ANO 14 |
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EDIÇÃO
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Esta edição é prenhe de emoções. Há até um certo desconforto
quando parece que somos alienígenas ao clima que nestes dias encharcam o Brasil.
Tanto ontem como hoje, na minha sessão na Academia, por exemplo, era visível
(talvez, o melhor fosse referir: audível) ‘clima’ carnavalesco. Parece um
paradoxo ao que L.F. Veríssimo escreve em sua crônica semanal Apatifam-nos, este comportamento
burlesco quando vemos ‘a decomposição de um Estado’, que começa pela
degradação do discurso público e pela baixaria como linguagem corriqueira,
adotada nos mais altos níveis de uma sociedade embrutecida.
O assunto trazido hoje não combina com os folguedos momescos.
Também não se espere que eu seja um pregador de Semana Santa.
No ano passado, em meu périplo por 21 universidades, nas falas
de agosto em diante, passei a aditar prelúdios e posfácios alimentado na Encíclica Laudato Si’, destacando que o Papa
Francisco, já há quase cinco anos nos alerta ao cuidado de nossa Casa comum. Fiz isto marcado pelo exercício pleno da
cidadania de um educador politicamente engajado. Busquei em excertos da Laudato Si’ antídotos às políticas
bolsonaristas agressivas a cuidados em nossa casa comum: o Planeta Terra. Isto
na Amazônia tem dimensões à beira de uma catástrofe.
Já em 2015, fruí muito a Laudato
Si’. Fi-la aula inaugural de um mestrado em uma instituição metodista e
também seminário em mestrado e o tema central de disciplina acerca do meio
ambiente, na graduação. Fiz palestras e dei um curso no Amapá, acerca da mesma encíclica.
Então, o tema era quase ignorado. Agora, quase cinco anos, a situação não é
diferente.
Mesmo que explicitasse (e ratifico aqui e agora!) não ser do
rebanho do Papa Francisco recebi recomendações como ‘embora eu respeite o fato
de escolheres o pensamento de um líder da religião católica para ilustrar tuas
palestras, pergunto-me se não seria o caso de diversificar [...] e mencionar,
vez ou outra, o pensamento de um líder evangélico, por exemplo, ou de um
indígena ou de um islâmico. Isso ajuda a passar a mensagem de que nem todo
evangélico é fundamentalista, nem todo evangélico é de direita, nem todo
islâmico é terrorista, e que não é só o cristão ou católico que são sensíveis
aos problemas do planeta’. Concordo. Mantenho o foco.
Em 2019 a situação em relação aos cuidados com o Planeta se
agravou muito coma expansão das queimadas. Mais uma vez, em um seminário no Mestrado
e em uma disciplina em Licenciatura, a Laudato
Si’ foi suporte para discussões de ecologia na educação nas Ciências.
Discussões envolvendo a realização em outubro do Fórum Pan-Amazônico estiveram
em sala de aula.
Mas neste dia 12 de fevereiro de 2020, o Papa Francisco
surpreende com a Exortação Apostólica “Querida Amazônia”, marcada por uma poética originalidade.
Sabiamente, o Papa inicia sua exortação revelando "os quatro grandes sonhos que a
Amazônia o inspira: um sonho social, um sonho cultural, um sonho ecológico e um
sonho eclesial.
A publicação do texto é acompanhada por uma série de cinco
vídeos: um introdutório e os demais dedicados a cada capítulo apresentados como
cada um dos quarto sonhos poetizados na Exortação
Apostólica “Querida Amazônia”. A Exortação papal é profunda e encantadoramente
bela!
Não cabe, aqui e
agora, fazer uma descrição dos diferentes textos que estão amealhados nas
tessituras de cada um dos quatro sonhos. A melhor sugestão é ler/viver/meditar
a partir do texto oficial e vídeos, em português na página oficial do Vaticano:
https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2020-02/querida-amazonia-exortacao-em-forma-de-sonhos.html
A revista IHU do Instituto Humanitas da Unisinos
tem uma edição fazendo destaque a poetas que nos são próximos: http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/596268-querida-amazonia-o-sonho-da-floresta-amazonica-e-a-insonia-da-floresta-curial-artigo-de-andrea-grillo
É encharcado neste clima que neste dia 29/02, sábado, retorno à “Querida
Amazônia” depois de um recesso de dois meses. Dezembro, quando lá estive pela
11ª vez em 2019, parece já muito distante. Talvez não possa abraçar os quatro
sonhos de Francisco para a Amazônia, permito-me eleger sonho ecológico para
partilhá-lo com meus colegas, meus alunos e, muito especialmente, com meus
orientandos.
Caro MESTRE, a Amazônia é patrimônio símbolo da Vida na terra. Daí a preocupação na sua preservação. Livrá-la das garras da ganância material dos "Escravos do capital" é o grande desafio da humanidade "humana". Também trabalhei a Laudato Encíclica Laudato Si no sentido de despertar a urgência do cuidado com a grande casa comum. E não poucas vezes, ouvi do Mestre a respeito. Sou testemunha viva e agora "de volta na ativa". O que vemos e ouvimos aí, neste transloucado festiva de asneiras sem nexo deste governo é, felizmente, passageiro. Não se sustenta, pois até mesmo a mercado financeiro, ao qual Guedes serve, preocupa-se com pautas ecológicas, na contramão da atuação do Ministro do Meio Ambiente. A economia está aí...E agora? ....continuemos a defender o Cuidado com a Casa Comum, inclusive sua peça fundamental, de onde provém o Ar que respiramos....Forte Abraço!!!
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