes referido, com chamada na capa, a Educação vivia em vertigem. Quando neste governo a situação foi diferente? Ela não tem sido continuadamente o patinho feio? Ela é tratada (a começar pelos ministros) como o escroto nestes tempos em que a República se transmudou em um feudo teocrático militar. Se os funcionários públicos são parasitas... imaginem aqueles que são professores de quaisquer esferas públicas: Municípios, Estados, Distrito Federal, União.
Lembro detalhes de quando escrevi o prefácio: Era semana da pátria. Recebi um sacudidela. Achava que muitos dos eleitores do Bozo estavam desiludidos e mudado para o nosso lado. Ilusão. Vã ilusão. Havia uma maioria de eleitores vibrando com governo que já estava começando o nono mês. Minhas fontes: emissoras de rádio à madrugada. Se diz que o governo só não é melhor porque o PT continua roubando e há ONGs querendo implantar comunismo no Brasil e destruir a família com os casamentos de homossexuais.
Não podemos deixar de reconhecer competências no clã bolsonaristas. Este sabe engambelar (= Seduzir ou ser agradável a alguém para enganar) como poucos. E é impressionante como os jornalistas (= autoproclamados formadores de opinião) se converteram com facilidade em arautos da corte. Com meios de comunicação como os que temos, por ora, não precisa nem ter mais a Voz do Brasil às 19 horas.
A explicação para título que dei a protofonia estava nas manchetes dos jornais brasileiros: “Bolsonaro assina decreto para ‘militarizar’ 216 escolas em quatro anos” [DECRETO Nº 10.004, DE 5 DE SETEMBRO DE 2019 / Institui o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares] no dia em que escrevia um excerto deste prefácio. À manchete se seguiam notícias como: O governo pretende implantar o modelo cívico-militar em 216 escolas até 2023, sendo 54 por ano. Os colégios devem ter de 500 até 1000 alunos do sexto ao nono ano do ensino fundamental ou alunos do ensino médio. Até o dia 27 de setembro (apenas três semanas depois da emissão do decreto), os 26 Estados e o Distrito Federal devem indicar as suas duas primeiras escolas para serem militarizadas já no 1º semestre de 2020. Cada escola terá uma dotação inicial de 1 milhão de reais. A governador que resistiu a proposta, o presidente ameaçou: “Me desculpa, não tem de aceitar, tem de impor!” A ideia é que os militares atuem na tutoria e na administração de cada escola. Serão contratados militares da reserva. Os contratados receberão 30% de remuneração sobre que ganhavam quando passaram para reserva. O ministro da Defesa anunciou que na primeira fase serão contratado 540 militares da reserva para atuar em 30 escolas (O Sul Porto Alegre, 06 de setembro de 2019, p. 3).
O Modelo China para fazer hospitais parece não se aplicar à construção de Escolas cívico militares. Aquela rapidação de 3 semana se acalmou. Aqui em Porto Alegre, esta semana, em hotel de luxo, militares que trabalharão nas ECMs tiveram treinamento.
Isto não surpreende. O Palácio do Planalto já é uma caserna. Com o general Walter Braga Netto na Casa Civil o "Partido Militar" passa a ter quatro generais e nove entre os 22 ministros, incluindo todos os palacianos. Outros 2500 militares estão em postos de chefia ou de assessoramento.
Mas, as escolas cívicos militares que estão em fase de implantação já tem um manual: A bandeira nacional deverá ser hasteada diariamente. As canções entoadas devem despertar entusiasmo pela escola, pelos heróis nacionais e pela Pátria. Não serão autorizadas palavras depreciativas, discriminatórias ou que exaltem a violência. Meninas poderão usar uma saia-calça cujo comprimento deverá estar na altura dos joelhos. Uniformizada as alunas poderão usar apenas adereços discretos como relógio, pulseiras e brincos. Os meninos devem ter cabelos curtos cortados de modo a manter nítido os contornos junto as orelhas e o pescoço. Os alunos devem se apresentar bem barbeados, com cabelos e sobrancelhas na tonalidade natural (Zero Hora, Porto Alegre 04FEV2020, p.3.).
Há muito mais a comentar, por exemplo, a agressão do presidente ao Green Peace. Ontem houve a visita de Lula ao Papa. É inegável a simbologia da foto de Lula sendo abençoado pelo Papa. E mais simbólico é o seu ocultamento. Uma visita às capas dos jornais brasileiros desta sexta (14) e se percebe que apenas a Folha de S. Paulo colocou a foto na capa. Entende-se que um jornal não deva se prestar ao papel de assessoria de imprensa de políticos, mas se tratava do encontro de um ex-presidente brasileiro com o Papa. O Jornal Nacional de quinta (13) dedicou 49 segundos para falar sobre a visita, sendo que 32 deles para falar da situação jurídica de Lula. Se a mídia escondeu, a direita esperneou. O encontro serviu para que católicos conservadores aumentassem o tom contra o Papa Francisco, que já não goza de prestígio junto à direita. Já reportagem da Deutsche Welle avalia que o encontro tem repercussões simbólicas para o petista, que retoma sua imagem de líder internacional, influi na disputa de poder dentro da própria Igreja Católica e ainda sinaliza para uma tentativa do PT em reatar seus laços com as bases progressistas da Igreja. newsletter.ponto.jor.br

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

07.= O advento à idade das trevas pode estar próximo



ANO
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www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
3466
À tarde de ontem, burilava a edição para hoje. Ela seria acerca das escolas cívicos militares. Estas se constituem em uma (pérola)-1 deste feudo teocrático militar em que se transmutou a República. Eis que surge mais uma c*g*d* do governo. Aliás, foi mais que uma c*g*d*, foi um c*g*lhão.
Afortunadamente o governo não conhece uma habilidade chinesa, que em 10 dias constrói um hospitais, com centenas de leitos. O anúncio das escolas com partido parece ainda não ter saído do papel. Assim, postergo tema e comento algo que conheci na tarde de ontem.
Na verdade reconheci, pois no medievo, e mesmo antes do iluminismo, no tempo das treva se praticava ações como estas.
A Secretaria de Educação de Rondônia — o Governador é o Coronel Marcos Rocha, policial militar, filiado ao Partido Social Liberal (PSL) e o Vice-governador é Zé Jodan (PSL) — determinou a recolha de todas as escolas do estado  quarenta e três livros, de autores como Caio Fernando Abreu, Mário de Andrade (Macunaíma estava no Index), Machado de Assis, Kafka, Euclides da Cunha, Ferreira Gullar, Rubem Fonseca, Carlos Heitor Cony, Edgar Alan Poe... Após a listagem dos 43 títulos a serem recolhidos (de cujos autores se ofereceu uma amostra) consta Observação: Todos os livros de Rubem Alves devem ser recolhidos.
O argumento para o banimento das obras, (depois revogado, dizendo-se que era apenas um rascunho), que consta em papel timbrado da Secretaria de Estado da Educação, em caixa alta como RELAÇÃO DOS LIVROS A SEREM RECOLHIDOS, era que os livros a serem apreendidos (dentre os quais alguns são indicados em vestibulares em várias Universidades brasileiras) apresentavam 'conteúdos inadequados para crianças e adolescentes.
Talvez, valesse a pena, recordar algo que aconteceu na primeira metade de nosso século 20* * *. Qualquer semelhança NÃO é mera coincidência:
“O dia 10 de maio de 1933 marcou o auge da perseguição dos nazistas aos intelectuais, principalmente aos escritores. Em toda a Alemanha, principalmente nas cidades universitárias, montanhas de livros (ou suas cinzas) se acumulavam nas praças. Hitler e seus comparsas pretendiam uma "limpeza" da literatura.
Tudo o que fosse crítico ou desviasse dos padrões impostos pelo regime nazista foi destruído. Centenas de milhares de livros foram queimados no auge de uma campanha iniciada pelo diretório nacional de estudantes.
Stefan Zweig, Thomas Mann, Sigmund Freud, Erich Kästner, Erich Maria Remarque e Ricarda Huch foram algumas das proeminências literárias alemãs perseguidas na época.
O poeta nazista Hanns Johst foi um dos que justificou a queima, logo depois da ascensão do nazismo ao poder, com a "necessidade de purificação radical da literatura alemã de elementos estranhos que possam alienar a cultura alemã".
Assim como desde a pré-história, se acreditava nos poderes purificadores do fogo, o regime do mestre da propaganda – Joseph Goebbels – pretendia destruir todos os fundamentos intelectuais da por ele tão odiada República de Weimar.
A opinião pública e a intelectualidade alemãs ofereceram pouca resistência à queima. Editoras e distribuidoras reagiram com oportunismo, enquanto a burguesia tomou distância, passando a responsabilidade aos universitários. Também os outros países acompanharam a destruição de forma distanciada, chegando a minimizar a queima como resultado do "fanatismo estudantil".
Entre os poucos escritores que reconheceram o perigo e tomaram uma posição esteve Thomas Mann, que havia recebido o Nobel de Literatura em 1929. Em 1933, ele emigrou para a Suíça e, em 1939, para os Estados Unidos.
Quando a Faculdade de Filosofia da Universidade de Bonn lhe cassou o título de doutor honoris causa, ele escreveu ao reitor: "Nestes quatro anos de exílio involuntário, nunca parei de meditar sobre minha situação. Se tivesse ficado na Alemanha ou retornado, talvez já estivesse morto. Jamais sonhei que no fim da minha vida seria um emigrante, despojado da nacionalidade, vivendo desta maneira!"”
·       * * Texto preparado com a ajuda da Wikipédia: Bücherverbrennung é um termo alemão que significa queima de livros. É, muitas vezes, associado à ação propagandística dos nazistas, organizada entre 10 de maio e 21 de junho de 1933, poucos meses depois da chegada ao poder de Adolf Hitler.