terça-feira, 15 de novembro de 2011

15.- Uma igreja só para mulheres

Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br

*** Edição 1930

O hemi-feriado de ontem teve algo inusual. Fui ao foro do poder judiciário para servir de testemunha de defesa de um réu, que não conhecia. Ocorre que recebi a intimação que se não fosse poderia ser levado ‘sob vara’. Claro que tive medo.

A audiência não durou 10 minutos, pois eu tinha pouco ou nada a dizer a cerca de um ignoto que presumivelmente eu deveria ajudar. Depois a Gelsa e eu fomos mais uma vez a 8ª Bienal e a Feira do Livro. Hoje é último dia dos dois eventos.

Mas hoje vivemos um feriado, que na verdade é a celebração de um golpe. Um grupo de militares termina com a Monarquia é instala a República. A data requer uma blogada bem amena. Colhi da imprensa algo que seria folclórico, se não fosse uma monumental manobra de brincar com as emoções dos outros. Espante-se / surpreenda-se / descreia da notícia colhida da imprensa e escolhida para este feriado.

Quase 3.000 mulheres atenderam ao chamado da pastora Sarah Sheeva, 38, na noite de terça-feira passada (08/11). “Aqui, homem não entra. É o nosso complô contra o espírito da cachorrice”, diz a filha dos cantores Baby do Brasil e Pepeu Gomes. A pastora e missionária da Igreja Celular Internacional conclama as participantes a se prepararem com a Bíblia, agendas e bloquinhos nas mãos, as candidatas a “princesas” dizem “amém” aos ensinamentos da ex-cantora que hoje prega abstinência sexual até o casamento.

“Estou há dez anos sem sexo. Uns nove sem dar beijo na boca. Sou radical”, relata

Sarah. “Era ninfomaníaca, não ficava sem homem. Minha alma foi curada por Jesus.”

Ela diz que busca em Deus força para adormecer os desejos carnais. “Ele supre minhas necessidades emocionais. Supre minhas necessidades sentimentais”, afirma o refrão da canção que entoa.

O tom emotivo da música leva várias mulheres ao choro convulsivo, algumas parecem em transe. A cada frase de efeito, a plateia responde com gritos e aplausos, entremeados por risos e choros.

Crente desde 1997, Sarah é um fenômeno entre os evangélicos. Roda o Brasil com o “Culto das Princesas”, misto de palestra de autoajuda e pregação, alternados com os seminários Santificação 1 e 2.

Ela diz que não cobra cachê. Vive da venda de dois livros. Um deles chama-se “Defraudação Emocional”, em que ensina as solteiras a arrumar um casamento abençoado com um “príncipe”.

A receita, porém, ainda não funcionou para ela. Sarah diz que tem muitos pretendentes, mas nenhum ainda aceitou suas regras: não pegar na mão até o noivado; beijo de língua e sexo só na noite de núpcias.

Do púlpito, com um laptop à frente, ela faz um apelo para o público feminino aderir à sua meta de santificação: ficar seis meses sem dar beijo na boca do namorado.

É o pedágio para virar princesa e fazer o príncipe colocar a aliança no dedo. Depois, é festa. “Solteira diz não, casada diz sim”, prega.

Casou pode tudo e muito mais. “Agora, sexo lá em casa é de manhã, de tarde e de noite. Voltei para casa uma princesa. Meu marido adorou”, diz Paloma Affonso, 24.

Na espera por um autógrafo, ela se diz “do lar”. Paloma investiu R$ 200 no vestido floral e nos adereços para ver sua guru. Não faltou nem tiara na produção em tons de azul. “Princesa moderna não usa rosa, usa azul”, ensina.

A vestimenta é um capítulo à parte. “Nesse nosso clube, vocês vão aprender como deixar de ser cachorras”, diz Sarah ao microfone, para delírio das companheiras de fé.

A missionária da abstinência conduz o show com segurança. Adota um estilo retrô. O visual é “moça de família” dos anos 60. Usa um vestido rodado, com anágua de tule por baixo, arrematado por um romântico bolero.

Ataca o estilo “vulgar” das periguetes, cachorras e afins, com suas roupas coladas e decotadíssimas. “Não uso decote, aqui não tem amostra grátis”, diz para muitas garotas vestidas com calças bem justas e tops de fazer inveja a muita “preparada do funk”.

Elas lotam o salão térreo e o mezanino da Comunidade do Casarão, igreja evangélica de Mauá, Grande São Paulo.

Para ver: www.youtube.com/watch?feature=playe_embedded&v =Z4WEhcQFc_0

5 comentários:

  1. Caro Chassot,

    tem dias que não sei o que dizer no meu blog. Hoje não sei o que dizer nesse comentário. O fim da Teologia tem levado às mais absurdas aberrações litúrgicas: interpretam-se textos sagrados ao bel prazer de emoções/frustrações contemporâneas até que as máscaras caem e o substrato aparece para a desilusão geral.

    Bom feriado!

    Garin

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  2. Caro Chassot,
    Não me espanta que uma filha de Baby (ex Consuelo) esteja em busca de seus minutos de duvidosa fama. A própria Baby, quando o sucesso a abandonava, vivia cavando espaço nas mídias a custa mudar de opinião religiosa e, quase sempre, apelava para obscuras igrejas alternativas, as quais lhe davam mais destaque. Como dizem os gaúchos: "A fruta não cai longe do pé". Neste caso, parece que caiu foi no pé da cantora. Abraços feriados, JAIR.

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  3. Meu muito estimado parceiro Garin,
    quando postei esta blogada, pensei muito em ti.
    Esta tua afirmação “O fim da Teologia” tem um paradigma Nietzschiano?
    Com curiosidade e admiração continuada

    attico chassot

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  4. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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  5. Senhor Paulo A. Trindade,
    pela primeira vez em mais de seis anos deste blogue retirei um comentário por conter trechos racistas, disseminadores de ódio e/ou preconceitos, defender a limpeza étnica e ser ofensivo a pessoas com deficiências.
    Comunico que amanhã, dia 21 de agosto de 2012, farei denúncia pública acerca do comentário aqui aposto,

    attico chassot

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