Deseja-se o direito de participar na decisão de quando e de onde se há de morrer!
70ªFeira do Livro Nas primeiras quinzenas de novembro são os muito queridos tempos da Feira do Livro de Porto Alegre. Recordo que em 1957, ano que me formei no ginásio em Montenegro, viera a Porto Alegre em função da formatura e então, fui pela primeira vez a uma feira de livros. Maravilhei-me. Era então aquela 3ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre.
Desde então, das 63 feiras que houve, estive em um número muito significativo. Dentre estes, em dois ou três que estive dentre os que fui um dos autores que estavam na barraca de autógrafos.
Faltar à Feira do Livro é perder a sumarenta experiência do contato público e íntimo com este artefato cultural tão importante (ainda) na história da humanidade.
Ainda não fui a 70ª edição desta 2024. Nesta quinta-feira, uma chuvarada de cerca de meia hora, assustou livreiros e leitores, repetindo-se o ocorrido em maio com chafarizes de águas cloacais.
Nos meus calendários ocorrem uma saborosa conjugação. Ei-la: Nesta quarta-feira, dia 6 de novembro, iniciei [a metáfora agora na moda dá uma postura heliocêntrica ao usuário] a minha a 86ª volta ao redor do sol.
Feira do livro, presentes e aniversário fazem um polpudo mix. Sim! ganhei livros. Não posso resenhá-los tanto quanto desejava comentar aqui alguns. Fa-lo-ei apenas um.
O presenteador: Jairo Brasil Vieira que em 2008 defendeu, com minha orientação, dissertação de mestrado: A NOÇÃO DO DESPERDÍCIO: NARRATIVAS DOCENTES EM TRÊS NÍVEIS DO ENSINO BÁSICO apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro de Ciências Humanas da UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS em São Leopoldo / RS. A cada ano o Jairo me presenteia com um livro muito especial. Nesta dimensão, o 6 de novembro, não foi diferente: um livro escrito há dois mil anos me surpreende e provavelmente enriquecerá leitores deste blogue.
O presente: Sobre a brevidade da Vida, obra de Sêneca, escrita a 50 anos depois de Cristo.
SÊNECA nasceu em Córdoba, Espanha, em 04 antes de Cristo durante o Império Romano. Busto de Sêneca (Antikensammlung Berlin / Coleção de Antiguidades de Berlim, atualmente mantido no Altes Museum e no Museu de Pérgamo na cidade de Berlim.
A Wikipédia muito me facilita no ofertório a meus leitores da preciosidade sumarenta que ora fruo: De brevitate Vitae (frequentemente traduzido do latim ao português como Sobre a brevidade da vida) é um ensaio moral composto por Sêneca (Sêneca, o Jovem), um filósofo estoico da Roma antiga, a seu amigo (e possivelmente cunhado) Paulino.
Neste escrito o filósofo levanta vários princípios estóicos* sobre a natureza do tempo, como por exemplo, que os seres humanos despendem muito de seu tempo perseguindo objetivos sem valor ou sentido. *Estoicismo é uma escola e doutrina filosófica surgida na Grécia Antiga, que preza a fidelidade ao conhecimento e o foco em tudo aquilo que pode ser controlado pela própria pessoa. Despreza todos os tipos de sentimentos externos, como a paixão e os desejos extremos. A escola estóica foi criada por Zenão de Cítio, na cidade de Atenas, cerca de 300 a.C.. Porém, a doutrina ficou efetivamente conhecida ao chegar em Roma. O seu tema central defendia que todo o universo seria governado por uma lei natural divina e racional.
Segundo suas palavras, a natureza concede o tempo necessário a cada indivíduo para que ele/ela possa realizar o que realmente é importante na vida, portanto exigindo que cada ser humano organize bem o seu tempo.
“A vida, se você souber usá-la, é longa” O estudo da filosofia geralmente é o melhor uso do tempo, segundo Sêneca.
Sêneca exorta Paulino a abandonar as ocupações públicas e adotar a vida contemplativa dos sábios, livre das paixões. Isso é contrastado com o sofrimento dos ocupados: eles morrem sem nunca terem vivido.