ANO
11 |
EDIÇÃO
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Trago, a comentário aqui, livro que vi apresentado na Zero Hora
desta quarta-feira. Não o li; mas resenhas do mesmo e entrevista com seu autor
autorizam-me não lê-lo e defender posição radicalmente antípoda: o professor deve ser um educador.
Armindo Moreira diz: “O
professor não deve ser educador de seus alunos, pois a verdadeira função do
professor é instruir. A missão de educar cabe à família.” Discordo. Não
posso / não devo / não quero ser professor de Química, por exemplo, para
instruir alunos em Química. Isso máquinas de ensinar fazem com muito mais
competência que eu.
Eu devo educar e para
tanto até posso usar exemplos científicos para mostrar o quanto conhecendo Química
podemos ajudar a transformar para melhor a maneira de
estarmos no Planeta e mostrar como o uso inadequado destes mesmos conhecimentos
pode degradar a qualidade da vida. Isso até pode ser competência da família,
mas ela pode não saber fazê-lo.
Devo posicionar-me politicamente acerca do (não) uso de
determinado conhecimento científico. Isso se aplica ao meu ser educador desde a
Educação Básica até em um curso de doutorado. Não há como sermos neutros diante
de um conhecimento. Posso/devo mostrar posições contrárias ante a uma mesma
situação e dizer qual é a minha posição. É evidente que jamais vou colocar como
exigência que os estudantes tenham que assumir — necessariamente — a minha
posição.
Essa não é uma situação exótica. Ela é muito comum em aulas de Ciências.
Tenho, não raro, alunos que se posicionam em favor do criacionismo ou do design
inteligente enquanto eu trago argumentos em favor do evolucionismo. Um aluno
que assume posições criacionistas pode ter, em uma aula minha, uma melhor
avaliação que um evolucionista.
Nós professores devemos buscar uma Educação para a privacidade.
Assim estaremos nos ajudando a garantir uma transformação saudável nesse novo e
exigente mundo digital. Isso não se faz com ‘manual de instrução’ e sim no exercício
de uma educada cidadania crítica.
Enquanto professores cabe-nos sermos educadores e não mero
repassadores de conteúdos. Estes estão cada vez estão mais facilmente
disponíveis. Usar alguns destes conhecimentos para fazer com eles Educação é
uma exigência que se impõe. Sou professor há 56 anos para fazer Educação.
Concordo plenamente com o senhor, Mestre. E confesso que tento, ao máximo, ser mais Educadora do que mera transmissora de conteúdo aos meus alunos.
ResponderExcluirCom orgulho, Thaiza!