sexta-feira, 18 de junho de 2021

18JUNHO2021***** Ainda acerca da Alfabetização Científica

 

 

 ANO 15

Agenda de Lives em página

www.professorchassot.pro.br

EDIÇÃO

37091373

 

Hoje é o Dia do Químico. Dispenso cumprimentos. Não sou/nunca fui Químico. Nos meus mais de 60 anos de docência, em pelo menos a metade, fui professor de Química. Mais de uma vez, ouvi de doutos profissionais da área da Química a depreciativa afirmação: “quem sabe faz, que não sabe ensina!” Abstenho de contestar.

No ufanismo comemorativo pela data, tenho, nesta sexta-feira, duas palestras: às 16h no Câmpus da FURG em Santo Antônio da Patrulha RS, buscarei responder: “O que é Ciência, final?” Às 19h, em Amargosa, na Universidade Federal do Recôncavo Baiano tento espiar por “Uma Brecha entre o Passado e o Futuro”.

Esta agenda me obriga a não participar do final da edição de hoje da apreciada oficina que encanta o nosso sextar: “A arte de escrever Ciência com arte!” Daniel — o Polímata — com galhardia garante o êxito no burilar rascunhos para deles fazer textos.

Mais uma vez sou inspirado neste blogar com um texto bíblico que é homólogo em Lucas, Marcos e Mateus: “Ninguém acende uma candeia e a coloca em lugar onde fique escondida, nem debaixo de uma vasilha. Ao contrário, coloca-a num local apropriado, para que os que entram na casa possam ver seu luminar (Lucas, 33).

Robson Vinicius Cordeiro* comentou, na última edição (11JUN) deste blogue, algo merece ascender a texto capital — até porque os comentários não são fruídos por um significativo número de leitores — para que os que entram no blogue possam usufrui-lo.

Por tal transcrevo: Mestre Chassot, a reflexão trazida a luz presente é urgente! Eu, como professor e gestor escolar, tenho acompanhado esse crescente abismo social se alargando por conta de um ensino híbrido que nos foi imposto sem uma preparação adequada. Não o entendo como problemático, mas vejo o problema de fazê-lo sem os debates e condições necessárias para garantir equidade de acesso e de desenvolvimento para todos os alunos.

Sua posição acerca da Alfabetização Científica como assemblage é algo que eu já vinha lendo de seus textos (ainda que indiretamente) desde 2014-2015 quando defendi minha dissertação de mestrado. Nós somos permeados por múltiplas linguagens e línguas e os processos de aprendizagem dessas línguas se misturam como a própria realidade que é una-múltipla (quase que a Trindade cristã).

Já alertava no texto dissertativo, quando eu discutia o controverso tema "educação/alfabetização plena" presente nos escritos do Pnaic sobre a complexidade e o emaranhamento do mundo contemporâneo, exigindo uma educação que afine a relação dos sujeitos com a realidade e aqui não falo apenas como processo de acumulação de saberes, mas de compreensão e de uso responsável, crítico e consciente dos mesmos. E tal processo passa pelo desvelar das barreiras disciplinares da realidade, que é naturalmente indisciplinar. Ou seja, se hoje, quando pensamos a realidade precisamos trocar lentes com uma vasta frequência, como se quiséssemos olhar por um caleidoscópio monocromático, sem apreciar as belas mandalas formadas, devemos perceber o desafio que é reconhecer o colorido do mundo e suas fascinantes combinações o disciplinares, em que física, química, história, geografia, biologia, antropologia, arte, filosofia, entre tantas outras lentes são o mesmo caleidoscópio.

Traz para nós sua observação perspicaz acerca dessa alfabetização digital que hoje aparenta ser pré-requisitada e, de fato, estamos vivendo um conflito geracional cada vez mais marcado o que é extremamente desafiador. Que tenhamos a energia e sensibilidade necessárias para assumir a árdua tarefa, como professores e professoras, de construir pontes onde há abismos e portas onde há apenas muros.

* Robson Vinicius Cordeiro é Licenciado em Filosofia e Pedagogia, especialista em Arte-Educação, mestre em Educação em Ciência e Matemática e doutorando pelo Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática do Instituto Federal do Espírito Santo (EDUCIMAT/IFES). Investiga práticas pedagógicas que contribuam para alfabetização científica e linguística dos alunos ingressos no ensino fundamental, em diálogo com a história e filosofia das ciências. É professor de Filosofia e alfabetizador na Rede Municipal de Cariacica-ES e atualmente atua como Diretor na Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria Paiva. É também artista visual autodidata, especializado em aquarelas, com foco na representação iconográfica de paisagens e fenômenos históricos, culturais e sociais do Espírito Santo, buscando a valorização do "ser capixaba".

9 comentários:

  1. Amigo sempre lúcido em suas colocações. Não tenho como não lhe admirar e aprender a cada lida, a cada encontro. Obrigado.

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  2. Essa parceria Mestre Chassot e Robson, coorientador e orientando, já deu certo!👏👏👏👏👏👏👏👏👏 Doutorando do Educimat nos dando orgulho! Mestre nos dando esse privilégio de dialogar com um grande referêncial teórico da Educação Brasileira!

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  3. Excelente reflexão Robson. Agradecemos ao mestre Chassot pelo espaço. 🥰

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  4. O ensino se faz mais complexo a cada dia, no entanto, a opressão ao educador público parece ultrapassar em velocidade...como se valorização profissional não está no cardápio de uma Ensino atual e de qualidade. Será que teremos de colocar os números, digo valores, na comparação a outras profissões tão importantes quanto? Viva estes governos, destruidores da educação, do serviço público e ...... parece desabafo....também. Alfabetização científica, uma necessidade, inclusive para tal percepção.

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  5. ROBSON VINICIUS CORDEIRO21 de junho de 2021 às 08:11

    Mestre Chassot, que honra encontrar meu comentário destacado na edição de 18/06/21 do blogue! E reitero minha compreensão acerca desse desafio educacional presente: fazer alfabetização científica está para além dos limites disciplinares impostos pela organização da escola e do currículo tradicional. É um exercício contínuo de reflexão e aprendizagem acerca do nosso mundo e seus seres e das nossas relações com ele e com eles!
    Saiba que, fazendo memória à edição de 11/06/2021, a regra da escuta profética na sua própria nação as vezes encontra exceções. E fico feliz em ser uma exceção!

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  6. Texto que nos remete a muitas reflexões desafiadoras!

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  7. Como de costume, muito bem colocado. E a seção de comentários deste blogue invariavalmente é também bastante qualificada. Um respiro de alívio!

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