quinta-feira, 15 de abril de 2010

15* Vaticanólogo: parte DOIS

Porto Alegre Ano 4 # 1351

O central da blogada desta quinta-feira é a segunda parte do artigo do conceituado vaticanólogo John Cornwell, professor da Universidade de Cambridge e autor de "O Papa de Hitler" (Imago). Livro muito polêmico, pois segundo alguns o autor se utiliza de interpretações dos fatos e atos com absoluta parcialidade usando, tendenciosamente, conclusões na base do “tudo indica”, “descobri indícios”, valorizando informações mal analisadas, forçando argumentos, distorcendo verdades.

Nessa mesma direção devo registrar que recebi uma extensa indignada mensagem de um advogado de Curitiba, em função dos comentários que fiz aqui dizendo que a ação de Richard Dawkin parecia-me panfletária. A mesma mensagem faz acusações de acobertar a pedofilia de sacerdotes a eminente arcebispo brasileiro, já falecido. Abstenho-me de publicar aqui, pois carece de provas. Como também não dispõem de provas as explicações que eminente cardeal vaticano fez ontem.

O subtítulo que abre esse segmento: ‘Sempre a mesma’ traduz a proposta de Bento 16 para Igreja, muito coerente com a maioria de seus predecessores, impossibilitando reformas com a abolição do celibato obrigatório para os sacerdotes. Aliás, talvez seja essa marca que garante ser a Igreja Romana uma instituição milenar.

Sempre a mesma Retirando-se para o ambiente tranquilo da Universidade de Regensburg, preparou-se para se dedicar não tanto à mudança quanto ao conservadorismo. Se a igreja desejasse sobreviver ao surto de relativismo, socialismo, anarquia e secularismo agressivo, precisava ser clara e definida; deveria ficar "semper eadem", sempre a mesma.
O professor Ratzinger foi nomeado arcebispo de Munique e Freising em 1977 e, depois, cardeal. Continuou reverenciando Newman e apoiando os decretos do Concílio Vaticano 2º. Mas agora insistia em que Newman e o Vaticano 2º foram muito mal compreendidos pelos católicos liberais.
Quando João Paulo 2º indicou Ratzinger para chefe do departamento que vigia a ortodoxia teológica (a Congregação para a Doutrina da Fé), foi confiando em que conteria a proliferação de dissidentes, principalmente os teólogos da libertação da América do Sul.
Assim, quando Bento 16 sucedeu João Paulo 2º, em 2005, os católicos tradicionalistas estavam confiantes em que ele conteria os "progressistas" de uma vez por todas.
Nos últimos cinco anos, ele trouxe de volta a missa em latim, reduziu as anulações de casamentos e restringiu o ecumenismo e o diálogo entre as religiões; a igreja tornou-se cada vez mais centralizada.
Enquanto isso, revelações de abuso infantil clerical em grande escala e ocultações episcopais, que começaram a surgir durante o pontificado de João Paulo 2º [1978-2005], continuaram proliferando.
Nos anos 1990, João Paulo 2º e o cardeal Ratzinger tendiam a desprezar os relatos como maledicência da mídia. Simplesmente não podiam acreditar que os padres pudessem ser abusadores de qualquer coisa, a não ser em escala muito pequena e excepcional.
Bento 16 foi obrigado a modificar essa opinião, mas continua pensando no abuso como um lapso espiritual, mais que um problema psicológico, social e criminal. O abuso dos padres pedófilos é, em sua visão, um grande pecado, mais do que um grande crime. Sua estratégia para lidar com a crise se baseia nessa convicção. Em 20 de março, Bento 16 deu um veredicto severo sobre o escândalo dos abusos na Irlanda, em uma "carta pastoral" à igreja daquele país.
A causa da crise, disse, fora o secularismo e as tentações que ele representa para a santidade dos padres.
Padres perplexos A maioria inocente dos padres da Irlanda se indignou por ter sido manchada pelo mesmo pecado que os estupradores de crianças. Estão furiosos com a desculpa implícita de Bento 16 ao Vaticano e ao papado.
Enquanto isso, suas iniciativas para combater a praga dos padres pedófilos se concentram nos remédios sobrenaturais, mais que nos humanos. Ele decretou que a hóstia eucarística (que os católicos acreditam ser o "corpo, sangue, alma e divindade de Jesus Cristo") deveria ser exposta para adoração em centenas de igrejas em toda a Irlanda.
Prometeu enviar equipes de clérigos ao país para investigar seus seminários, monastérios, paróquias e dioceses. Essas tropas de choque espirituais vão pregar o Evangelho novamente para os envergonhados clérigos e freiras irlandeses.
Na mesma carta, o papa culpa as interpretações clericais errôneas das reformas do Vaticano 2º. Em outras palavras, os católicos liberais são, em última instância, responsáveis por seduzir o clero irlandês, afastando-o da piedade sacerdotal. Ficou evidente, desde a década de 1970, que o sacerdócio católico está em crise. Cem mil padres deixaram o ministério no período de duas décadas, e a hemorragia continua.
Contra esse pano de fundo, o escândalo dos padres pedófilos é um de uma série de sintomas de uma crise que inclui critérios de recrutamento inadequados, triagem inexperiente e leiga, formação questionável nos seminários e o perigo de definir o sacerdócio em termos de exaltação espiritual.
O sacerdócio celibatário católico atrai muitos homens que têm vocações autênticas. Pelo mesmo motivo, como confere a cada ordenado um respeito imerecido e até adulação (uma posição superior à dos anjos), também pode atrair homens com problemas sexuais, sociais e psicológicos não resolvidos.

Que a chegada ao meio da semana enseje uma quarta-feira muito boa. Que vivamos as possibilidades de podermos fruir de textos sem censura, mas para os quais possamos votar também interrogações, anuncio para amanhã a parte final do vaticanólogo, para que entendamos os sinais de nosso tempo.

10 comentários:

  1. Muy querido Profesor Chassot,
    El tema que toca es sumamente controversial y nos remite a antiguas controversias sobre ética y fé.
    Desde el punto de vista religioso, las acciones en contra de nuestros prójimos son "pecados" y están tipificadas en los códigos morales -me parece- de las principales creencias religiosas. Pero también son delitos gravables, punibles. Ninguna transgresión hacia los otros debería quedar impune. La ética religiosa no debería estar en contrasentido de "la" ética y no debería ser escudo para proteger a nadie. Talvez suene duro, pero usar el poder ~cualquier tipo de poder (político, religioso, económico, que muchas veces van juntos)~ para ocultar hechos dolosos no es sino otra forma de encubrimiento. Si bien el encubridor no forma parte del delito (como lo son el autor o el cómplice), su acción es a posteriori, para ocultarlo. En Ecuador, nuestro código penal lo tipifica como "codelincuente".
    Me parece terrible que a sabiendas, el Papa Benedicto XVI siga la línea del silencio.
    Por otra parte, me parece igualmente pernicioso que por las malas acciones de personas individuales se globalice y se descalifique a la Iglesia en su conjunto.
    Benedicto XVI es sólo parte de la Iglesia, no su todo. Hay mucho de la Iglesia que no se ve reflejada en estas malhadadas acciones.
    Un abrazo cariñoso y atento al desenlace de mañana,

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  2. Mestre Chassot, minha mãe costuma dizer que os padres tentam esconder sua natuureza humana e animal atrás de uma batina. É como se, usando uma veste sacerdotal, eles achem que estarão livres das pulsões psicológicas e instintivas de medo, raiva, ódio e desejo sexual.

    O velho ditado "O hábito faz o monge" pode ser entendido tanto como "O costume faz o monge" quanto "A batina faz o monge". A questão é: qual dessas semânticas é a mais correta para o sacerdócio, e qual é a mais conveniente para o sacerdócio?

    No aguardo da parte final do texto, desejo um ótimo dia.

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  3. Muy querida Matilde,
    agradecido, por una vez más, traer tan denso comentario a ese blogue.
    Pienso que el asunto es por primero doloroso. Estamos bullendo con una institución que por años nos enseñaran a amar. Ves que tener que considerar el papa un codelincuente no es trivial para ti y ni para mí.
    Mismo que concordemos que Benedicto 16 no es la Iglesia siempre hemos aprendido que el es el representante visible de Cristo en la Tierra y ahora se pasa eso. Pienso que John Cornwel no es un catastrofista cuando ve algo muy parecido con que ha ocurrido para la Iglesia Romana en el siglo 16. Cuando que te pasaría por la memoria que podrías te que decir para un hijo tuyo que el Papa está amenazado de prisión por crimines (o por ser codelincuente);
    Mañana, no sin dificultad voy traer algo de mi experiencia personal en cuanto niño en un seminario,
    una vez más agradecido por tus reflexiones
    attico chassot

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  4. ESCREVEU: Alexandre Rezende Teixeira

    Caro Professor não pude deixar de comentar a excelente blogada de hoje. Não sou expecialista no assunto mas acho que o problema na qualidade do sacerdocio católico esta na formação...
    Pense comigo, ha 50 anos atrás não se tinha tantas oportunidades/meios de se estudar, então uma maneira de se conseguir uma boa educação era nos seminários. Então os responsaveis por esses seminarios, podiam escolher os melhores tanto nos estudos quanto na moral para serem ordenados sacerdotes.
    Atualmente todos nos sabemos que a quantidade de pessoas que procuram os seminarios não são nem a metade do que era naquele tempo (pelo menos na minha região é assim), então os responsaveis pelos seminarios não podem fazer uma boa triagem (moral e qualitativa), e então, ordenam, acho eu, sem critério. Não estou dizendo que naquele tempo também não existia crimes sexuais.
    Acho também que padres que se envolvam com violência sexual devem ser expulsos e responsabilizados criminalmente em dobro, pois se tratam de pessoas formadoras de carater.
    Quanto ao papa, parece ignorânica da minha parte mas até que gosto dele...

    Um abraço do seu leitor "as vezes sumido"!

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  5. Meu caro Alexandre,
    primeiro me permita dizer que mesmo que me houvesses feito um comentário pessoal, sem postá-lo eu o tornei público.
    Segundo vibro com teu retorno. Estava com saudade.
    Muito bem posta tua questão, todavia temos que nos dar conta que os crimes que afloram pelo mundo, são da época que as vocações eram férteis. Imagina o que pode estar por vir se não forem criminalizados como exemplos estes que agora surgem. Por enquanto sabe-se pouco do Brasil. Amanhã vou contar algo muito pessoal sobre o assunto.
    Tu és das poucas pessoas que te, simpatia pelo Papa. Eu pessoalmente o acho abjecto. No dia que foi anunciado seu nome, estava na Unisinos, inclusive com colegas padres, lancei meus livros ao chão indignado.
    Mas minha posição e tua são muito pessoais e não entram nessa discussão,
    Com estima
    attico chassot

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  6. Meu caro Marcos,
    só que a batina que tua mãe via escondendo crimes hoje é metafórica e não os abriga de nada.
    Como escrevi em outros comentários, esse assunto é no mínimo doloroso.
    Obrigado por teu comentário sempre instigante,
    Dispamo-nos de hábitos e peçamos que essa Igreja volte a ser Santa e não só Pecadora,
    attico chassot

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  7. Carissimo COLEGA vaticanologo PROF CHASSOT,
    INFORMO AO AMIGO E A QUEM SE INTERESSAR POSSA
    QUE EM ROMA NO VATICANO E NA SEDEM AD PETRIS ,IT.
    EU SOU MAIS CONHECIDO COMO HOMEM BOMBA DO VATICANO
    DO SERVO DE DEUS PAPA JP2 alem Da igreja catolica apostolica romana ,do que como VATICANOLOGO ,NOMEADO PELO SERVO DE DEUS NO ANO DE 2001 NO VATICANO como reconhecimento dos meus prestimos ao PAPA =CURIA ROMANA E OUTROS AMMEM
    ok=PACE E BENE A TUTTI cosi SIA ass vaticanologo dr giancarlo nardi a 37 anos de bom serviços prestados a igreja catokica aoistolica romana na italia no vaticano e no Brasil /SP

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  8. caro professor vaticanologo CHASSOT NA PAZ INFORMO
    CASO O COLEGA QUEIRA MAIS DETALHES A RESPEITO DO MEU COMENTARIO como reconhecido HOMEM BOMBA DO VATICANO ,e da igreja catolica apostolica romana podemos trocar ideias vias email pessoais.ok abs .

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  9. Muito exótico dr Giancarlo Nardi,
    primeiro dizer que teus comentários reforçam minha tese, que a edição velha de um blogue, diferente de jornal velho que só serve para embrulhar peixe, tem ainda serventia, para usar uma palavra muito apropriada. Foste desencavar blogadas quase 1,5 ano passadas. Fico surpreso com atribuição do título que me conferes: provável Benedictus XVI não ratificaria. Sou um professor de História e Filosofia da Ciência que defende a tesa que devemos conhecer história das religiões, nesta a história da Igreja católica é prato apetitoso e neste o Vaticano é um bom petisco.
    Visitei algumas de tuas postagens. Vi que és muito ligado a Igreja e portanto pregamos em paróquias muito distintas.
    Alegra-me tê-lo como meu leitor, mesmo que seja num segmento muito reduzido.
    Com muitos interrogantes que sejas abençoado por teu ídolo o (quase) santo JPII

    attico chassot

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  10. carissimo veja a nossa TVSANTOJA = MAIS
    O INSTITUTO PATRIA E FE VATICANO BRASIL NO FB
    ASSIM COMO OPERAPIAROMANA .ORG NA PAZ AMEM NOVO AMIGO GN

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