ANO
9 |
EDIÇÃO
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A mega-semana passou. Foi (ex)(in)tensa. Aulas
em três turmas. Quatro companhias aéreas em quatro dias. Três viagens em três
estados com cinco palestras. Uma semana assim merece um retrospecto.
Nas aulas de Teorias do Desenvolvimento Humano,
nas turmas da manhã de segunda e da noite de terça, assistimos Homo
Sapiens 1900 um documentário sueco dirigido por Peter Cohen. Baseado em
extensa pesquisa de fotos e cenas raros de arquivo, o filme discute como a
eugenia e a limpeza racial foram defendidas como formas de aperfeiçoar a
espécie humana e criar um novo homem. Esses conceitos foram pesquisados no
decorrer do século 20, com várias tentativas de transformá-los em realidade. Homo Sapiens 1900 é um documento
precioso sobre a manipulação biológica como arma para eliminar todos os que não
se adaptam ao padrão racial imposto por um modelo fascista de ideal humano.
Na aula da Universidade
do Adulto Maior, na tarde de segunda, o planejado não ocorreu. Comentário de
duas preposições em/de, ou melhor, duas contrações no/do em igreja luterana no
Brasil/ em igreja luterana do Brasil
evocam posturas mais ou menos machistas. Isso terminou que viajássemos a
imigração alemã no Sul do Brasil e catalisou falarmos de transubstanciação e do
julgamento de Galileu,
Na
quarta fui à Floripa. A viagem POA/FLN/POA, com menos de sete horas entre a partida
e chegada em Porto Alegre, teve por quase quatro horas na UFSC um saboroso
ritual acadêmico: a banca de avaliação do Prof. Dr.
Walter Antonio Bazzo, Engenheiro Mecânico, Mestre em Ciências Térmicas e Doutor
em Educação que postula a promoção à classe de Professor Titular da Carreira do
Magistério. Foi muito conhecer a quebra paradigmática de um ‘praticante’ da Ciência
hard se transmutar com competências para uma Ciência dita soft. Foi um
aprendizado privar com colegas da InB, USP e UFSC.
Se a semana havia sido anunciada coma
magna, no dia 28 foi uma tetra-quinta. Pela manhã, falei na EEFM Cons. Edgar Marques de Mattos. À tarde, a fiz palestra em Caiçara para
professoras e professores de três escolas estaduais e depois na ainda à tarde, na
EEFM Sepé Tiaraju. Após esta fala, na casa da Lúcia e do Vanderlei com seus filhos
Luvander e Giovana, recebi acarinhamentos muito fraternais. À noite, o momento
maior: a convite do Programa de Pós Graduação
em Educação da URI ministrei uma aula especial, onde discuti exigências para
estar na Academia hoje. A Uri em http://www.fw.uri.br/site/ noticia/1685/uma-grande-aula- no-mestrado-em-educacao narrou o evento.
Assim, como em cada uma das três falas
fui mimado com presentes, na URI recebi das mãos da Profa. Dra. Edite Maria Sudbrack, coordenadora
do Programa de Pós Graduação em Educação, uma placa muito significativa,
referindo meu ser professor.
Na sexta
viajei a Curitiba e de lá fui a Matinhos, para estar na UFPR, campus litoral.
Mesmo que aí tenha feito uma fala para mais de 300 educadores de diferentes
estados do Brasil, devo registrar que nesta viagem mais aprendi do que ensinei.
Nas duas viagens de 120 km, entre São José dos Pinhais/Caiobá, num almoço na
Mata Atlântica, num jantar em um rústico e belo restaurante e nos diferentes momentos
de convívio conheci uma original maneira de ser universidade. Deveria citar
pelo menos uma dezena de alunos e professores que compartiram suas ideias
comigo. Não o faço para não pecar por omissão. Ainda pretendo aprofundar este
relato acerca da UFPR, kutoral que afirma que “Educação é sua praia”. Após a
palestra houve emocionantes depoimentos, autógrafos vários livros e tirei
muitas fotos, muitas das quais estão no Facebook. Recebi da instituição uma
escultura em madeira representando Dom Quixote.
Quando pensei
a mega semana já tinha me gratificado ao máximo, uma surpresa. A viagem, na madrugada,
de Caiobá ao aeroporto deu-me um grande presente. Lembrei-me da peça teatral de
Guilherme de Figueiredo ‘Um deus dormiu lá casa’. O professor Valentim da Silva
é um herói. Até janeiro de 2004 ele era borracheiro. Foi esta profissão que lhe
garantiu pagar a licenciatura em Química. Após ele fez mestrado em Agronomia e
doutorado em Química, ambos os cursos sem bolsa, mantendo-se com exercício do
magistério, 40 horas semanais, na rede estadual. Hoje ele é Professor de uma
universidade federal, em regime de dedicação exclusiva na área de ensino de Ciência.
Lamento não ter gravado as quase duas horas de viagem. Vale conhecer a história
de como borracheiro se transmutou em professor de Ciências.
Certamente
algum leitor deste excerto de resumo há que questionar, algo semelhante ao que me
foi perguntado mais de uma vez neste meu périplo, depois da segunda-feira: foste à palestra do Richard Dawkins? Pediste
autógrafo? Um dos meus interrogantes, na noite de sexta, me contou
inclusive do acidente que ele sofreu em São Paulo.
Fui
a palestra. Não pedi autógrafo. Em um auditório com cerca de 4 mil pessoas, é
quase um desrespeito ao autor; mesmo que muito desejasse ser assim assediado. A
palestra teve dois tempos de 60 + 30 minutos: 1º) uma aula de Biologia acerca
de evolucionismo e disputas entre genes. Um geneticista meu amigo, com quem falei
ao final, disse que Richard Dawkins
está muito desatualizado. Eu, como não tenho uma base sólida em genética,
gostei. 2º) Algumas respostas a perguntas, a maioria acerca de Ciência e Religião.
Saiu-se muito bem. Foi um radical moderado. Foi aplaudidíssimo quando fez críticas
às religiões. Talvez, possa inferir que um número muito significativo dos
presentes fosse de ateus.
Houve
mais nesta semana, mais realizações. Vibro com minha semana e por tal esse
excerto deste diário. E... que venha junho.