terça-feira, 21 de setembro de 2010

21- Confiteor e um reconhecido Mea Culpa

Campo Grande Ano 5 # 1510

Estou postando esta edição desde Campo Grande. Por primeiro e antes de mais nada, devo fazer um ‘confiteor’ e dizer ‘mea culpa’, elo conteúdo que dei blogada 19- Homem mau com quatro letras : ATEU do último domingo. Dois leitores Roberto Cordeiro e Gabriella – dos quais não tenho o endereço para resposta pessoal – foram justamente molestados pela minha mensagem. Já pedi desculpas nos comentários, mas devido ali ser espaço de menos visibilidade, biso meu pedido: se critiquei o Papa por ter pisado na bola, eu não fiz diferente.

O Senhor Roberto Cordeiro escreveu dois extensos e muito bem postos comentários, concordando as críticas que fiz ao Papa. Mas concluí dizendo: Ultima coisa... quem acredita em Deus, mas em Deus de verdade, como sendo a expressão do uno e do mais profundo amor... Não é tolo, nem louco, nem infantilizado... Aqueles que acreditam em Deus, aquele que o Cristo pronunciou, não diria as sandices do papa disse... Não se coloca acima dos demais, apenas ama o seu próximo como irmão... Apenas tem uma leitura diferente do mundo... Cristo nunca diria os absurdos que o papa disse, bem pelo contrário... Não nos minimize o Sr. Ático... Nem os tementes a Deus devem minimizar os não crentes pelo próprio princípio do que acreditam, nem os não crentes pelo principio de acreditarem na liberdade de pensamentos... Liberdade de acreditar e de não acreditar, sem que seja ridicularizado por isso.

Eu Já escrevi. Em mais de uma oportunidade, por exemplo, que admiro muito Richard Dawkin, um muito competente darwinista e ateísta com argumentos convincentes em seu sucesso literário em dezenas de países “Deus, um delírio”. Não me agrada nele a militância ateísta, como, por exemplo, querer prender o Papa, quando chegasse ao Reino Unido. Escrevi, a cerca do quanto me incomodou no último livro de José Saramago [Caim] pelo desrespeito dele com o Deus de meus pais, mesmo que a notícia de sua morte tenha-me tocado, como se houvesse perdido uma pessoa próxima.

Eu não fiz diferente ao publicar a charge na edição do último domingo. Fazer militância do ateísmo é igualar-se a um fundamentalista religioso. Por isso é inconcebível ter postado aquela charge. Peço desculpas a todos que ofendi e afianço ao senhor Roberto Cordeiro: eu aprendi a lição. Obrigado. Espero não repetir;

Acerca do feriado farroupilha assuntado aqui ontem, recebi de minha ex-aluna e comentarista deste blogue, a filósofa Marília Müller, Bom dia, Mestre! Ainda sobre a "revolução" de 20 de setembro, vale ler este Manifesto de 2007:
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=6506 Respondi: Surpreendo-me que, mesmo assinante do IHU, tenha me passado desapercebido este manifesto de 2007 que, com oportunidade diz que esse ‘Movimento tradicionalista” merece nosso repudio, especialmente porque, em sua cruzada unificadora, construiu uma idéia vitoriosa de "rio-grandense autêntico", pilchado e tradicionalista, criando uma espécie de discriminação, como se a maioria da população tivesse uma cidadania de segunda ordem, como "estrangeira" no "estado templário" produzido fantasiosamente pela ideologia tradicionalista.

Ainda acerca do texto de publicado ontem. Aquele que eu achava fosse o autor escreveu: Caro Attico, acredito se tratar de uma confusão. Não publiquei o texto em questão. Tenho um colega de ofício com um nome parecido com o meu. Enquanto sou Éder Silveira, ele é Éder da Silva Silveira. Essa semelhança costuma gerar algumas confusões, mas, o que fazer... Agradeço, de qualquer maneira, a mensagem e a sua atenção. Forte Abraço, Éder

Recomendo, intensamente, àqueles que desejarem aprofundar essa discussão, a integra do documento, sugerido pela Marília. Vale pela precisão dos argumentos.

Hoje é o dia da árvore. Não me agradar tecer loas a esse espécime tão importante para a vida do Planeta. Os elogios à arvore que li no caderno ‘Meio Ambiente’ (pasmem! Tem a chancela de uma das maiores industrias do Tabaco do mundo) de importante jornal eram patrocinados por uma predadora indústria de celulose, plantadora de matos (não florestas) de eucaliptos. Já escrevi que isso o mesmo que contratar uma empresa funerária para patrocinar uma festa de primeiro aniversário de um bebê. Propagandas do ‘Dia da árvore’ como estas são uma manifestação de cinismo. A propósito da data, sei que pelo Decreto Federal nº 55.795 de 24 de fevereiro de 1965 – que parece ser letra morta –, foi instituída em todo o território nacional, a Festa Anual das Árvores, em substituição ao chamado Dia da Árvore, a ser celebrada em diferentes períodos em razão das diferentes características fisiográfico-climáticas do Brasil.

Dois registros do diário de bordo no voo Porto Alegre/Curitiba/Campo Grande. O primeiro algo insólito: a partida de Porto Alegre ocorreu com cerca de meia hora de atraso; sete passageiros despacharam malas e não compareceram, mesmo que intensamente chamados, ao embarque. Houve necessidade da localização das bagagens dos mesmos, dentre as daquelas de quase duas centenas de passageiros, para retirá-las da aeronave.

Outro um destaque que tem uma emoção. Agrada-me registrar estar conosco o acadêmico do curso de Matemática da Unisinos Tiago Vargas da Silva, um montenegrino que fez seu Trabalho de conclusão de curso da Gelsa. Ele enviou ao evento na UCDB o trabalho “A relação de estudantes negros com a matemática escolar: um estudo na perspectiva etnomatemática” que apresenta no evento nesta quarta-feira. É muito bonito ver a Gelsa amadrinhar não apenas a primeira viagem, mas a estreia em um evento científico.

Ao chegar a Campo Grande encontramos novos colegas e reencontramos outros participantes do Seminário Internacional: Fronteiras Étnico-Culturais e Fronteiras da Exclusão. Almoçamos com colegas de Portugal e do México e com professores da UCDB, À noite, participei da abertura do evento.

Da abertura recorto três depoimentos:

Da Maria de Lourdes, uma índia terena, mestre em Educação, com dissertação defendida na sua tribo fez extenso discurso. De sua fala, que incluiu uma oração em sua língua materna, trouxe depoimentos emocionado acerca da resistência pela terra, que produz remédios e alimentos. A Escola indígena foi qualificada como fazedora de brancos.

De José Roberto, do ‘movimento negro’ que fez uma história da luta dos negros pela liberdade. Fez uma leitura da África como berço da Humanidade, mostrando o quanto os negros aprisionados como escravos eram letrado, referindo que no Mali já havia universidade em 1200. Agora, se começa apenas no Brasil a ‘denegrir a universidade’, no sentido de os negros só agora terem acesso à Universidade.

De Jairton, um assentado do MST, que a 23 anos está na luta pela terra. Ele mostrou a história de assentamentos no Mato Grosso do Sul, destacando, por exemplo, que 158 assentamentos ocupam apenas 1,7% da área do estado. Ele que começou como filho de assentado com 14 anos, tem um filho de 14 anos na luta. ‘O longe fica perto, quando a gente caminha adiante,’ concluiu Jairton, Mestre em Educação na UCDB.

Ainda um aceno de minha agenda desta terça-feira. À tarde participo da banca de mestrado em Educação na UCDB de Smenia Aparecida da Silva Moura e à noite tenho uma fala no colóquio das licenciaturas na UCDB.

Aqui de Campo Grande, com uma hora a menos em relação ao horário de Brasília, desejo que este dia da árvore, seja frutuoso. Amanhã escrevo ainda daqui.

Acrescento, uma vez mais– agora já pela sétima vez: Amanhã, dia 22, quarta-feira,

poderá ser melhor se for um dia sem carro. E, então não será apenas uma quarta-feira, mas muitos outros dias, para nós e para os filhos de nossos filhos,

10 comentários:

  1. Inesquecível Chassot,
    Minhas aulas de História e Filosofia da Química usando teus livros, estão muito boas e bastante comentadas. Desejo um bom trabalho para você e até amanhã no dia mundial sem carro.
    Saudades!

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  2. Resolvi postar meu comentario aqui....mas como é dificel pensar diferente...ao ponto de se sentir culpado por comentar sobre o Papa.No meu entendimento são poucas as aguias que ousam voar mais alto e pensar diferente, tão diferente que afronta velhos conceitos....mas o mais humano dos atos e pedir desculpas por pensar diferente...
    com admiração
    Elzira

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  3. Muito querida Joélia,
    que bom estar nas tuas aulas.
    Folgo em saber que em Jequié, amanhã será minimizado o uso do automóvel.
    Um afago do
    attico chassot

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  4. Elzira querida,
    pois escrevi no domingo sobre o Papa, um pouco atiçado por tuas interrogações sobre a ‘voz do Pastor’,
    Mas devo reconhecer que pisei na bola ao colocar aquela charge ‘debochada’.
    Eis a razão de meu pedido de desculpa.
    Obrigado por alimentares com teu comentário as reflexões que este blogue quer fazer.
    attico chassot

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  5. Caro amigo Sr. Áttico Chassot
    Acredito poder chama-lo dessa forma, isso porque o seu blog aproxima os (des)conhecidos não, só de um pouco do seu dia-a-dia, como de alguns de seus profundos pensamentos... Assim, que divide isso são amigos.
    Mas não só por isso, gostaria de chama-lo dessa maneira, pois só posso declarar minha admiração. Não é facil admimitirmos enganos, muito menos quando eles refletem algo em comum com nossas idéias. Só um homem nobre consegue isso. Fico feliz de receber sua resposta, não por expo-lo, ou como forma de vitória, posto que estamos vivendo, não competindo... Mas fiquei feliz em saber que existem pessoas de grande nobreidade, tais como o senhor. Agradeço o reconhecimento pelo respeito ao pensamento, que difere dos do senhor. (Já que consigo ver Deus também na teoria da Evolução, para mim, só corrobora a mensagem de que somos todos irmãos, não só os homens, mas também dos animais vegetais e minerais. Porém isso é outro assunto...)
    E ainda mais, observando seu gesto, reverencio o respeito mútuo como forma de entendimento, dentro de todas as nossas particularidades.
    Quanto ao avião espero sinceramente que, apesar de longa espera, tenha sido proveitoso para tomar café e bater longos "papos" com sua querida Gelsa, e quem sabe dividir sorrisos sobre a a gafe aeroportuária.
    Dia sem carro, sim o quanto precisamos... Contudo, acho que só seria mesmo efetivo, não apenas para quarta, mas também para todos os outros dias, se tivéssemos um transporte público de qualidade. O quanto um bom metrô dentro de nossa POA nos faz falta...

    Forte abraço
    Roberto Cordeiro

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  6. Meu querido Mestre, mais uma vez me mostras como eh necessario dar um passo atras e reconhecer um equivoco da maneira correta. Parabens! A polemica discussao, sobre nossos credos, fica inclusive pequena para mim, diante da manifestacao sincera de um reconhecimento de erro.
    E fico aqui sempre `a disposicao de contigo sempre discutirmos opinioes diferentes, mas nunca excludentes. Bjs com carinho para ti e a Gelsa
    Carla

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  7. Carla querida,
    obrigado por tua visitação ao blogue e tão compreensivo comentário. A Paz marca nossas divergências e convergências de credos.
    Afagos desde Campo Grande,

    attico chassot

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  8. Estimado amigo Roberto Carneiro,
    seu vocativo ‘amigo’ que retribuo foi o mais grato de seu comentário.
    Muito obrigado com orgulho de tê-lo como leitor,

    attico chassot

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  9. Hey Chassot! Boa tarde!!Ontem comentamos sobre o senhor na aula da Nadia Jorge. Oh como admiro aquela mulher! Fiquei sabendo que ela foi aluna do senhor. Que bacana!!! Mas então, meu comentário na verdade não foi uma crítica, onde eu me sentia ofendida com a charge, só foi um comentário mesmo, e nem tão bem colocado assim. Sempre ando as pressas por aqui na internet, dividindo tempo com a papelada e alunos que não sabe se entram ou se saem. Agora vou ler o post do dia. Um forte abraço e até logo.

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  10. Salve querida Gabriella,
    há porque admirares a Nadia. Ela é fora de série. Não só foi minha aluna, mas também parceira em ônibus de Porto Alegre/Unisinos. Sempre aprendia com ela.
    Obrigado por relevares a publicação da charge.
    Valeu para mim ter me retratado, pois pisei na bola.
    Um afago
    attico chassot

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