sexta-feira, 19 de julho de 2013

19.- SOBRE A DITA DE PREFACIAR


ANO
7
Livraria virtual em
WWW.PROFESSORCHASSOT.PRO.BR
EDIÇÃO
2502

Na edição de ontem contei que, como parte do Seminário Internacional “Concepções e Sentidos da Educação: pensamentos para uma nova prática social cidadã”, promovido pela Secretaria de Estado da Educação e que ocorre simultaneamente em Porto Alegre e várias cidades do Rio Grande do Sul, na noite desta sexta-feira será lançado o livro Reestruturação do Ensino Médio: pressupostos teóricos e desafios da prática. Fui distinguido pelos organizadores para tecer um prefácio.
Ontem trouxe os parágrafos finais do referido texto. Hoje reproduzo aqui alguns dos parágrafos de abertura:
Vivo uma vez mais um gostoso desafio. Prefaciar um livro. Talvez deva creditar este fazer bastante frequente em minhas lides acadêmicas à percepções de colegas, que me elegem. Reconhecem-me marcado pela paixão por um binômio maravilhoso que nos faz destacado enquanto humanos: escrita leitura. Esta afeição à escrita e à leitura materializa-se por alguns livros que escrevi e por manter, há quase sete anos, um blogue que pretensamente faz alfabetização científica.
Sempre me julgo distinguido quando sou convidado para escrever o prelúdio de um livro. A esta distinção se adita – permito-me lateralmente dizer que uso este verbo em duas acepções distintas: adicionar e tornar (alguém) feliz, ditoso – uma imensa responsabilidade: escreve-se por último, aquilo que será lido por primeiro e mais devemos com um prefácio capturar o leitor. Logo, cabe-me a imensa responsabilidade de seduzir o leitor com este proemiar.
Há que reconhecer, não sem certa desilusão, que a distinção antes referida não possa ser creditada apenas a méritos acadêmicos daquele que se arvora em prefaciador. Muitos dos convites são produto — como muito especialmente no caso em tela —  da amizade com os autores. O encantamento que tenho pelo ser amigo do José Clovis e do Jonas deslustra o convite. Amigos são suspeitos nos elogios. De minha parte vou tentar — como se isso fosse possível — abstrair afetos, mesmo que valorize a presença dos mesmos no cotidiano da Escola, lócus privilegiado de nossas ações.
Assim, vivamos, aqui e agora, o ritual de dar a lume a Reestruturação do Ensino Médio: pressupostos teóricos e desafios da prática. Permitam-me, por ser démodé, traduzir essa bonita ação de dar a lume: tornar notório, público; declarar, manifestar. Assim, cabe-me nesse prefácio fazer a epifania ou celebrar o aparecimento ou, ainda, ensejar a manifestação reveladora de um novo livro. Esse ritual quase iniciático se faz em regozijos. Talvez, porque este cerimonial tenha marcas litúrgicas da epifania cristã de desvelar o escondido.
Não me cabe, aqui e agora, apresentar esta nova bússola para a reestruturação do Ensino Médio. Isto o faz com competência Maria Eulalia Pereira Nascimento nas páginas que seguem a este prefácio. Ela sintetiza cada um dos 10 capítulos fazendo que leitor prelibe a proposta e tenha uma visão do espraiar que nos oferecem cada um dos doutos autores que o José Clovis e o Jonas amealharam para discutir o ensino médio — segmento da Educação Básica que finalmente parece que deixa de ser o órfão desvalido da Educação brasileira.
Vivo, neste prefaciar bônus e ônus. Quando redijo esse texto, não posso me furtar de imaginar-te – e permita-me, leitor / leitora acidental desse prefácio, ser redundante e recordar que imaginar é fazer imagens – algo que para mim é dos fazeres mais gratificantes: garimpar, sem conhecer relógio, livros em uma livraria ou em uma biblioteca. Aliás, é em uma situação de (in)decisão pela eleição de um livro, amável leitor / leitora, que imagino o cenário onde serão um dia lidas essas linhas, que ouso chamar de aperitivo. Vejo-te como um leitor em potencial que ora folheia ‘Reestruturação do Ensino Médioem uma livraria ou em biblioteca. Talvez vivas a indecisão compro/não compro ou leio/não leio este livro. Chegas aqui e me encontras a conjecturar sobre o mesmo. Claro que podes bem imaginar a direção que vou dar a esse texto. Já acenei que meu propósito neste texto é capturar-te.

Um comentário:

  1. Com certeza esta obra terá um ponto a mais no sucesso. Quando o escritor entrega sua obra para prefaciar, é tal qual o pai que entrega o recem-nascido ao médico neonatologista, a confiança é total. E a escolha dos autores não podia ser melhor.

    abraços

    Antonio Jorge

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