ANO
9 |
EDIÇÃO
3053
|
Encerro, nesta
sexta-feira, um tríduo em Cuiabá. Cheguei aqui na quarta, no final da manhã. À
tarde, fiz a palestra “Assestando óculos
para ver mundo””. Ontem, falei em duas ‘Rodas de Saberes e Sabores’ pela manhã: Saberes
primevos fazendo-se saberes escolares” e à tarde:
“Das disciplinas à indisciplina”. A foto é de momento desta Roda.
Hoje pela manhã, encerro meu ciclo na cidade considerada como o
centro geodésico da América do Sul com a palestra: “Das novas exigências ao estar mundo da Academia”. Estas quatro falas se constituíram em parte da programação da JORNADA CUIABANA DE ENSINO DE
QUÍMICA COM CHASSOT: O FAZER/ENSINAR CIÊNCIAS NA DIVERSIDADE organizada pelo Laboratório
de Pesquisa em Ensino de Química da UFMT. Envolvendo especialmente professoras e
professores indígenas, quilombolas e do campo. Mais uma vez aprendo mais que
ensino.
Vivo, mais uma vez a rica oportunidade de conviver
intensamente com professoras e professores do estado de Mato Grosso, alguns
deles, como a delegação de Tangará da Serra, viajaram 270 km para participar
desta jornada. Com estes evoquei uma estada na cidade deles há uns anos, onde
falei em um circo lotado.
Mas estando aqui, de repente vejo-me invadido por outras
evocações nostálgicas de diferentes estar aqui. Não sei o porquê, mas esta
cidade entrou muito forte em minha história de educar nas Ciências, com fases
muito diversas e com fazeres dispares.
A primeira vez que estive aqui foi em 1975. Meu
destino era, o
então Território Federal de Rondônia (que passou a categoria de Estado em 1986)
onde fiquei de 6 de janeiro a 6 de fevereiro. Então participei como professor
de Química no Curso de Licenciatura de 1º Grau, que a UFRGS mantinha no seu
Campus Avançado de Porto Velho. Essa atividade era parte do Projeto Rondon.
Recordo que partimos da Base Aérea de Canoas, em um velho DC-3 da FAB. Era
talvez a minha segunda viagem de avião. A viagem era uma operação militar e a
fizemos em duas etapas. No primeiro dia viemos até Cuiabá, de onde partimos,
como previsto, só no dia seguinte. Não recordo onde dormimos (hotel ou
quartel), mas sei que a janta foi num quartel. No mesmo DC3, voamos a Porto
Velho.
Nos anos 80 tive uma participação em um curso de
especialização na UFMT, permanecendo aqui mais de duas semanas. Já então, como
recordou nesta quarta a professora Salete, que fora aluna do curso, orientei
várias monografias de conclusão que tinham como proposta a busca de saberes da
tradição regional.
No final dos anos 90 trabalhei num mestrado de
ensino de Ciências, na UFMT. Participei de seminários e orientei minha primeira
mestranda. Em 13 de dezembro de 1996, Irene Cristina de Mello, hoje doutora e atual Pró-Reitora
de Graduação da UFMT, defendeu sua dissertação Contribuições
ao ensino da Tabela Periódica privilegiando a História da Ciência. Eu, então, abria a minha lista
de orientados, que neste julho de 2015, terá agregado seu 31º nome. Deste
mestrado ficou-me como colega e amiga muito próxima a Elane Soares, de cuja banca de defesa de mestrado
participei. Ela se faz de minha biógrafa em uma atividade quando realizou seu
doutorado da PUCRS. A Elane neste tríduo de 2015 foi presença.
A partir de então posso lembrar várias vindas à
Cuiabá. Mesmo que não esteja aqui com meus diários recordo várias estadas na
UFMT em eventos, bancas e também em pelo menos duas oportunidades nas escolas salesianas: São Gonçalo e Sagrado Coração
de Jesus.
Remexendo neste baú de saudades lembro que em diferentes
estadas aqui visitei a igreja de Nossa
Senhora do Bom Despacho, que querem alguns seja uma miniatura da Notre Dame de
Paris e imponente mesquita islâmica. Em 2010 estive no grande templo da
Assembleia de Deus que tem a capacidade para 22 mil pessoas sentadas e mais 8
mil em pé. Claro que me imaginei ali fazendo a palestra ‘A Ciência é masculina?’ com templo lotado.
Algo
mais que me liga de maneira continuada a esta cidade é saber-me próximo um
artista que conheço desde 1993 e do qual tenho três obras em minha casa. Mais
de uma vez visitei Nilson Pimenta, um dos mais importantes artistas naif brasileiros
em seu ateliê na UFMT. Nilson em suas obras descreve as relações homem-bicho na
vida interiorana. “Onças, caititus, jacarés, sucuris, mateiros, macacos,
urubus, cães, cavalos e bois se consomem nessa relação com o homem, fera maior.
Acuados, mais vencidos do que vencedores, homens toscos, enxadas e foices nas
mãos, lutam, procriam, matam, morrem e vivem cenas atrozes nos bastidores do
Brasil agrário. É a visão da vida esquecida no interior, do interior, “brabo” e
surdo que aparece nas telas do lavrador que se fez pintor”. Na ilustração uma
amostra pequena para pensarmos em grande artista.
Se
não laboro em equívoco, minha última estada aqui foi em novembro de 2010. Vim convidado para o Seminário
Educação 2010: Educação, Formação de Professores e suas dimensões sócio-históricas:
Convergências e tensões, um evento que reuniu cerca de 1.500
pessoas. Entre outros pontos de agendas tive uma fala nesse evento.
Ofereço estas evocações, de maneira particular, aos
colegas da UFMT, Profa. Dra. Mariuce Campos de Moraes e a Eduardo Ribeiro Mueller, meu
orientando de doutorado. Uma gratidão muito especial a todos que muito me
ensinaram nestes três dias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário