(ABL/Divulgação) Poeta e Letrista Antonio Cicero morre na Suíça, aos 79 anos. Um dos grandes nomes da poesia brasileira, Antonio Cícero foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL) em 2017
Formado em Filosofia, em 1972, pelo University College, da Universidade de Londres, ele publicou os livros de poemas Guardar (1992), A Cidade e os Livros (2002), Porventura (2012) e, em parceria com o artista plástico Luciano Figueiredo, O Livro de Sombras (2010).”
O poeta e letrista Antonio Cicero morreu nesta quarta-feira (23/ outubro/2024), em Zurique, na Suíça, aos 79 anos. Após ser diagnosticado com Alzheimer anos atrás, ele viajou à Europa com o companheiro Marcelo Fies com a intenção de realizar morte assistida, permitida no país europeu.
Carioca, Antonio Cicero tinha completado 79 anos há 17 dias. É autor de letras conhecidas da música popular brasileira (MPB), escritas para canções em que teve como parceiros a irmã, a cantora Marina Lima (Fullgás), Adriana Calcanhotto (Inverno), João Bosco (Trem bala) e Lulu Santos (O Último Romântico).
“Venho com muita tristeza avisar que nosso amado Cicero acaba de falecer”, escreveu Marcelo em mensagem a amigos. Segundo o companheiro, o escritor já estava planejando o procedimento, inclusive, enviando documentos. “Ele insistiu muito que ninguém soubesse”, contou.
A morte assistida, também chamada de suicídio assistido, é o procedimento em que a própria pessoa realiza o processo que terminará em morte, diferentemente da eutanásia, quando o paciente é apenas agente passivo que recebe um medicamento letal, por exemplo. No Brasil, ambos procedimentos são proibidos.
O poeta e filósofo fez questão de ser cremado. Ele deixou uma carta para amigos para ser divulgada após a morte. Nela, ele relata que vinha sofrendo com condições do Alzheimer. Ainda de acordo com Marcelo, a viagem teve também uma passagem por Paris para se despedir da cidade que Cicero tanto admirava. Um dos grandes nomes da poesia brasileira, Antonio Cicero foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL) em 2017, quando tomou posse da cadeira número 27 em 2018.
Tanatologia é o estudo científico da morte. Ele investiga os mecanismos e aspectos forenses da morte, tais como mudanças corporais que acompanham o período após a morte, bem como os aspectos sociais e legais mais amplos. É, principalmente, um estudo interdisciplinar. A palavra é derivada de Tânato (em grego, θάνατος: "morte"), deus da mitologia grega que personificava a morte, mais o sufixo logia, que deriva do grego legein (Λογια: "falar") e significa estudo
#### TANATOLOGIA é um estudo muito polêmico. Há não muito havia censores que — radicalmente — condenavam aos infernos qualquer menção ao tema eutanásia. Aliás, discutir o assunto aqui e agora não significa se posicionar. Significa ter o conhecimento de alternativas e, as conhecendo, poder fazer o entendimento de quatro opções que se descreve com termos médicos relacionados com a morte: pode ser voluntária, natural, prolongada ou negligenciada ou ainda, de maneira mais ideal, não optar por nenhuma antecipação da morte.
A eutanásia pode ser definida como o ato de "antecipar a morte";
A distanásia é uma "morte lenta, com sofrimento;
A mistanásia é a "morte por negligência";
A ortotanásia representa a "morte natural, sem antecipação ou prolongamento".
A situação descrita no texto preambular é memorável: narra uma ação relevante de um intelectual brasileiro. Lamentavelmente a situação é (quase) proibitiva pois a impede uma opção por uma alternativa legal: uma passagem aérea à Europa. Há que perguntar quem fez/faz silente a tanatologia? a Igreja romana! /as igrejas! / as leis nacionais: o sexto mandamento (não matar) é presente nas três religiões abraâmicas. Mesmo que se guarde a obrigação de não matar Deus pede para matar em sacrifício Ismael ou Isaque.
Permitida a exigência de não matar ainda se mata, por exemplo, nas chacinas religiosas. Mesmo sem ir à Europa se pratica a eutanásia, inclusive em hospitais públicos. O fim da vida é uma certeza da existência humana, talvez a única, mas a forma como tudo acaba continua em uma incerteza. A eutanásia, legalizada em alguns países, define o dia e a hora da morte para as pessoas que por ela optam, em sua maioria, pacientes terminais ou com problemas severos de saúde. Já que não sabemos o que se segue depois da morte, poderíamos ter ‘o direito’ de não precisar viajar para o estrangeiro. Eutanasia é um direito a quem assim desejar.