quarta-feira, 30 de abril de 2014

30. — UM GAÚCHO QUE SE FAZ PARMEGIANO


ANO
 8
WWW.PROFESSORCHASSOT.PRO.BR
EDIÇÃO
 2759

Esta edição entra em circulação com um pequeno atraso. A quarta-feira já avançava e eu ainda estava vindo do aeroporto. O carinhoso esforço de minha querida colega Maria Eunice Marcondes, que percorreu intrincados labirintos para me fazer chegar com mais presteza a Congonhas, depois da fala na USP, foi baldado. Mesmo chegando a tempo não pude antecipar meu voo, pois o pretendido já estava e com lista de espera.
 A ir e voltar a São Paulo no mesmo dia teve compensações acadêmicas muito significativas. A fala no Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências teve um auditório repleto, talvez umas 60 pessoas que participaram com atenção, aplaudiram com entusiasmo manifestaram seu contentamento com pedidos de autógrafos e fotografias e com mensagens que encontrei ao chegar. Ver no auditório alguns luminares da Educação nas Ciências no Brasil deixou-me nervoso, mas muito gratificado. Sou grato especialmente ao Prof. Dr. Cristiano Mattos pelo convite e pelas gentilezas dispensadas.
A preparação do blogue foi facilitada por mensagem que recebi e transcrevo. Fazê-lo aqui traduz a satisfação que original mensagem me trouxe. Parece que prevejo um colaborador em futuras edições.
Estimado Mestre,
em dias passados ensaiei dois comentários no seu blogue. Não tiveram nenhuma ressonância, pois nem o senhor ou qualquer leitor os referiu. Acompanho seus propósitos de fazer alfabetização cientifica neste blogue há muito: desde que senhor opinava algo a qualquer comentário postado.
Em um de meus comentários falei acerca de afirmação muito significativa, contida dentro de um parêntesis quando o senhor assuntou chimarrão no versejar do Jair Limerique e diz não esposar este gauchismo exacerbado de alguns se julgando que são 'raça superior'. Minha outra intervenção foi quando o senhor anunciou o livro da Luciana e destacou o tênue limite entre o sagrado e o profano, mostrando a cachaça e o vinho, quimicamente similares e, liturgicamente, tão díspares. Uma demonizada e outro feito sangue divino.
Afinal, comecei uma arenga que já se espraia pelos campos ondulados das coxilhas onde a vista se perde e não falei quem sou e de onde escrevo.
Nos dois comentários mais recentes assinei como Heráclito de Parma. Fantasiei-me de cidadão da simpática cidade italiana, que nós conhecemos mais pela indústria de leite e derivados que fez má história por aqui.
Prefiro lembrar esta linda cidade medieval, provavelmente fundada pelos etruscos, com um adjetivo muito saboroso que nos deu: parmegiano. Só agora quando lhe escrevo, dou-me conta que teria muito mais glamour se assinasse Heráclito Parmegiano. Há propósito, permito-me juntar uma imagem de Parma, que guardo viva na lembrança desde 2002, quando lá estive.
Na verdade sou de Icujá Seco. Icujá é um riachuelo de uns 20 km, afluente do rio Jacuí. Sempre me pareceu muito simpático, leia-se sonoro, este diminutivo de riacho, talvez por evocações históricas de certa batalha. Moro as margens do Icujá, que vez ou outra se torna quase seco, permitindo atravessá-lo sem molhar muito acima das canelas.
Sou professor aposentado municipal. Fui/sou mestre-escola com anos de atuação em classes multisseriada. Trouxe a alternativa "sou" porque com muita frequência volto à escola ou para substituir um colega que precisa faltar ou para participar de algumas práticas agrícolas. Há dias falava com o diretor acerca da possibilidade de convidá-lo para algumas palestras aqui. O diretor disse que achava que o senhor não viria a esses cafundós. Então, lhe contei de suas idas recentes a Palmitinho, Caiçara... Uma maratona modelo aquela que o prof. Vanderlei fez com senhor na Escola Sepé Tiaraju seria a glória para Icujá Seco. Imagino, à noite, o senhor fazendo a palestra A Ciência é masculina? É, sim senhora!  no salão paroquial e o padre Aparício o fuzilando com os olhos de bolitas saltadas. Se a internet aqui não fosse tão ruim poderíamos organizar uma visita do senhor à escola por Skype.
Mas além de ser um professor intermitente hoje sou agricultor enraizado em posturas ecológicas, ou agricultura orgânica, como insistem em referir alguns néscios. Aquelas suas blogadas em dezembro acerca de localívoros foram fundantes de algumas posturas aqui. Qualquer dia vou contar de meus cultivares.
Polímata e atencioso mestre, obrigado pelas aulas de cada dia neste blogue e agradecido por abrir espaços para charlarmos aqui.
A admiração do Heráclito Parmegiano

5 comentários:

  1. Prezado Mestre
    Parabéns pelo exito na mais conceituada instituição de Ensino Superior do país, a qual também tem o privilégio de receber um dos mais renomados alfabetizadores científicos que se tem conhecimento.
    Li o texto do Heráclito e queria parabeniza-lo também pela brilhante eloquência em sua argumentação. Foi tão convincente que me instigou a conhecer sua terra e as peculiaridades apresentadas. Quem sabe eu receba o convite quando de tua ida a Icujá Seco.
    Abraço do JB e um Bom Feriado...

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  2. Jairo meu caro,
    o Heráclito também atiçou para conhecer Icujá Seco. Claro que preferiria ir à Parma. Devo dizer que nunca ligara Parma à Parmalat nem a parmegiana.
    Linda a aula a trazida pelo Heráclito.
    Um excelente mês de maio.

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  3. Mestre Chassot,
    Realmente os comentários o sempre professor que se transmuta em agricultor me entusiasmaram a conhecer Parma. Todavia tenho um reparo: riachuelo não é diminutivo de riacho e sim nome de um arroio (talvez, um riachinho) que passou
    para História por batalha naval na Guerra do Paraguai.
    Com encantamento pela saborosa blogada parmegiana
    Mirian

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  4. Saber itinerante

    Fazendo história até em Icujá Seco
    O itinerante mestre da sã sabedoria
    Merecida fama vai da rua ao beco
    Mas isso toda essa gente já sabia.

    Percorre caminho de campo e mata
    Ambiente citadino até bem Silvestre
    Se recebe um convite aceita na lata,
    Pois não só de Europa vive o mestre

    Como um agricultor planta sapiência
    Aonde passa coloca boa semente,
    Seja de ótimas idéias ou de ciência.

    Cidadãos de Icujá Seco, boa gente
    Nada perdem por terem paciência
    Chassot a Icujá irá aí certamentre.

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  5. Ao Heráclito a estima e o estímulo a fazer acontecer a visita do mestre a Icujá Seco. É um evento que permanece pelas marcas.

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