ANO
11 |
EDIÇÃO
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“Este é o segundo
julgamento a que sou submetida em que a democracia tem assento, junto comigo,
no banco dos réus. Na primeira vez, fui condenada por um tribunal de exceção.
Daquela época, além das marcas dolorosas da tortura, ficou o registro, em uma
foto, da minha presença diante de meus algozes, num momento em que eu os olhava
de cabeça erguida enquanto eles escondiam os rostos, com medo de serem
reconhecidos e julgados pela história.”
Li a fala da Dilma
ontem, horas depois de ela ter falado no Senado nesta segunda que foi plúmbea e
chuviscosa. Reli hoje o texto. Emocionei-me mais ainda.
Disse hoje, a uma
jovem senhora, para quem filhos ainda são promessas: “Haverá um tempo que teus
filhos, ao contarem a História do Brasil a seus filhos, lerão para eles o texto
que hoje nos emociona!”. Então, teus filhos dirão: “E, tua avó, naquele agosto
que já vai longe, acompanhou o que fizeram para tirar do governo a primeira e
única mulher que foi duas vezes eleita Presidenta do Brasil!” Talvez, acrescentarão
narrativas acerca das alegrias que tiveste em duas eleições e da tristeza que
tu e milhões de brasileiros viveram quando a democracia foi mais uma vez
golpeada em nosso país.
“Peço que façam
justiça a uma presidenta honesta, que jamais cometeu qualquer ato ilegal, na
vida pessoal ou nas funções públicas que exerceu. Votem sem ressentimento. O
que cada senador sente por mim e o que nós sentimos uns pelos outros importa
menos, neste momento, do que aquilo que todos sentimos pelo país e pelo povo
brasileiro.
Peço: votem
contra o impeachment. Votem pela democracia.”