quarta-feira, 9 de junho de 2010

09* ‘Maioria é contra adoção por casal gay’

Juiz de Fora Ano 4 # 1406

Cheguei à Juiz de Fora, em Minas Gerais, um pouco depois das 6h. Deixei o Centro Universitário Metodista – IPA, após as aulas no curso de Filosofia e fui direto ao aeroporto. Deixamos Porto Alegre às 23 h e chegamos ao Rio de Janeiro às 2h, depois de uma escala e troca de avião em Guarulhos. Aguardava-me o Sr. Francisco, motorista do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, nos campus de Barbacena. Inicialmente uma micro-tensão, pois ele estava em um terminal diferente que desembarquei; terminamos nos achando. Deixamos o Rio pela Linha Vermelha em direção a serra de Petrópolis. Era a primeira vez que fazia esse trajeto, pois a primeira vez que vim a esta cidade, fi-lo por aviação regional. A subida da serra é de cerca de 20 minutos em uma rodovia sinuosíssima. O Sr. Francisco soube ser um hábil condutor. Chegados ao topo da serra visitamos a cidade imperial de Petrópolis, cidade fundada por D. Pedro II. Vimos o Museu Imperial, o Palácio de Cristal e a Casa do Barão de Mauá. Digamos que fazer um city tour às 4h da madrugada não seja a maior pedida. Depois de uma hora, paramos em Três Rios para um café com leite quente, pois a serra era fria.

Juiz de Fora está na Zona da Mata Mineira, sendo o quarto maior município do estado, em população, superado apenas por Belo Horizonte, Uberlândia – onde transitarei na próxima semana rumo a Itumbiara – e Contagem, com uma população cerca de 550 mil habitantes. As origens de Juiz de Fora remontam a época do Ciclo do Ouro. A Zona da Mata, então habitada pelos índios puris e coroados, foi desbravada com a abertura do Caminho Novo, estrada construída em 1707 para o transporte do ouro da região de Vila Rica (Ouro Preto) até o porto do Rio de Janeiro.

Minha agenda aqui de hoje até sexta envolve palestras no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, nos campi de Juiz de Fora e Barbacena.

Uma manchete de jornais da semana passada que requentei no domingo quer ser repartida com meus leitores: ‘Maioria é contra adoção por casal gay’. A matéria da Folha de S. Paulo de 04JUN2010, assinada por Cláudia Collucci, relata:

Datafolha ouviu 2.660 pessoas no país e 51% reprovaram esse direito; mulheres e mais jovens são mais favoráveis "O fato de quase 40% da população apoiar a adoção gay é uma ótima notícia", diz Toni Reis, presidente da ABGLT

A partir da esq., o casal André e Carlos Alberto com as filhas que adotaram juntos, no Rio
Quase dois meses após o STJ (Superior Tribunal de Justiça) reconhecer que casais homossexuais têm o direito de adotar, 51% dos brasileiros dizem ser contra essa prática. Outros 39% são favoráveis à adoção por gays.
É o que revela pesquisa Datafolha realizada entre os dias 20 e 21 de maio com 2.660 entrevistados em todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
As mulheres são mais tolerantes à adoção por homossexuais que os homens: 44% contra 33%. Da mesma forma que os jovens em relação aos mais velhos: na faixa etária entre 16 e 24 anos, a prática é apoiada por 58%, enquanto que entre os que têm 60 anos ou mais, por apenas 19%.
"Já é um grande avanço. Na Idade Média, éramos queimados. Depois, tidos como criminosos e doentes. O fato de quase 40% da população apoiar a adoção gay é uma ótima notícia", diz Toni Reis, presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transsexuais).
Ele reconhece, porém, que o preconceito é ainda grande. "Serão necessárias muitas paradas e marchas para convencer a população de que somos cidadãos que merecemos o direito da paternidade e da maternidade."
A taxa de pessoas favoráveis à adoção por homossexuais cresce com a renda (49% entre os que recebem mais de dez salários mínimos contra 35% entre os que ganham até dois mínimos) e a escolaridade (50% entre os com nível superior e 28%, com ensino fundamental).
Para a advogada Maria Berenice Dias, desembargadora do Tribunal de Justiça do RS, a tendência é que a decisão do STJ sirva de jurisprudência em futuras ações e que isso, aos poucos, motive mais pessoas a aprovarem a adoção por homossexuais.
"A maioria da população brasileira ainda é conservadora, mas já foi pior."
Entre as religiões, os católicos são os mais "progressistas": 41% se declaram a favor da adoção por homossexuais e 47%, contrários. Entre os evangélicos pentecostais, a desaprovação alcança o maior índice: 71%, contra somente 22% favoráveis.
O padre Luiz Antônio Bento, assessor da comissão para vida e família da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), afirma que a adoção por homossexuais fere o direito de a criança crescer em um ambiente familiar, formado por pai e mãe, e isso pode trazer "problemas psicológicos à criança".
A psicóloga Ana Bahia Bock, professora da PUC de São Paulo, discorda. "A questão é cultural. Se a criança convive com pessoas que encaram com naturalidade [a sexualidade dos pais], ela atribui um significado positivo à experiência.

Vemos o quanto persistem preconceitos. Essa é mais uma frente de luta na busca da chegada de novos tempos.

Desejo a melhor quarta-feira para cada uma e cada um de meus leitores. Amanhã, a postagem deste blogue será postergada para depois das 9h, pois o mesmo será postado de Barbacena, para onde me desloco pela manhã. Assim, até então.

2 comentários:

  1. Inesquecível Chassot,
    Bom frio! excelente palestra e boa viagem!
    A respeito da adoção por homossexuais , não vejo nada de errado nisto. Acredito que muitas crianças são/serão até muito mais felizes.
    Saudades!!!!!

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  2. Joélia colega querida.
    realmente para nós é fácil dizer que somos a favor da adoção. Mas veja que nisso somos minorias. Há preconceitos a vencer.
    Um afago com saudades
    attico chassot

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