ANO
9 |
EDIÇÃO
3052
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Na aula da Universidade do Adulto Maior, da semana passada,
lemos e analisamos a carta que a Professora Titular de
Imunologia da PUCRS Cristina Bonorino, Pesquisadora 1C do CNPq, enviou ao bioquímico
britânico Richard Timothy Hunt, Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina, em 2001,
pela descoberta das ciclinas, proteínas que regulam a divisão das células. Na
carta a Professora faz críticas a posturas machistas e sexistas do cientista
laureado. Este texto pode ser lido na integra em http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/proa/noticia/2015/06/cristina-bonorino-a-caca-4779447.html
Desta leitura surgiu proposta que se
completou na tarde desta segunda-feira. Transcrevo o documento assinado por 35
alunos (houve ausências, pois alguns estavam em processo de matrícula para
2015/2) nascidos a partir de 1922.
Porto Alegre, 22 de junho
de 2014.
Estimada Professora
Cristina Bonorino,
quem lhe escreve esta
carta são mulheres e homens, enquadrados socialmente como ‘velhos’, ou mais
carinhosamente ditos vivendo a ‘melhor idade’. Na nossa aula do dia 15, na Universidade
do Adulto Maior do Centro Universitário Metodista IPA, o professor Attico
Chassot, responsável pelo seminário Enfoque Histórico e
Sócio-Antropológico, leu seu artigo publicado no dia anterior
no caderno PrOA, no qual a senhora
responde à audácia e ao arroubo machista do bioquímico britânico Tim Hunt.
À leitura do texto,
seguiram-se calorosas discussões, que destacaram sua coragem e postura valorosa
questionando a uma cabeça coroada com um Prêmio Nobel e seu jogo de palavras feito
com o sobrenome do caçador machista. Depois de entusiasmadas adesões à sua
postura, uma de nós sugeriu: Temos que
transmitir nossa admiração à Professora Cristina. A sugestão se ampliou: Temos que fazer um texto coletivo.
Convenhamos, algo difícil escrever um texto coletivamente num grupo bastante
díspar como o nosso, que envolve quase quarenta pessoas. Na aula seguinte (22
de junho), amealhamos algumas sugestões do que havíamos discutido, para levar a
seu conhecimento. Esta carta é o resultado disso.
Todos nós somos do tempo
que se escrevia cartas, mas também nos adaptamos e nos propusemos a procurar
seu endereço eletrônico para enviar nossas posições. Alguém até sugeriu (e
acertou) que talvez a senhora pudesse ter Facebook e poderíamos postar ali. Mas,
ao fim, decidimos mesmo mandar para seu email. Eis o que desejamos que conheça:
A síntese já foi dita:
reconhecer a nossa admiração por sua coragem em afrontar, com elegância e
precisão, um cientista de renome internacional. Foi destacado quanto as
posturas machistas de Hunt estão em dissonância com sua maneira não
preconceituosa de estar no mundo. Quando ele propõe laboratórios separados para
homens e mulheres, a senhora destaca que poderão ocorrer nesses espaços amores
entre mulheres e também entre homens.
Houve que sugerisse que na
carta devêssemos dizer que a senhora ‘matou a cobra e mostrou o pau’. Outro
sugeriu que se reconhecesse que a senhora ‘deu um laçaço de relho em um
machista’.
Sejam quais forem as
diferentes manifestações de nosso grupo, estamos lhe escrevendo para manifestar
nosso orgulho e nossa admiração pela maneira como uma mulher cientista soube
afrontar alguém que contradiz algo que a senhora escreveu no texto: "A paixão, na ciência, ao invés de
distração, é combustível inextinguível para a caça aos novos
conhecimentos".
Com admiração,
(seguem-se as assinaturas)
Soneto-acróstico
ResponderExcluirÀ igualdade
Machos e fêmeas sempre iguais serão
Assim os concebeu a sábia natureza
Contestar aquele evento da evolução
Há que manter a discriminação acesa.
Infenso à igualdade, machismo grassa
Seja na arraia miúda, ou entre nobéis
Toda essa gente defecando na praça
Apedeutas idiotas vão fazendo papéis.
É lamentável que isso aconteça ainda
Burrice da mais peçonhenta qualidade
Uma vez machista, seu respeito finda.
Richard Timothy Hunt e a bestialidade
Rei do besteirol que mundo prescinda
Opositor da integração e da igualdade.
Caro Mestre Chassot, permita-me a audácia de incorporar o advocatus diaboli e defender o laureado cientista. Não vejo as afirmações do mesmo com os mesmos olhos de nossa ferrenha crítica. Acredito que a mesma, não sei até que ponto inocentemente, deturpou o real sentido. Vejo as palavras do intelectual muitos mais como um elogio as mulheres do que como uma crítica, e digo mais, até compartilho de sua opinião, pois inegavelmente a beleza feminina nos inebria e muitas das vezes nos desvia atenção. E isso é tão verdade que comerciais de tv, recepcionistas, aeromoças, grandes vendedoras etc. são lugares de belas mulheres. Como diria Vinicius "Me perdoem as feias, mas beleza é fundamental."
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