terça-feira, 30 de setembro de 2014

30.- ... O MEU DEUS É O VERDADEIRO!... O TEU, NÃO É...


ANO
 9
Livraria virtual em www.professorchassot.pro.br 
EDIÇÃO
 2912

Uma blogada para despedir setembro. Hoje pela manhã e à noite, reencontro minhas alunas e meus alunos de Música e Pedagogia. À tarde, falo para professoras e professores de quatro escolas estaduais de Porto Alegre: Emílio Massot, Almirante Bacelar, Otávio Rocha e Fernando Gomes, na sede da primeira. Esta é uma atividade de formação de docentes do ensino médio, catalisada pelo meu ex-aluno do Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão, Jorge Luiz Ayres Gonzaga.
Neste domingo, Hélio Schwartsman, bacharel em Filosofia — em mais de uma oportunidade presente neste blogue — publicou neste domingo, na p. A2, da Folha de S. Paulo, um artigo em comentário ao texto de ontem. Trago-o aqui, como complementação, para que seja saboreado pela qualidade das ideias propostas. Aditei a ilustração ao texto.
Deuses alheios Como sempre, João Pereira Coutinho levantou questões interessantes em sua coluna da última terça-feira, na qual discorreu sobre agnosticismo, ateísmo e ciência, para concluir que não podemos concluir nada. De um modo geral, concordo com sua conclusão, mas acho que a discussão pode ser enriquecida com algumas ideias do cético Michael Shermer.
Para o autor de "Cérebro e Crença", a única posição filosoficamente responsável é
Deusas e deuses do panteão romano
o agnosticismo, que proclama não haver elementos suficientes para demonstrar com certeza nem que Deus existe nem que não existe, de modo que só nos resta suspender momentaneamente o juízo acerca dessa questão. Mas isso só vale no plano intelectual. No comportamental, não dá para ser agnóstico. Quando se trata do mundo real, ou o sujeito age como se houvesse um Deus pessoal ao qual terá de prestar contas no final dos tempos, ou como se não houvesse.
É por isso que eu não hesito em me declarar ateu. Faz pelo menos duas gerações que Jeová não pauta a vida de ninguém na minha família — e a crença (ou descrença) religiosa se transmite geneticamente de pais para filhos na proporção de 41% a 47%.
Como provoca Shermer, nos últimos 10 mil anos, os homens produziram cerca de 10 mil religiões com pelo menos mil deuses. Qual é a probabilidade de que Jeová seja o verdadeiro e Amon Ra, Zeus, Apolo, Baal, Brahma, Odin, Mitra, Vishnu e mais 991 sejam todos falsos? Como dizem os céticos, todo mundo é ateu em relação aos deuses dos outros.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

29.- ACERCA DE FÉ E RAZÃO


ANO
 9
Livraria virtual em
www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 2911

Depois de em 10 dias ir e voltar duas vezes à Amazônia (Manaus e Macapá) e uma vez ao Araguaia, uma semana mais tranquila que se encerrará como o EDEQ em Santa Cruz do Sul. A tranquilidade se esboroa no vivermos a tensão da pré-eleitoral. Mas esta tensão é ônus — ou bônus — da democracia.
A marca maior do domingo foi ler jornais em suporte papel que se acumularam em minha ausência. Ali encontrei um texto, que adiante comparto com meus leitores. Primeiro, um registro especial desta segunda-feira. À tarde, antes de meu esperado reencontro com o grupo da Universidade do Adulto Maior, participo de uma banca de qualificação.
Mariana Ardenghy, do Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão, submente a qualificação sua proposta de dissertação: “A avaliação como instrumento formativo e de inclusão nas aulas de Educação Física do 6º ano de uma escola publica de Porto Alegre”. Participam comigo a orientadora Prof. Marlis Morosini Polidori e Prof. Alexandre Scherer; uma e outro, autoridades de destaque na formação de educadores físicos.
Brindo a seguir um texto publicado na Folha de S. Paulo, em 23SET. Seu autor é João Pereira Coutinho, escritor português e doutor em Ciência Política. É colunista do 'Correio da Manhã', o maior diário português. Mestrandos do Centro Universitário Metodista do IPA, da URI de Frederico Westphalen e do Unilasalle conhecem este autor pelo seu magnífico texto “Batalhas Verbais” (publicado neste blogue em 12SET2012), que analiso nas oficinas de escrita. Hoje ele está aqui com mais um texto polêmico. Vale conferir. E mais, vale fruir a argumentação.
Será que Deus existe? Deus não existe, afirmou o cientista Stephen Hawking, de passagem pela Espanha. Em entrevista a um jornal de "nuestros hermanos", Hawking repetiu a tese de que o Universo se criou a partir do nada e que o ser humano acabará por saber tudo sobre tudo no futuro sem precisar de uma ajuda celestial.
Longe de mim contestar Hawking: o homem é um gênio, dizem, e com os gênios não se brinca. Embora me pareça bizarra a declaração de um cientista — repito: de um cientista, não de um vulgar mortal — de que o futuro será assim ou assado em matéria de conhecimento humano.
Karl Popper (1902-1994), um dos mais importantes filósofos da ciência do século 20, mostrou como essa crença é ridícula (e até anticientífica). Motivo óbvio: o conhecimento é uma aventura em aberto. O que significa que aquilo que saberemos amanhã é algo que desconhecemos hoje; e esse "algo" pode mudar as verdades de ontem. Como?
Derrubando velhos dogmas e inaugurando novas perplexidades. Sempre foi assim — o imprevisto é um dos atores principais na história da ciência. É razoável presumir — presumir, não afirmar categoricamente– que sempre assim será.
Um cientista que diga como vai ser o futuro, sem obviamente conhecer todos os fatores que irão moldar esse futuro, não é um cientista. É um charlatão.
Como Karl Marx (1818-1883), por exemplo, um dos alvos preferidos de Popper e da sua crítica ao "historicismo". Marx pretendia fornecer aos homens as "leis científicas da história": um processo de luta entre classes que acabaria por derrubar o sistema capitalista, conduzindo à "ditadura do proletariado" e a uma sociedade comunista.
Como é evidente, as leis "científicas" de Marx nada tinham de ciência. Eram meras profecias, marcadas por uma radical indeterminação, que nem como profecias se cumpriram: a revolução não emergiu "inexoravelmente" em países capitalistas (como a Inglaterra); ela foi violentamente imposta em antros de pobreza e atraso industrial, como na Rússia campesina e analfabeta de 1917.
Mas voltemos a Deus: será que Ele existe? Ou devemos curvar-nos perante a sapiência do prof. Hawking e abandonar essas ilusões primitivas?
Uma boa forma de responder à pergunta encontra-se na entrevista notável que o filósofo Keith DeRose, professor na Universidade Yale e um declarado agnóstico, concedeu ao "New York Times".
É impossível resumir aqui a complexidade da conversa. Mas é possível chegar ao ponto capital dela: quando existe uma imensa maioria de pessoas que acredita na existência de Deus, é preciso um argumento poderoso (e definitivo) para demonstrar o seu contrário.
DeRose nunca encontrou esse argumento, apesar de conhecer o mais clássico de todos eles: como conciliar a existência de Deus com a presença do Mal no mundo? O filósofo não perde tempo com a resposta, claro. Mas um conhecimento vago da discussão teológica através dos séculos mostra como a existência de Deus não anula necessariamente o livre arbítrio das suas criaturas.
Isso não significa, logicamente, que DeRose recusa a posição ateia e aceite a posição teísta. Pelo contrário: os argumentos cosmológicos avançados racionalmente pelos teístas — tudo tem uma causa; Deus é a causa das causas etc. — também não convencem o autor pela sua fraqueza, digamos, circular.
Em que ficamos, então?
Simples: em lado nenhum. Ou, dito de outra forma, Deus não é uma questão rigorosamente filosófica. E discutir a sua existência (ou inexistência) em termos filosóficos (leia-se: "racionais") é um diálogo de surdos, que tentam falar racionalmente sobre um assunto do qual não possuem qualquer prova.
Ou então é um diálogo de cegos, que insistem em descrever a paisagem que imaginam ter à frente.
Deus é uma questão de fé — esse mistério e, para muitos, essa graça. E a "fé" é um assunto ligeiramente diferente de equações matemáticas ou observações de telescópio.
Um cientista que não entende isso não é apenas um ignorante em matéria religiosa. É sobretudo um ignorante em matéria científica. 

domingo, 28 de setembro de 2014

28.- A BELEZA DA FERA


ANO
 9
Morada dos Afagos
EDIÇÃO
 2910

Estou de volta da excepcional semana. Nem sempre os duendes que cuidam de nossos voos são camaradas. Ontem, quando já embarcados em Brasília, no terceiro de quatro voos, somos informados que deveríamos descer para trocar de aeronave. Mais uma vez os lentos e xaropes rituais de (des)embarques. Consequência: não cheguei a tempo para tomar em Congonhas o voo para Porto Alegre. E as cerca de 12 horas para vir de Macapá, transformam-se em quase 15.
Mas, enfim cheguei de extensos e densos seis dias. A blogada deste primeiro domingo de primavera é apenas para fazer um registro do livro que me saborosamente me acompanhou nesta semana. Foi oportuna a sugestão do José, um competente livreiro de Manaus.
ANGIER, Natalie. A beleza da fera: novas formas de ver a natureza da vida. [Tradução: Rui Cerqueira & Erika Hingst. The beauty of the beastly: new wiews on the nature life] Rio de Janeiro: Rocco, 260 p, 1998. ISBN 85-325-0801-4
Em anos de pesquisa sobre o mundo natural, Natalie Angier adquiriu uma certeza - na ciência, nada é o que parece ser. Assim, os golfinhos, que às vezes parecem perversos ao bater uns nos outros, também são bons companheiros. A hiena, considerada uma carnívora sanguinária, pode também agir docilmente. No livro 'A beleza da fera', a autora transforma fatos científicos em ensaios que celebram e esclarecem a diversidade do mundo natural [Quarta capa].
A paixão pela diversidade do mundo natural foi o que levou Natalie Angier — autora de a Geografia da Mulher--, ganhadora do prêmio Pulitzer e repórter de ciência, a escrever sobre criaturas que a maioria das pessoas acha repugnantes, como aranhas, escorpiões, parasitas, vermes, cascavéis, escaravelhos e hienas. Nestes ensaios ricos e variados — quase todos publicados em The New York Times —, a autora discorre também sobre a atividade sexual dos animais, a medicina e a saúde vistas de uma perspectiva evolutiva e os hormônios que modelam a dinâmica da vida familiar.
Sem receio de antropomorfismos, Angier vê as moléculas como personagens de pequenas peças teatrais e considera intrigantes o grau de percepção das cobras e o comportamento social dos carneiros. A decadência das orquídeas, segundo ela, deixaria Oscar Wilde perplexo. Outros artigos discutem as mais recentes descobertas no campo da biologia molecular, esmiuçando o trabalho das mulheres cientistas, descrevendo suas idéias e argumentos. De maneira comovedora, a autora também compreende a complexidade e a necessidade da morte.
A incrível resistência das baratas à ameaça aos guepardos, da estrutura do DNA ao namoro brutal entre golfinhos, A beleza da fera nos fornece retratos íntimos e radicais da natureza.

sábado, 27 de setembro de 2014

27.- UM SÁBADO DE SONHADO RETORNO


ANO
 9
MACAPA - AP
EDIÇÃO
 2909

A mega-semana termina. Todavia, como coroamento dos múltiplos fazeres destes últimos cinco dias, resta uma apoteose: a volta para casa. Numa hipótese otimista tenho roteiro que se inicia 07h e se estende às 19h. Em tempo para uma viagem a Europa, devo fazer Macapá / Belém /Brasília / Congonhas / Porto Alegre.
Mas, ante tão extenso roteiro devo dizer que valeu a pena a semana. Esta começou na segunda com uma fala em Barra do Garças e se prologou no tríduo macapaense com uma palestra na quarta, duas na quinta e uma ontem. Mas, uma semana não se avalia pelo número de falas. Vale destacar os enriquecimentos culturais. Destes reporto na terça as águas termais da enigmática Serra do Roncador; na quarta a Fortaleza de São José e Marco Zero; na quinta, o museu Sacaca (a estrela maior da semana) e ontem a exposição de gravuras   de Lasar Segall.
Além das palestras e fruição culturais ocuparam a semana três extensas viagem: 1) segunda: 12 horas - Porto Alegre/Barra do Garças; 2) terça&quarta: 19 horas – Barra do Garças/Macapá; 3) hoje, 12 hora – Macapá/Porto Alegre.
Todavia não são nem as palestras, nem as oportunidades culturais ou estas três super-viagens que me enriqueceram a vida nesta semana. Foram as muitas pessoas que me acarinharam nesses dias, literalmente desvelando-se para que me sentisse bem nesta cidade. Os colegas da UEAP, UNIFAP e do IFAP que me buscaram e levaram ao aeroporto, aos museus, às palestras, que organizaram minha agenda e que me receberam em suas casas. Não posso citar nomes de todos, pois cometeria injustiças por omissão. Mas eles são o melhor do que vivi nestes três dias.
Hoje depois da palestra da manhã fui à casa do Prof. Deímio Brito, chefe do departamento de Química, para junto com a Leidi, a Silvia e o Ramon almoçarmos à margem do rio Amazonas, onde algo impressionante para mim foi durante a refeição acompanhar a subida do rio devido à maré. À tarde profa. Rubi veio buscar para tomar sorvete de açaí,junto ao rio Amazonas. À noite, com a Silvia e o Deímio, fomos à exposição que reúne 35 obras reimpressas pelo Museu Lasar Segall#, em São Paulo, sendo 19 xilogravuras (gravura em madeira) e 16 gravuras em metal feitas pelo artista entre 1913 e 1930.
A jornada gastronômica macapaense se encerrou na casa dos colegas Cecília e Argemiro para um café com tapioca. Foi mais um momento de confraternização.
Se houvesse que sintetizar três impressões fortes, ou melhor, surpresas amapaenses, que levo desta viagem, elencaria:
1) A originalidade de Macapá ser a única capital, que não tem comunicação rodoviária com qualquer capital brasileira. É como se essa cidade fosse uma ilha. Aqui, não se vê placas de carros de outros estados.
2) A forte presença do idioma francês, pela proximidade da Guiana Francesa. Se de Macapá se for a Guiana Francesa, se pode viajar a Paris em um voo direto doméstico.
3) As continuadas menções que aqui ouvi, de o Amapá ser o campeão da corrupção. É muito significativo como colegas em diferentes momentos, em situações independentes, me trazia essa mesma informação.
# Lasar Segall (1891 - 1957) é um artista judeu brasileiro, nascido na Lituânia, que viveu a maior parte da vida no Brasil. Suas obras apresentam traços precisos, fortes e uma tendência à geometrização. Segall foi um artista completo, pois além de pinturas, esculturas, desenhos e gravuras, conseguiu produzir móveis para sua casa, figurinos e cenários para peças de teatro e bailes de carnaval. Após o seu falecimento, a família do artista criou o Museu Lasar Segall, com o objetivo de reunir, documentar, estudar, conservar e divulgar as obras do artista.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

26.- DE UM SEGUNDO DIA AMAPAENSE


ANO
 9
MACAPA - AP
EDIÇÃO
 2908

Esta edição de sexta-feira refere minhas vivências de meu segundo dia de Macapá. Pela manhã e à noite falas com diferentes públicos e temáticas. À tarde dois momentos: Visita a Universidade Federal do Amapá (UFAP) e ao Museu Sacaca. Cada um destes eventos ganha a seguir um registro.
Pela manhã, no auditório do Sebrae, apresentei durante quatro horas o minicurso “História e Filosofia da Ciência catalisando ações indisciplinares” como atividade da FECEAP – II Feira de Ciências    e Engenharia do Estado do Amapá. Dois detalhes desta atividade: a) a presença de participantes do Chile, México e Colômbia; um amplo espectro etário: participantes já nascido no século 21 e pessoas já maduras.
À noite, uma fala na Universidade do Estado do Amapá, para o mesmo publico da quarta-feira (professoras e professores do ensino médio da rede estadual, onde mostrei uma prática de pesquisa indisciplinar “Como fazer de saberes primevos saberes escolares mediados por saberes acadêmicos”.
A tarde primeiro fiz uma visita a UNIFAP, acompanhado da Professora Rocio Rubi Calla, minha aluna na REAMEC, marcada por três momentos 1) visita ao colegiado da Pedagogia que reúne 30 docentes que responde pelas disciplinas pedagógicas dos diversos cursos da UNIFAP. 2) visita ao laboratório de nanotecnologia do departamento de Física, onde acompanhei trabalhos do Prof. Dr. Robert Zamora. 3) visita Prof. Dra. Eliana Superti, que na manhã de hoje toma posse como Reitora da UNIFAP, recém escolhida em memorável eleição.
O segundo excelente momento foi uma visita ao Museu Sacaca
 — Centro de Pesquisas Museológicas Museu Sacaca — é uma instituição cultural e científica, subordinado ao Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA). Está sediado em uma extensa área de aproximadamente 12 mil metros quadrados, no bairro do Trem. Inaugurado em 1997, o museu tem por objetivo promover ações museológicas de pesquisa, preservação e comunicação, abrangendo o saber científico e o saber popular dos povos amazônicos, além de divulgar as pesquisas realizadas pelo IEPA, por meio de exposições e atividades didáticas. Tem como destaque maior o circuito expositivo a céu aberto, construído com a participação das comunidades indígenas, ribeirinhas, extrativistas e produtoras de farinha do estado.
É neste espaço que se encontra a exposição permanente a céu aberto, que tem por finalidade retratar os principais ambientes amazônicos e, sobretudo, o modo de vida das comunidades tradicionais do Amapá. Compõem o circuito expositivo: a Casa dos Índios Waiãpi, a Casa dos Índios Palikur, o Barco Regatão (na ilustração), o Sítio Arqueológico do Maracá, a Praça do Pequeno Empreendedor Popular, a Praça do Sacaca, a Casa da Farinha, a Casa da Fitoterapia e a Casa dos Ribeirinhos. O rio que corta o terreno serve para a criação de peixes da região e estudos sobre recursos hídricos e potencial pesqueiro.
Devo registrar que nunca visitara antes tão excelente complexo museológico a céu aberto, que inclui inclusive um passeio no barco Regatão.  
O nome do Museu é uma muito justa homenagem a Raimundo dos Santos Souza (1926-1999), vulgo "Sacaca", curandeiro local de grande importância para a difusão da medicina natural junto à população amapaense. É com o ‘dotor’ Sacaca que eu converso na foto.
Nesta sexta-feira encerro minhas atividades amapaenses. Pela manhã tenho uma fala para bolsistas do PIBID na UEPA e visita ao Reitor da UEPA. Para a tarde estão programadas visitas turísticas e à noite uma janta familiar peruana.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

25.- O MEIO DO MUNDO EM MACAPÁ


ANO
 9
MACAPÁ – AP
EDIÇÃO
 2907
Mais uma cidade e um estado inéditos em postagem deste blogue. Também para mim é a primeira vez neste estado. Agora, das 27 unidades brasileiras só não estive no Acre.
Cheguei à Macapá, na manhã de ontem, dezenove horas depois de sair de sair de Barra do Garças, com direito a oito horas de espera na noite de terça/quarta no aeroporto de Brasília. Macapá tem algumas originalidades, como ser a única capital, que não tem comunicação rodoviária com qualquer capital brasileira.
No aeroporto era aguardado pelo professor Ramon Santana, da Universidade Estadual do Amapá. UM sergipano que conheci enquanto ele cursava mestrado na UFS em Aracaju.
Pela manhã o Ramon transmutou-se em meu cicerone, fizemos duas visitas: a Fortaleza São José (detalhes adiante), do século 18, tida como a maior da América Latina e o Marco Zero (comentários a seguir), onde tirei fotos com um pé no hemisfério Norte e outro no Sul.
Na noite de ontem, fiz uma fala para cerca de 180 pessoas. Hoje à noite, falo para o mesmo grupo. Na manhã desta quinta, dou um minicurso acerca de História e Filosofia da Ciência.
A seguir, algumas informações sobre s dois pontos turísticos que merecem ser conhecidos: Fortaleza de São José e Marco Zero.
Ramon e eu na porta da capela da fortaleza
Fortaleza de São José de Macapá localiza-se numa ponta de terra à margem esquerda do rio Amazonas, na antiga Província dos Tucujus, atual cidade de Macapá. Testemunha do vasto projeto de defesa da Amazônia desenvolvido pelo marquês de Pombal, as suas dimensões são comparáveis às do Real Forte Príncipe da Beira.
A sua construção, iniciada em 1764, segundo a Wikipédia, empregou, além de oficiais e soldados, canteiros, artífices e trabalhadores africanos e indígenas. Eram pagos 140 réis diários aos primeiros contra apenas quarenta réis para os segundos. Os trabalhos distribuíram-se entre as pedreiras da cachoeira das Pedrinhas, no rio Pedreiras, a cerca de 32 quilômetros de distância de Macapá (extração e cantariação), os fornos de cal, as olarias (tijolos e telhas), a logística (transporte fluvial e terrestre), além do próprio canteiro de obras em Macapá.
Com o Ramon na porta da fortaleza
O bispo D. Frei Caetano da Anunciação Brandão, que passou por Macapá em viagem pastoral em 23 de março de 1785, registou em seu diário de viagem a observação de que a fortaleza era "(...) regular, segura e espaçosa ao gosto moderno, que importou ao rei Dom José três milhões (...); porém acha-se mui falta de gente para defender."
Desde a sua inauguração em 1782, a fortificação cumpriu a sua finalidade dissuasiva, jamais tendo necessidade de entrar em combate, para defender o Brasil português de invasões francesas. O imenso conjunto arquitetônico está muito bem restaurado, sendo que vários espaços são hoje aproveitados para exposições, concertos e auditórios.
Meu pé direito no Hemisfério Sul e o pé esquerdo no Hemisfério Norte.
O Marco Zero é um monumento localizado na capital do Amapá. Construído junto ao Estádio Milton Corrêa para marcar a passagem exata da Linha do Equador em Macapá, o Marco Zero tornou-se um dos mais importantes pontos turísticos da capital do meio mundo.
O monumento é constituído de uma edificação de 30 metros de altura dotada de um círculo na parte superior, através do qual é possível visualizar o Equinócio ao menos duas vezes por ano. Entre 20 e 21 de março e também entre 22 e 23 de setembro, o Sol alinha-se perfeitamente no círculo do monumento e proteja um raio de luz sobre a Linha imaginária do Equador.
O Zerão ao fundo
Os rituais dos dois equinócios anuais são celebradas com muitas comemorações e apresentações tribais.
Um estádio esportivo localizado em Macapá: o Milton Corrêa, também conhecido como Zerão.
O apelido do estádio se deve ao fato de que a linha de meio-de-campo coincide exatamente com a linha do Equador, segundo sistema de coordenadas geodésicas em uso no Brasil, fazendo com que cada lado do gramado seja em um hemisfério.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

24.- ABRINDO O MEU VOTO


ANO
 9
Em trânsito Barra do Garças / Goiânia / Brasília / Belém/ Amapa
EDIÇÃO
 2906
Foi manhã de despedir minha estada de menos de 20 horas em Barra do Garças. Esta teve, por cerca de duas horas, um curtido relax aproveitando as águas termais da enigmática Serra do Roncador. Comentei com os colegas Adelmo e Eduardo, cicerones nesta excepcional fruição, que as curtidas cachoeiras de temperaturas de 40º a 45ºC pareciam ser muito melhor que os voos apertados e as longas esperas em aeroportos que me aguardavam ainda nesta terça.
 Após o almoço e despedidas de colegas fiz a longa viajada, por 400 km de paisagens goianas. Quem atenciosamente me conduziu foi o professor Claudemir, doutor em Química Orgânica e a Paula uma douta advogada. Excelente conversação e muitos aprendizados.
Chegamos ao Santa Genoveva e imediatamente fiz um voo de Goiânia à Brasília de trinta minutos. Quando esta edição entrar em circulação, viverei tempo de uma longa espera no aeroporto de Brasília, aguardando a partida para Belém e depois para Macapá, onde devo chegar às 7h da manhã.
No último domingo, 21 de setembro, a Folha de S. Paulo publicou alguns gráficos. Abaixo está reproduzindo um deles. Se tivesse dúvidas em quem votar para Presidente, esta só com uma análise do quadro abaixo se esboroaria.