Na manhã de sábado, a Gelsa e eu
fomos ao Mercado Público de Porto Alegre. Sábado, usualmente, é um dia muito
especial. Para quem, a cada duas semanas, tem aula aos sábados, a vigília do
domingo, integrada a um feriadão, foi algo ainda mais prazeroso. Assim, nesta
Semana da Pátria premiamo-nos com algo que muito curtimos: ir ao mercado. Isto
é uma dádiva que sempre incluímos em nossas viagens. Visitar estes artefatos
culturais tão impregnados nas relações dos humanos é usualmente fonte de muitos
aprenderes. Com o mercado da cidade não é diferentes. Os saberes, sabores e
olores, mesmo que familiares, trazem, a cada visita, dimensões diferentes e
oferecem novas leituras da história.
Dentre os estabelecimentos
comerciais, nenhum espaço parece ser tão democrático como um mercado. Miremos
‘consumidores’ de dois locais antípodas: uma fina loja de um shopping e uma ‘banca’
de um mercado. Neste parece haver mais confraternização, que enseja aprender
acerca de um chá ou de uma receita. A venda dos alimentos ‘a granel’ dos
armazéns de nossa infância é algo que os mercados ainda sabem preservar face
aos empacotados de agora.
É nas bancas de peixarias que
usualmente nos detemos mais. Desta vez algo inédito: compramos vieiras. Com
auxílio do gourmet Google a Gelsa transmutou a pequena porção em um prato
saboroso. Aliás, a gastronomia está na crista da onda. É surpreendente o número
de títulos de livros nas livrarias e de programas de televisão acerca do tema.
Por tal aquisição vieiras passam ser mote desta blogada. Meus conhecimentos
acerca deste fruto do mar era quase zero.
A Wikipédia ensina-me que vieiras (nome cientifico Pecten maximus) são
moluscos bivalves marinhos, isto é que tem duas conchas. Encontram-se em vários
oceanos, sendo bastante apreciadas como alimento refinado. Nos países de língua
inglesa são conhecidas como scallop e em francês como coquille
saint-jacques.
Vieiras são nadadores, sendo o único bivalve migratório, movendo-se por
propulsão com ajuda do músculo adutor.
As conchas coloridas em forma de
leque de vieiras são apreciadas por colecionadores e malacologistas
(=especialista em malacologia ou no estudos dos moluscos). As conchas de
vieiras são peças muito presentes em vários brasões heráldicos e muito ligadas
a representações de Santiago Maior, ostentado pelos peregrinos que vão a
Santiago de Compostela.
São Tiago Maior foi um dos doze
apóstolos de Jesus Cristo; e é chamado Maior (mais velho) para o diferenciar de
outro discípulo de Jesus de mesmo nome, conhecido como Tiago Menor (mais jovem).
Os nomes Tiago e Jaime derivam do
latim Iacobus, por sua vez uma latinização do nome hebraico Jacob
(aportuguesado em "Jacó") Com o decorrer do tempo, o nome evoluiu em
diversas direções linguisticas: manteve-se Jakob em alemão e noutras línguas
nórdicas, James em inglês, Giacomo em italiano e Jacques em francês.
Eis o porque da ligação deste fruto
do mar com Santiago (de Compostela). Assim, coquille saint-jacques significa ‘Concha de São Tiago’. A Concha é o símbolo do
peregrino que vai, em geral percorrendo grandes distâncias a pé ou de bicicleta,
a um dos santuários mais importantes do Ocidente: Santiago de Compostela, no
Norte da Espanha. Ela é pendurada em qualquer lugar do corpo ou em mochilas ou
bagagens. Segundo alguns a concha serve para beber água durante a peregrinação
e a mesma significa proteção e busca de conhecimento e deve ser devolvida ao
mar depois de completado o caminho. Há muitas histórias e lendas acerca da
presença da concha de vieira na peregrinação.
É também a concha representada em O Nascimento de Vênus de Botticelli que
tive o privilégio de ver na Galeria de Ufizze em Florença.
A mesma concha (em inglês: shell) é
também o símbolo e nome de uma das maiores empresas do Planeta. A origem da
marca Shell está vinculada as origens da Shell Transport and Trading Company.
Em 1833, o pai do fundador, chamado Marcus Samuel, fundou um importante negócio
para vender conchas marinhas a colecionadores de Londres. Ao coletar espécimes
de conchas marinhas na zona do mar Cáspio em 1892, o jovem Samuel se deu conta
de que havia potencial de exportar querosene desta região e pôs em serviço o
primeiro navio construído para transportar petróleo do mundo.
Tão saborosa quanto o iguaria
preparada pela Gelsa foram os conhecimentos que as vieiras catalisaram.
Na manhã de sábado, a Gelsa e eu
fomos ao Mercado Público de Porto Alegre. Sábado, usualmente, é um dia muito
especial. Para quem, a cada duas semanas, tem aula aos sábados, a vigília do
domingo, integrada a um feriadão, foi algo ainda mais prazeroso. Assim, nesta
Semana da Pátria premiamo-nos com algo que muito curtimos: ir ao mercado. Isto
é uma dádiva que sempre incluímos em nossas viagens. Visitar estes artefatos
culturais tão impregnados nas relações dos humanos é usualmente fonte de muitos
aprenderes. Com o mercado da cidade não é diferentes. Os saberes, sabores e
olores, mesmo que familiares, trazem, a cada visita, dimensões diferentes e
oferecem novas leituras da história.
Dentre os estabelecimentos
comerciais, nenhum espaço parece ser tão democrático como um mercado. Miremos
‘consumidores’ de dois locais antípodas: uma fina loja de um shopping e uma ‘banca’
de um mercado. Neste parece haver mais confraternização, que enseja aprender
acerca de um chá ou de uma receita. A venda dos alimentos ‘a granel’ dos
armazéns de nossa infância é algo que os mercados ainda sabem preservar face
aos empacotados de agora.
É nas bancas de peixarias que
usualmente nos detemos mais. Desta vez algo inédito: compramos vieiras. Com
auxílio do gourmet Google a Gelsa transmutou a pequena porção em um prato
saboroso. Aliás, a gastronomia está na crista da onda. É surpreendente o número
de títulos de livros nas livrarias e de programas de televisão acerca do tema.
Por tal aquisição vieiras passam ser mote desta blogada. Meus conhecimentos
acerca deste fruto do mar era quase zero.
A Wikipédia ensina-me que vieiras (nome cientifico Pecten maximus) são
moluscos bivalves marinhos, isto é que tem duas conchas. Encontram-se em vários
oceanos, sendo bastante apreciadas como alimento refinado. Nos países de língua
inglesa são conhecidas como scallop e em francês como coquille
saint-jacques.
Vieiras são nadadores, sendo o único bivalve migratório, movendo-se por
propulsão com ajuda do músculo adutor.
As conchas coloridas em forma de
leque de vieiras são apreciadas por colecionadores e malacologistas
(=especialista em malacologia ou no estudos dos moluscos). As conchas de
vieiras são peças muito presentes em vários brasões heráldicos e muito ligadas
a representações de Santiago Maior, ostentado pelos peregrinos que vão a
Santiago de Compostela.
São Tiago Maior foi um dos doze
apóstolos de Jesus Cristo; e é chamado Maior (mais velho) para o diferenciar de
outro discípulo de Jesus de mesmo nome, conhecido como Tiago Menor (mais jovem).
Os nomes Tiago e Jaime derivam do
latim Iacobus, por sua vez uma latinização do nome hebraico Jacob
(aportuguesado em "Jacó") Com o decorrer do tempo, o nome evoluiu em
diversas direções linguisticas: manteve-se Jakob em alemão e noutras línguas
nórdicas, James em inglês, Giacomo em italiano e Jacques em francês.
Eis o porque da ligação deste fruto
do mar com Santiago (de Compostela). Assim, coquille saint-jacques significa ‘Concha de São Tiago’. A Concha é o símbolo do
peregrino que vai, em geral percorrendo grandes distâncias a pé ou de bicicleta,
a um dos santuários mais importantes do Ocidente: Santiago de Compostela, no
Norte da Espanha. Ela é pendurada em qualquer lugar do corpo ou em mochilas ou
bagagens. Segundo alguns a concha serve para beber água durante a peregrinação
e a mesma significa proteção e busca de conhecimento e deve ser devolvida ao
mar depois de completado o caminho. Há muitas histórias e lendas acerca da
presença da concha de vieira na peregrinação.
É também a concha representada em O Nascimento de Vênus de Botticelli que
tive o privilégio de ver na Galeria de Ufizze em Florença.
A mesma concha (em inglês: shell) é
também o símbolo e nome de uma das maiores empresas do Planeta. A origem da
marca Shell está vinculada as origens da Shell Transport and Trading Company.
Em 1833, o pai do fundador, chamado Marcus Samuel, fundou um importante negócio
para vender conchas marinhas a colecionadores de Londres. Ao coletar espécimes
de conchas marinhas na zona do mar Cáspio em 1892, o jovem Samuel se deu conta
de que havia potencial de exportar querosene desta região e pôs em serviço o
primeiro navio construído para transportar petróleo do mundo.
Tão saborosa quanto o iguaria
preparada pela Gelsa foram os conhecimentos que as vieiras catalisaram.
Mestre Chassot,
ResponderExcluirNão tendo sido uma das eleitas para saborear os quitutes de vieiras preparados pela professora e gourmet Gelsa, devo dizer que saboreei as iguarias catalisadas por vieiras ofertadas pelo mestre,
Com água na boca
Cíntia
Querido Chassot!
ResponderExcluirNão sei se sabes que meu pai é, antes de museólogo, Malacólogo. Seu orientador Eliézer Rios, que conheceste, finado em abril, fora o mais ilustre malacólogo do Brasil. Sempre apreciei vieiras, ostras e mexilhões. Tanto para fins gastronômicos quanto estéticos. Ainda hoje dei uma aula sobre a evolução dos moluscos e mostrei aos pimpolhos exemplares de Pecten maximus, atuais e fósseis. Sua simbologia é realmente forte, constava no brasão do papa Ratzinger e também é o símbolo da Shell, pois indica petróleo no extrato onde é encontrada… Levarei tua blogada para a sala de aula.
A admiração do
Guy B. Barcellos
Se "Vieiras" simboliza o peregrino que percorre grandes distâncias, logo é possível dizer que o mestre é um legítimo vieiras!!!
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