quarta-feira, 9 de abril de 2014

09— UM PLUS EM NOSSO FAZER DOCENTE

ANO
 8
PORTO ALEGRE / BRASÍLIA / MANAUS /BOA VISTA
EDIÇÃO
 2738
Quando esta quarta-feira estiver começando estarei concluindo o segundo dos três voos (BSB/MAO 140min) que me levam a Boa Vista. Às 00h42min devo deixar Manaus, para em um voo de 100 min, pousar na única das capitais estaduais brasileiras que se situa no Hemisfério Norte, às 02h (hora local) ou 03h (BSB).
Desta vez minha agenda se concentra na Universidade do Estado de Roraima UERR. Em outra ocasião estive na UFRR. Hoje e quinta-feira tenho três bancas e um minicurso, este na noite de amanhã.
Na carreira docente, especialmente quando vinculados a Programas de Pós Graduação, há muitos fazeres acadêmicos que não se agregam à nossa relação de empregados com empregador. Recordo, enquanto diretor do Instituto de Química da UFRGS, algo que era sempre alertado: não solicitar a um funcionário tarefa que não fosse de seus encargos. Assim, não podia pedir a um motorista para abrir uma sala de aula ou a um porteiro que varresse o chão. 
Nós, enquanto docentes, fazemos (ou melhor, temos que fazer) muitas coisas para quais nunca fomos contratados. Destes fazeres, os mais árduos são dar pareceres em artigos de revistas e participar de bancas. Dizer, depois de algumas leituras, se o que foi produzido durante semanas pode ser publicado ou em algumas horas, palpitar sobre uma dissertação ou tese, que o mestrando ou doutorando e seus orientadores trabalharam dois ou quatro anos, nem sempre é fácil. Decidir acerca do futuro de outros sempre parece um pouquinho brincar de deus. Devo dizer, que salvo as pressões de tempo, uma e outra das atividades me agradam, porque usualmente se aprende muito com elas.
Das três bancas no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência, PPGEC da UERR as duas primeiras são de defesa para obtenção do título de mestre em Ensino de Ciências e a terceira uma de qualificação de mestrado.

1)      Peuris Frank Rodrigues Lau em “Peripatéticos do século XXI: ensinando ciências no bosque dos papagaios’, orientado pela Prof. Dra. Patrícia Macedo de Castro, faz uma analogia a filósofos gregos que passeavam pelos jardins e bosques filosofando na busca de saberes; neste trabalho o autor acompanhou alunos e professores a uma linda área urbana com muitos recursos para aprender Ciência.
2)      Filomeno de Sousa Filho em “A formação de conceitos em Ciências nas séries iniciais do ensino fundamental no mini-zoo do 7º BIS/Roraima”, orientado pela Prof. Dra. Ivanise Maria Rizzati, aproveita a existência de um local de acolhida a animais em um batalhão do exército apreendido do tráfego ilegal de espécies da região para retirar da sala de aula a exclusividade da aprendizagem de conceitos de Ciências.
Estas duas dissertações têm um mesmo problema genérico: como transformar espaços não formais em locais privilegiados que possam tornar-se alternativas à sala de aula tradicional. Os dois autores, junto com a dissertação, apresentam como produtos ‘Cartilhas para visitação’ dos dois espaços trabalhados. Eu tive oportunidade de conhecer, em estadas anteriores, os dois espaço,encantando-me de maneira especial com aquele que é objeto da primeira dissertação.
3)      Elisângela Maria de Souza Anastácio traz uma proposta de dissertação “’O ensinar e o aprender Química’ contextos regionais e saberes tradicionais’”, orientado pela Prof. Dra. Anelise Maria Regiani, na qual busca no Acre saberes detidos pela população para fazê-los saberes escolares.

5 comentários:

  1. Peço vênia, Chassot, porque, como dizia Camões: "Um valor mais alto se levanta". Ontem a mídia nacional mancheteou uma notícia que seria cômica se não fosse trágica: "Escola do DF cita Valesca Popozuda em prova como “grande pensadora contemporânea”. Então, se fez necessário um registro bem humorado:

    Habemus Popozuda

    Toda orgulhosa a República Francesa
    Com pensadora Simone de Beauvoir.
    Ora, “O segundo sexo” não põe mesa
    Causa-nos frouxos de riso, ah! ah! ah!

    Hannah Arendt nasceu na Alemanha
    Cunhou a frase “A banalidade do Mal”
    Parece-nos uma filósofa bem estranha
    Com uma visão do mundo tão parcial.

    O Brasil manda bem nessa categoria
    Pois a ninguém precisará pedir ajuda
    Temos a pensadora cheia de energia,
    Que canta e dança, Valesca Popozuda.

    Morra de inveja Europa da periferia
    O terceiro mundo lhe deu um caluda!

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  2. Meu caro mestre! Seu post de hoje traz ao debate questões que me atingem profundamente. Nosso papel de orientadores na pós graduação e consequentemente de bancas de defesa traz em seu bojo grandes responsabilidades sobre a vida de outras pessoas. Mas acho que isso também é constituir-se enquanto docente no Ensino Superior. Recentemente tive a oportunidade de conhecer o Congresso Internacional Sobre o Professorado Principiante e Inserção Profissional à Docência, que aconteceu em fevereiro na UTFPR. Me dei conta então de algo que, para mim, não aparecia como questão: sou uma professora principiante. Depois de 17 anos ensinando na escola básica e 5 na universidade percebo que, realmente, a profissão docente não se trata de SER, mas de TORNAR-SE! Do ponto de vista de professora na escola básica, com carga horária de 30, 40 aulas semanais, olhava os colegas da universidade e pensava: 8, 12 aulas por semana? Isso é absurdo! Hoje, compreendo que as 32 horas restantes se preenchem com cargos administrativos e questões acadêmicas, ambos praticamente compulsórios, embora eu tenha sempre em mente que, a qualquer deles, posso dizer não. Porém, por ter estudado a vida inteira em escola pública, penso que tenho um compromisso em tentar garantir que aqueles que vêm depois de mim também tenham essa oportunidade... Enfim, desculpe o desabafo, mas creio que a profissão docente, em todos os níveis de atuação, precisa ser continuamente problematizada! Um abraço com carinho! Cris Flor

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  3. Um país que titula como "grande pensadora" uma figura como Waleska Popozuda, não é um país sério.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Gostaria de agradecer por suas colaborações enquanto membro na banca de defesa de minha dissertação. Se você afirma que aprende, participando destes processos, imagine o quanto nós (mestrandos e doutorandos), aprendemos com suas falas e sugestões. Um grande e afetuoso abraço.

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