sexta-feira, 4 de agosto de 2017

05.— Inauguram as edições hebdomadárias

ANO
 12
Agora, com edições semanais
EDIÇÃO
3310

 

 


Na última edição, na tentativa conferir uma sobrevida a este blogue, anunciei que haveria uma edição por semana, com circulação aos fins de semana. Esta é a primeira edição hebdomadária — palavra erudita para caracterizar um evento que ocorre a cada semana.

Escrevo no day after à lutuosa confirmação que os tempos temerosos se estenderão. Eu não tenho condições emocionais para narrar os sentimentos de tristeza e nojo que me assolam.

Esta escrita é tecido na viagem de mais de três horas entre Belém e Rio de Janeiro, donde prosseguirei à Porto Alegre.

Cheguei, pela segunda vez este ano, à capital do Pará na tarde de terça-feira. Ontem cumpri uma agenda com dois pontos. Pela manhã, com os colegas Leila do Socorro R. Feio, Licurgo P. de Brito e Jônatas Barros e Barros participei da defesa de tese da doutoranda Rocío Rubí Calla Salcedo, que teve como orientador o Prof. Dr. José Jerônimo de Alencar Alves. Na foto, da esquerda para direita: Jônatas, Jerônimo, Rocío Rubi, eu, Leila e Licurgo.

Rubí, professora da UFAP em sua tese OS PRIMORDIOS DO ENSINO DE CIENCIAS NA MODERNIDADE AMAPAENSE (1947–1963), investigou a introdução das Ciências no Território do Amapá, analisando os discursos dos governantes, os decretos de leis, os regulamentos, os jornais da época, arquivo do único colégio de então e outros fatores relacionados à educação. Foi possível perceber o movimento de introdução das disciplinas científicas no currículo do Colégio Amapaense em momentos específicos, atendendo aos discursos governamentais em vigor e em consonância com o projeto maior de introdução das ciências modernas na Amazônia e de toda atitude de estabelecimento dos novos costumes “modernos” na região.

Ao encerrar minha intervenção, onde trouxe análises e contribuições à versão final evoquei um dito atribuído a Tolstoi “Se quiseres conhecer o mundo, narra primeiro a tua aldeia”. Vi isso na postura da Rubi, uma peruana há 15 anos no Brasil, quis conhecer como ocorreu a introdução das Ciências no então Território Federal do Amapá criado em 1943; obtidas algumas respostas procurou ver como tal aconteceu na Amazônia e mesmo na multiculturalidade formada pelos Brasis.

À tarde atendi a convite do Grupo de Estudos em Educação Matemática e Cultura Amazônica (GEMAZ) e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Filosofia e História da Ciência (GFHC) falei para mais de 100 professores, mestrandos e doutorandos discutindo as exigentes e necessárias transição da certeza às incertezas. Nesta atividade tive a satisfação de ter um grupo de cerca de 40 graduandos do curso de Química que usam o livro A Ciência através dos tempos em uma de suas disciplinas.

Duas perguntas foram centrais na animação das discussões: Por que não houve revoluções científicas no Oriente? e Por que houve revoluções científicas no Ocidente?

Houve, então, uma terceira pergunta: acerca de nossas leituras do Ocidente e do Oriente: dados dois grupos: #1) Selvagens terroristas; #2) Pessoas de cultura... Quem é Ocidental? Quem é Oriental? Quem são os outros? Quem somos nós?

Depois deste relato de fazeres na primeira semana agostina anuncio uma segunda semana muito especial. Na segunda-feira vou a São Lourenço do Sul, para no campus da Universidade Federal do Rio Grande participar no Curso de Licenciatura em Educação do Campo Ênfase em Ciências da Natureza e Ciências Agrárias do 1º Seminário de Ciências na Educação do Campo: “Fortalecendo a Formação de Professores em Ciências da Natureza e Agrárias”.

Na quarta-feira viajo à Bogotá para da defesa da tese: ”Relaciones ciencia – religión y enseñanza de la evolución. Estudio de casos con profesores de biología de educación básica secundaria” na Universidad Distrital Francisco José de Caldas no Programa de Doctorado Interinstitucional em Educación e também para proferir um seminário “Desde a la certeza as las incertezas”.

Nesta viagem sonho conhecer Cartagena de Índias, pois quando em 2009 dei palestras em cinco diferentes universidades colombianas foi me dito que deixara de estar em uma das mais lindas cidades. Talvez, agora.

2 comentários:

  1. Cá estamos, novamente, querido amigo Chassot, andador de tantas terras por tantas "sementes". É assim que os crentes na espécie referem-se aos indivíduos. Veja e sinta o quanto a Natureza nos quer melhor: das tristezas "temer-nebrosas" de resultados vergonhosos e decisões maléficas, vamos para as alegrias de encontros e reencontros, debates e conversas sobre o ensino, a pesquisa, as possibilidades e tantas amizades, verdadeiras porque assim querem ser. Somos sim, criaturas prenhes de possibilidades, ainda que, às vezes, desesperançosas! Escrevo a ti, desta relíquia de tradições chamada Iguape/SP, 210 km de Sorocaba. A ela, ofereci a publicação "A Fonte", aqui lançada em 2014. Hoje, na Ilha Comprida/SP, mais ou menos "preso" pelo congestionamento na ponte que liga estes dois municípios, retomo um outro escrito que oferecerei à cidade banhada pelo Atlântico. Contigo e com teus leitores, cheios de afeição por este blog alternativo e digno, compartilho a imensidão que é olhar para o oceano da terra. Meu abraço, amigo querido!

    ResponderExcluir
  2. Prof. Estive em sua palestra proferida na UFPA " Da certeza ás incertezas" saí de lá com muitas interrogações, o que é muito salutar, e com uma exclamação foi muito bom dividir aquela tarde com alguém que nos acrescenta tanto através de seus questionamentos e de sua vivência. Obrigada e continuemos nossas buscas, que o senhor tenha um ótimo mês!
    Bárbara Castro.

    ResponderExcluir