sábado, 22 de março de 2014

22.— UMA HOMENAGEM A UM SERRANO

ANO
 8
                SÃO FRANCISCO DE PAULA

EDIÇÃO
 2720

A edição deste blogue é postada de São Chico. Prembularmente uma correção em relação a que escrevi ontem, referindo fazer mais de um quarto de século que não estivera nesta cidade. Estava, então evocando 1987, quando durante um curso de especialização de ensino de Ciências, baseado em Canela viemos aqui fazer um trabalho de campo. Na redação da blogada de ontem, escrita no trecho Salvador/Campinas, olvidei que em 2009, estive um fim de semana aqui com a Gelsa (que também estava junto em 1987). Assim, este blogue já foi postado, antes, desta cidade.
Cheguei aqui ao entardecer, na agradável companhia de meu colega José Luís Novais, fruindo de um clima de serra, marcado por densa cerração e uma temperatura bastante baixa, que já lembrava um inverno úmido.
Na noite de ontem, na aula magna que proferi para docentes e discentes da UERGS, do campus desta cidade, com mais um grupo de mais de uma centena de pessoas discuti ‘as coisas da Ciência’ e propostas indisciplinares para a sala de aula. Recebi, ao final de cerca de duas horas de fala, aplausos entusiasmados de pé.
Após a aula reuni-me com cerca de duas de dezenas de professores brindando o novo semestre letivo e expandindo tópicos da palestra, Já era mais que uma hora quando nos dispersamos. Isto também justifica a postagem mais tardia hoje.
Agora uma explicação acerca da manchete desta edição: a Wikipédia registra como gentílicos dos nascidos nesta cidade ‘serrano’ e ‘franciscano’. Abri minha fala, prestando uma homenagem a um serrano de escol, que aliás, foi também franciscano em outra acepção.
Minha fala foi homenagem à Mario Osorio Marques (*22 de janeiro de 1925 São Francisco de Paula-RS — +14 de dezembro de 2002, em Ijuí-RS) por um período – enquanto sacerdote da ordem franciscana capuchinha – conhecido como Frei Matias de São Francisco de Paula.
Trago nesta edição alguns detalhes daquele que homenageei, que orgulhosamente posso chamar de amigo.
Mario Osório foi professor desde 1952. Formado em Filosofia, Pós-Graduado em Teologia, Doutor em Educação, Educador, Sociólogo, Pedagogo, Pesquisador. Integrou, desde o início, o quadro docente da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, de cuja construção foi o artífice maior.
A ele se pode creditar a idealização e a implementação: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ijuí – FAFI – 1957, Movimento Comunitário de Base – 1961, Museu Antropológico Diretor Pestana – MADP – 1961, Escola de Educação Básica Francisco de Assis – EFA – 1969, Fundação de Integração, Desenvolvimento e Educação do Noroeste do Estado – FIDENE – 1969, Editora UNIJUÍ – 1985 e o Mestrado em Educação nas Ciências – 1994
Recebeu Reconhecimento Público com entre outras as seguintes distinções: 1967 – Cidadão Benemérito de Ijuí; 1992 – Professor Emérito da UNIJUÍ; 1999 – Prêmio Educação RS – Sinpro/RS 2001 – Pesquisador Destaque – Categoria Educação e Psicologia (FAPERGS).
Em 29 de outubro de 2003, por ato do Conselho Universitário, a Biblioteca da UNIJUÍ passa a denominar-se Biblioteca Universitária Mario Osorio Marques. Ainda neste ato, com o intuito de preservar a memória desse grande mestre e propiciar àqueles que, assim como ele, buscam o saber através da pesquisa qualificada, seja ela de caráter histórico ou atual, a FIDENE, mantenedora da UNIJUÍ, instala e mantém, a Sala Mario Osorio Marques. A Sala localizada na Biblioteca do Campus Ijuí e destina-se à preservação da história de vida do Professor Mario Osório, à pesquisa histórica e atual. Neste espaço o pesquisador encontra uma coleção de fotos do Professor em vários momentos de sua vida – em família, como educador, como religioso e em seu envolvimento com a comunidade, bem como todas as suas obras publicadas, sendo possível entrar em contato com sua diversificada produção intelectual.
Mario Osório é autor de dezenas de livros, dos quais destaco aqueles em 2006, o INEP – Instituto Nacional de Estudos e pesquisas Educacionais Anísio Teixeira –, em uma significativa homenagem póstuma reeditou sete de suas obras, apresentadas dentro de uma coleção especial:
1.- Escrever é preciso : o princípio da pesquisa. Ijuí: Ed. Unijuí, 2006. 154 p,
2.- A escola no computador : linguagens rearticuladas, educação outra. Ijuí: Ed. Unijuí, 2006. 199 p.
3.- A formação do profissional da educação Ijuí: Ed. Unijuí, 2006. 226 p.
4.- A aprendizagem na mediação social do aprendido e da docência Ijuí: Ed. Unijuí, 2006. 133 p.
5.- Pedagogia : a ciência do educador Ijuí: Ed. Unijuí, 2006. 187 p.
6.- Saberes e valores em interlocução na educação Ijuí: Ed. Unijuí, 2006. 205 p.
7.- Caminhos da formação de um educador Ijuí: Ed. Unijuí, 2006. 192 p.
Entre os 20 e 25 anos, quando realizava os estudos filosóficos e teológicos, Mario Osorio Marques (Frei Matias de São Francisco de Paula) organizou, também, um dicionário de Filosofia – Lexicon Philosophicum – em latim, em três volumes manuscritos, o qual permanece inédito, podendo os originais serem encontrados na biblioteca da família.
É com emoção que registro, desde São Chico, nesta edição esta homenagem a um grande Educador, que tem servido de inspiração a muitos, entre os quais me incluo.

3 comentários:

  1. Como ja conversamos uma vez, por época de umas de suas palestras em Niteroi, se o franciscano tivesse se dedicado ao futebol, certamente teria um reconhecimento popular bem maior.

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  2. Reconhecer é conhecer duas vezes. Neste sentido o mestre Chassot é um verdadeiro mestre. Enaltecer a obra dos outros com humildade e é gesto de grandes.

    "A gratidão é o único tesouro dos humildes.” (Willian Shakespeare)

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  3. Nem tudo é o que parece

    Digamos, na sua andança campestre
    Flanando distraído libidinoso mestre,
    Deliciado, gozando de cara pro vento
    A pisar no chão nem um pouco atento.

    Entretanto lá estava peçonhento ofídio
    Então tocar nele, verdadeiro suicídio
    Agora, professor, que se pode fazer?
    Pois venenosa cobra poderá te morder.

    Aqui teve uma ideia o erótico andante,
    A qual aos outros pode parecer banal,
    Sem qualquer gesto formal, elegante

    No bestunto do ofídio deu paulada fatal,
    E sem pestanejar sequer um instante
    Após matar a cobra ele mostrou o pau.

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