quarta-feira, 16 de novembro de 2011

16.- AMANTES TROGLODITAS

Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br

*** Edição 1930

O último feriado pré-natalino do ano passou. Este segundo semestre foi pródigo em feriados estratégicos geradores de feriadões. Olho a agenda até o natal e dou-me conta que ao lado de aulas, avaliações e orientações no Centro Universitário Metodista, do IPA, onde quase encerro minhas atividades na instituição, este ano ainda vou duas vezes a Frederico Westphalen ministrar as primeiras quatro sessões de um seminário no Programa de Pós-Graduação em Educação da URI; viajo pela primeira vez a Tocantins, em mais atividade ligada ao Ano Internacional da Química; e depois tenho quatro bancas de qualificação na Universidade Estadual de Amazonas em Manaus. Então, será natal. Mas este ano o natal terá uma antecipação para o começo de dezembro, com a chegada da Carolina, filha de minha caçula Clarissa e do Carlos. Serei então hepta-avô.

Hoje eu inicio a assistência ao evento que está anunciado nos dois cartazetes. Aproveito para divulga-lo aqui a possíveis interessados da região metropolitana de Porto Alegre.

Promovido pelo Núcleo de Humanidades da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre Alegre (ex-Católica de Medicina, para leitores mais anosos) na Rua Sarmento Leite, quase Osvaldo Aranha), O evento conta com o apoio da Fapergs, e será uma bela oportunidade de discutirmos as ciências da saúde desde o ponto de vista da História, da Filosofia, da

Educação e das Ciências Sociais. As atividades têm entrada franca e oferece certificação de 24h. Inscrições e maiores informações nhum@ufcspa.edu.br

Agora, para retomarmos o ritmo de ‘não-feriado’ um texto de Ricardo Bonalume Neto, publicado na Folha de S. Paulo na semana passada. Nele se pode ler que pesquisa usa genética para revelar novos indícios de cruzamentos entre humanos modernos e espécies arcaicas, como os denisovanos e os neandertais. Com ele votos de uma retomada ao ‘cotidiano real’ de cada uma e cada um meus apreciados leitores.

Dois estudos genéticos jogaram luz na pré-história das migrações e dos acasalamentos humanos, mostrando que esses movimentos populacionais foram mais complexos do que se imaginava.
Descobriu-se agora que os ancestrais dos povos do leste da Ásia fizeram sexo com uma antiga população arcaica da Sibéria; e que, dezenas de milhares de anos depois, durante a passagem do estilo de vida caçador-coletor para o de agricultores, eram principalmente os homens que migravam na Europa.
O cruzamento entre subespécies ou espécies diferentes de ancestrais humanos sempre foi polêmico. Mas tem sido criado um consenso de que deve ter havido dois desses "eventos" no passado.
O homem moderno surgiu na África e se disseminou pelo resto do planeta. Ao chegar à Europa, teria feito sexo com uma espécie arcaica, o homem de Neandertal.
O outro cruzamento seria entre os humanos modernos e aqueles semelhantes aos arcaicos encontrados na caverna de Denisova, na Sibéria (Rússia), e teria dado origem a populações na Oceania.
Dois pesquisadores na Suécia, Pontus Skoglund e Mattias Jakobsson, da Universidade Uppsala, compararam o material genético de mais de 1.500 seres humanos modernos com o genoma de um neandertal e um denisovano. O artigo com os resultados está na última edição da revista científica "PNAS".
Eles descobriram traços do material genético dos homens denisovanos também no genoma dos habitantes atuais do leste asiático.
De acordo com Jakobsson, podemos detectar sinais de ancestralidade arcaica nos seres humanos modernos porque a população humana anatomicamente moderna era "apenas" dez vezes maior do que a dos arcaicos com quem eles cruzaram.
"Eu não tenho uma resposta sobre o tamanho da população denisovana, mas para a população neandertal na Europa, Mellars e French estimaram que a população humana moderna era dez vezes maior", diz o pesquisador.

Paul Mellars e Jennifer French, da Universidade Cambridge, publicaram artigo em julho na "Science" com estimativas das populações humanas modernas e de Neandertal na França.
Eles concluíram que entre 55.000 e 35.000 anos atrás, uma "invasão" dos modernos levou à substituição dos europeus arcaicos.
"Esses dados mostram que apenas a supremacia numérica deve ter sido um poderoso fator, se não decisivo, na competição demográfica e territorial entre humanos modernos e neandertais", afirmou a dupla de cientistas.
Outro momento decisivo na pré-história humana foi a "transição do Neolítico", com a passagem do estilo de vida caçador-coletor para a agricultura. Outra análise de DNA antigo concluiu que eram grupos masculinos que migravam, segundo dados de sítio arqueológico na Espanha de 7.000 anos de idade.
A pesquisa de Marie Lacan, da Universidade de Estrasburgo, França, está publicada na mesma edição da "PNAS". O trabalho identificou sete indivíduos na caverna de Avellaner, nordeste da Espanha, seis dos quais eram homens. Cinco deles parecem pertencer à mesma linhagem patrilinear.

5 comentários:

  1. Caro Chassot,

    com o domínio do DNA contemporaneamente, as descobertas sobre a trajetória da espécie humana parece estar apenas iniciando. É possível inferir que, com o avanço dessas descobertas, dentro de algum tempo, as afirmações científicas sobre o assunto terão que ser revistas, em boa parte. Muita literatura sobre os humanos terá que ser reescrita.

    Um abraço,

    Garin

    http://norberto-garin.blogspot.com

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  2. Caro Chassot,
    Evolução, principalmente a humana, é um assunto que me fascina e o qual procuro ler bastante sempre que tenho material ao alcance da mão. Esse "capítulo" da evolução do cruzamento do homem moderno com o Neandertal já estava circulando por aí desde que foi encontrado, na Espanha, o fóssil de um possível descendente desse cruzamento. O dado novo é: "cruzamento entre os humanos modernos e aqueles semelhantes aos arcaicos encontrados na caverna de Denisova, na Sibéria". Quero crer que, a parir daí, os paleontólogos e antropólogos terão material para se debruçar por mais cem ou duzentos anos.
    Sabe qual o meu temor? É que os neonazistas, disfarçados de darwinistas sociais, encontrem nessas descobertas um veio racista para se proclamarem, mais uma vez, "superiores" por serem descendentes de uma "raça" melhor que se desenvolveu na Europa, em detrimento de nós, "inferiores" que temos nossas raízes na África. Essas correntes imbecis, como não têm argumentos sólidos, se valem de bobagens para fundamentar suas ideologias idiotas. Abraços evolutivos, JAIR

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  3. Caro Mestre Chassot. Fiquei muito feliz ao ler a sua blogada, parte da qual dedicada ao Evento de Humanidades e Ciências da Saúde que estamos promovendo. O senhor sabe que a "peleia" é grande para que consigamos fazer as coisas acontecerem, mas é sempre bom ter a acolhida calorosa dos amigos e colegas; quem dirá então do meu guru?!
    Forte abraço. Éder

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  4. Alô, Mestre!
    Bastante interessante esta constatação, se for confirmada, sobre o cruzamento entre a espécie humana com seus "primos".
    Conhecendo pouco de biologia, acho possível que os frutos desses cruzamentos fossem estéreis, pois os estudos do código genético humano até agora não haviam detectado diferenças significativas em toda a população terrestre.
    Do contrário, haveria alguma população ou talvez ocasionais nascimentos de pessoas com características contidas em genes recessivos originários dessas uniões.
    Mas, quem sabe se isso já não tem acontecido?
    Pelo menos no cinema, tem os mutantes tipo Wolverine...
    Abraços!

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  5. Meu caro Éder,
    parabéns pelo evento. A sessão da tarde e a da noite estiveram supimpas.
    O blogue de amanha trará algo delas e dos bastidores.
    Vemo-nos amanhã
    attico chassot

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