quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

12.— NO CRUZAR POR ARES: UM LONGO RETORNO

ANO
 8
ANNEMASSE/GENEBRA/PARIS/ GUARULHOS/PORTO ALEGRE
EDIÇÃO
 2681

Esta quarta-feira é de retorno. Um retorno longo que se faz fragmentado. Na madrugada vamos de Annemasse à Genebra. Da ‘Cidade da Paz’ voamos a Paris. Então, a longa travessia de cerca de 11 horas, para chegar já noite avançada, a Guarulhos. De novo no Brasil, partimos para Porto Alegre, onde deveremos chegar ao limiar de quinta-feira.
A alternativa de voo diurno para cruzar o Atlântico usei-a, se não me equivoco, apenas uma vez. Não é a mais aprazível. Quando se viaja ‘com milhas’ não se elege, às vezes, o que se mais deseja.
Mas agora, mais que pensar nas horas que se passa espremido, ou melhor, comprimido dentre de aeronaves que parecem cada vez mais apertadas (¿ou são nossos abdomens que se avolumam?) vale mais recordar os fazeres da terça-feira genebrina, que foi dificultada por ‘um movimento social’ para respeitar aviso que havia em paradas dos ônibus. O que antes fazíamos em único ônibus, ontem demandou quatro.
Primeiro fomos ao Musée International de la Croix-Rouge et du Croissant Rouge. Foi, dentre muitos museus que já vimos, um dos mais impactantes. É muito difícil descrever tudo que vimos e ouvimos.
Talvez meus leitores entendam um pouco a emoção que tive, ao ouvir uma senhora, às lágrimas: “Ver este museu vale uma viagem à Genebra!” se visitarem www.redcrossmuseum.ch/ e ali conhecerem um pouco desta preciosidade que tanto nos encantou.
Aqui, preciso reconhecer minha desatenção por não ter conferido à Cruz Vermelha (que no mundo islâmico é o Crescente Vermelho) o prestígio que ela merece.
Desconhecia completamente Jean-Henri Dunant (Genebra, 8 de maio de 1828 — Heiden, Suíça, 30 de outubro de 1910) foi um filantropo suíço, fundador da Cruz Vermelha Internacional. Ele recebeu o primeiro Nobel de Paz em 1901, juntamente com Frédéric Passy [(1822 — 1912) político francês, foi fundador e presidente da Sociedade Francesa para a Paz]. A observação de Dunant com não cuidado com os feridos da Batalha de Solferino (pequena comuna italiana), em 21 de junho de 1859 durante a Segunda Guerra de Independência Italiana, levou-a organizar, em 1863, juntos com outros líderes a Cruz Vermelha, em sua cidade natal.
O atual prédio foi reinaugurado em maio do ano passado, substitui completamente aquele dos anos 1980 e foi concebido por três arquitetos: o gaúcho Grigo Cardia, o japonês Shigero Ban e Diébédo Francis Kéré de Burkina Fasso.
Sob o título "A Aventura Humanitária", cada arquiteto foi encarregado de um tema — "Defendendo a dignidade humana" (Cardia), "Restaurando os vínculos familiares" (Kéré) e "Reduzindo os riscos naturais" (Ban).
Em vez de um museu tradicional, com acervo histórico, longos textos e documentos, a opção foi por falar diretamente à sensibilidade do espectador, com recursos como luz, imagens, objetos etc.
O ponto de vista é sempre o da população atingida, sem bandeiras como democracia, Estado laico ou combate à corrupção, para evitar restrições a ações da organização.
Doze testemunhas de dramas recentes, de uma criança-soldado no Sudão a um ex-prisioneiro da base dos EUA em Guantánamo, passando por médicos e outros voluntários.
A Cruz Vermelha faz um mea-culpa num dos raros textos longos da exposição, no qual pede perdão por não ter atuado com firmeza no Holocausto, que matou milhões na Segunda Guerra (1939-45).
Depois deste impacto, caminhamos pela linda Avenue de la Paix até a frente do prédio das Nações Unidas, que chama a atenção por ver tremular as bandeiras de todos os países membros.
Impressiona na frente da ONU a Cadeira quebrada -- uma escultura monumental em madeira pelo artista suíço Daniel Berset, construído pelo carpinteiro Louis Genève. Para construí-la foram empregadas de 5,5 toneladas de madeira e sua altura é de 12 metros.
Ela retrata uma cadeira gigante com uma perna quebrada e simboliza a oposição às minas terrestres e bombas de fragmentação, e age como um alerta aos políticos e outros visitantes Genebra. A foto da cadeira, que colhi, mostra também o céu do dia de ontem, que marcou nossa despedida da Europa.

4 comentários:

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  2. Limerique

    Na praça aquela cadeira imensa
    A qual espicaça nossa indiferença
    Pelo que a guerra
    Espalha pela Terra
    Independente de qualquer crença.

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  3. Mestre Chassot, seu retorno lhe trará uma saudade imediata. Do frio...
    abraços

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  4. Com certeza aquele brilho de um dia ensolarado foi em gratidão pela sua marcante passagem. Por aqui também há sol e um pouco de calor...

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