ANO
12 |
EDIÇÃO
3311
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Não é demais repetir: desde o dia 30 de julho, data que este
blogue completou 11 anos, frequência é semanal, circulando aos fins de semana;
isto é: desde pôr-do-sol de sexta-feira ao pôr-do-sol de domingo.
Hoje escrevo na madrugada de domingo, desde Cartagena na
Colômbia — cidade que há muito desejava conhecer — onde cheguei o final da
manhã de ontem.
Na última edição deste blogue contei que já estivera neste importante
país latino-americano em 2009. Então fiz cinco falas em Bogotá (3), Medelín e
Pasto. Então, fui lembrado que não estivera em uma linda cidade colombiana. A
Wikipédia me ensinara que “Cartagena das
Índias ou, simplesmente, Cartagena
é a capital do departamento de Bolívar. É a quinta maior cidade do país, e a
segunda maior da região, depois de Barranquilla; e sua região metropolitana é a
quinta maior concentração urbana da Colômbia”.
Vim à Cartagena depois de ter estado
em Bogotá na Universidad Distrital Francisco José de Caldas, no Programa de
Doctorado Interinstitucional em Educación, onde na quinta-feira, dentro
do Seminario de Miradas Contemporáneas en
Educación apresentei a palestra “Desde a la certeza as las incertezas”.
Na sexta
participei como jurado, na apresentação pública da tese, aprovada com louvor, “Relaciones ciencia – religión y enseñanza de
la evolución. Estudio de casos con profesores de biología de educación básica
secundaria” pelo agora doutor Gonzalo Peñaloza Jiménez, A tese foi dirigida
pelo Dr. Carlos Javier Mosquera Suárez, Reitor da Universidade Distrital.
Na tarde sexta, as doutorandas Claudia Maria, Marisol e
Yamil, me oportunizaram conhecer a montanha de Monserrate, o mais conhecido dos
cerros Orientais de Bogotá. Junto com montanha de Guadalupe é um dos morros
tutelares da cidade. Monserrate tem uma altitude de 3152 metros e localiza-se
sobre a cordilheira oriental. Os morros de Bogotá, de origem sedimentaria, têm
pelo menos 16 milhões de anos de idade. Até meados do século 17 foi conhecido
como morro das Neves. A basílica do Senhor de Monserrate é lugar de
peregrinação religiosa desde a época colonial e constitui-se numa atração
natural, religiosa e gastronômica da cidade. Pode-se subir ao morro por caminho
peatonal, por funicular ou por teleférico, que foi a nossa opção. Almoçamos no
lindo restaurante Santa Clara. Lá em cima o soroche (tonturas e dificuldades
respiratórias) que ‘nos brinda’ de maneira usual Bogotá é aumentado.
Minha
referência anterior à Cartagena era através de um colombiano de Arataca: o renomado jornalista e escritor colombiano Gabriel
García Márquez, (1927—2014) laureado com o Prêmio Nobel de Literatura de 1982,
autor do clássico do gênero literário realismo-fantástico latino-americano Cem Anos de Solidão, de 1967, viveu por
muitos anos em Cartagena, cuja casa vi ontem. Esta cidade foi inspiração para dois de seus livros: Ninguém Escreve ao Coronel, de 1961 e El amor en los tiempos del cólera (O Amor nos Tempos do Cólera), de 1985.
Mas é, ainda a Wikipédia que me ensina que Cartagena
tem uma das mais significantes atividades econômicas os complexos marítimos,
pesqueiros, petroquímicos e o turístico. A cidade foi fundada em 1 de junho de
1533, e foi batizada em homenagem a Cartagena, na Espanha. No entanto, o
assentamento de vários povos indígenas na região da Baía de Cartagena data de
4000 a.C. Durante o período colonial, a cidade teve um papel fundamental na
administração e na expansão do Império Espanhol nas Américas, sendo sede de
governo e moradia dos vice-reis espanhóis. O centro histórico de Cartagena,
conhecido como a cidade fortificada
onde à tarde de ontem bati pernas por mais de cinco horas, foi declarado
Patrimônio Nacional da Colômbia, em 1959, e posteriormente Patrimônio Mundial
pela Unesco, em 1984. Em 2007, suas fortificações e planejamento arquitetônico
militar foram declarados como a quarta maravilha da Colômbia.
Cartagena foi um dos mais importantes portos
comerciais durante o período colonial espanhol nas Américas. Era especialmente
utilizado para escoar ouro e prata aos portos da Espanha de Cartagena, Cádiz e
Sevilha para a Coroa Espanhola. O ouro e a prata, extraídos de minas,
principalmente, em Nova Granada e no Peru eram transportados até Cartagena, e
embarcados nos galeões espanhóis, passando pelo porto de Havana, Cuba com destino
aos portos da Espanha.
Cartagena veio a se tornar, ao longo do período
colonial, um dos maiores centros do comércio de escravos oriundos da África
(juntamente com Veracruz, México; era a única cidade oficialmente autorizada,
pela Coroa Espanhola, a realizar o comércio de escravos nas Américas. Os primeiros
escravos africanos que chegaram em Cartagena usados, como mão-de-obra, como
cortadores de cana, em abrir estradas, construir prédios e fortalezas e,
também, para destruir tumbas da população aborígene do Sinú, para encontrar
ouro e outras preciosidades que faziam parte dos acessórios funerários.
Em 5 de fevereiro de 1610, foi instaurado o Tribunal
do Santo Ofício da Inquisição, em Cartagena, através de um decreto emitido pelo
rei Filipe II. O Palácio da Inquisição — que conheci na tarde de ontem e revi
esta manhã — de arquitetura colonial, concluído em 1770, ainda preserva sua
fachada original. Quando Cartagena declarou sua independência da Espanha, em 11
de novembro de 1811, os inquisidores foram intimados a deixar a cidade. A
Inquisição voltaria, depois da Reconquista, em 1815, mas acabaria por
desaparecer completamente, seis anos depois, após a derrota espanhola, forçada
por tropas lideradas por Simón Bolívar.
Nestas pouco mais de 24 horas que passei na
histórica cidade aprendi muito. Sou particularmente agradecido ao senhor Luís
Carlos, guia do Museu do Ouro, que se auto-intitula “reconhecido historiador e
professor” que extrapolou em muito os seus fazeres no Museu do Ouro levando-me
a praças (quando as praças têm bancos são parques, corrigia-me, Don Luis) igrejas e ao prédio do
extinto Tribunal do Santo Ofício.
Acerca das extensas caminhadas da tarde de
ontem e da manhã de hoje tenho uma adjetivação: árduas. O sol era muito quente,
as calçadas muito estreitas (apenas para uma pessoa) esburacadas e com degraus
muito altos. Esta manhã vis um citytour de ônibus, pela parte extra-muros. Não
valeu muito pois não era dada nenhuma informação histórica.
È muito significativo se observar o número de
luxuosos estabelecimentos comerciais (hotéis, restaurantes...) e culturais (bibliotecas,
universidades...) que foram recuperados de antigos monastérios, mosteiros,
claustros. Um exemplo de cada grupo que visitei: o hotel mais luxuoso de
Cartagena (hotel Santa Clara) foi um convento de irmãs Clarissa. A Universidade
de Cartagena tem diversas dependências, em prédios históricos, como o Claustro de los Agustins, que foi um mosteiro de frades agostinianos,
Esta blogada que complementei nos aeroportos de
Cartagena e Bogotá tem uma síntese: eu fui a Cartagena e ali aprendi bastante. Ratifico
algo que escrevi no meu diário de ontem: Fazer turismo sozinho é
algo triste. Antes do voo Bogotá/ Guarulhos pretendo
postar este texto. Amanhã será bom estar na minha Morada dos Afagos.
Mestre...voce uma pessoa muito muito querida...obrigada pelo blog...uma vez por semana...mas muito muito bom...
ResponderExcluirobrigada
Elzira
Muita querida Elzira,
ResponderExcluirquando tomei a decisão de fazer edições semanal lembrei-me de ti, talvez a minha leitora mais fiel. Lembro de ti, quando o blogue começava e estavas comigo no aguardo de uma condução em Maravilha. Parece que foi a última vez que nos vimos.
Obrigado por me seguires acompanhando,
Diretamente da região sorocabana, hoje, com garoa, aquele abraço ao Mestre Chassot, homem sem fronteiras e de coração rasgado, assim como Sorocaba, que hoje completa 363 anos (1654-2017). Imagens belíssimas, meu amigo! Destaco seu escrito, dentre tantos valiosos dados históricos: "Fazer turismo sozinho é algo triste". Concordo contigo! Não saberia passear sem a "minha" Dri. As aspas apontam para a liberdade que nega a posse. Também não sei e não quero aprender, como é apossar-se de alguém. Tal coisa deve ser negada no mais absoluto de nossa essência: a energia primeira que nos faz existir. A mesma energia a fazer de teus pés, permanentes caminhantes por países e continentes. Com tua espraiada admiração, que compartilho! Élcio, Sorocaba/SP.
ResponderExcluirMuito querido Élcio,
Excluirmuito bom receber tua postagem, na celebração de aniversário de ‘tua’ Sorocaba. Estive uma vez na cidade. Lembro detalhes que foram significativos.
Hoje és tu que te fazes ícone em minhas evocações a cidade que te acolheu como filho que agora se faz vate, cultor da “Terra Rasgada” e pelos seus 363 anos a homenageias com a publicação literária destacando nosso bem-te-vi, que retrata, como conto-fábula, a agricultura ensinada à humanidade pela Natureza.
Obrigado por concederes a este blogue o privilégio de se associar às celebrações vividas neste dia da Assunção que aquele menino chegado há 32 anos na cidade que é prenhe de belíssimo significado: “Terra Rasgada”.
Mestre, sem querer lhe contrariar(entendi a frase, quem não gostaria das pessoas que ama por perto?): No entanto ninguém faz turismo sozinho, sempre se está com os outros. Já pensou nos milhares que lhe acompanham??? Alegremo-nos mutuamente, apesar da distância física.
ResponderExcluirGrande abraço.