domingo, 31 de maio de 2015

31.- EXCERTO DE MEU DIÁRIO


ANO
 9
EDIÇÃO
 3044

A mega-semana passou. Foi (ex)(in)tensa. Aulas em três turmas. Quatro companhias aéreas em quatro dias. Três viagens em três estados com cinco palestras. Uma semana assim merece um retrospecto.
Nas aulas de Teorias do Desenvolvimento Humano, nas turmas da manhã de segunda e da noite de terça, assistimos Homo Sapiens 1900 um documentário sueco dirigido por Peter Cohen. Baseado em extensa pesquisa de fotos e cenas raros de arquivo, o filme discute como a eugenia e a limpeza racial foram defendidas como formas de aperfeiçoar a espécie humana e criar um novo homem. Esses conceitos foram pesquisados no decorrer do século 20, com várias tentativas de transformá-los em realidade. Homo Sapiens 1900 é um documento precioso sobre a manipulação biológica como arma para eliminar todos os que não se adaptam ao padrão racial imposto por um modelo fascista de ideal humano.
Na aula da Universidade do Adulto Maior, na tarde de segunda, o planejado não ocorreu. Comentário de duas preposições em/de, ou melhor, duas contrações no/do em igreja luterana no Brasil/ em igreja luterana do Brasil evocam posturas mais ou menos machistas. Isso terminou que viajássemos a imigração alemã no Sul do Brasil e catalisou falarmos de transubstanciação e do julgamento de Galileu,
Na quarta fui à Floripa. A viagem POA/FLN/POA, com menos de sete horas entre a partida e chegada em Porto Alegre, teve por quase quatro horas na UFSC um saboroso ritual acadêmico: a banca de avaliação do Prof. Dr. Walter Antonio Bazzo, Engenheiro Mecânico, Mestre em Ciências Térmicas e Doutor em Educação que postula a promoção à classe de Professor Titular da Carreira do Magistério. Foi muito conhecer a quebra paradigmática de um ‘praticante’ da Ciência hard se transmutar com competências para uma Ciência dita soft. Foi um aprendizado privar com colegas da InB, USP e UFSC.
Se a semana havia sido anunciada coma magna, no dia 28 foi uma tetra-quinta. Pela manhã, falei na EEFM Cons. Edgar Marques de Mattos. À tarde, a fiz palestra em Caiçara para professoras e professores de três escolas estaduais e depois na ainda à tarde, na EEFM Sepé Tiaraju. Após esta fala, na casa da Lúcia e do Vanderlei com seus filhos Luvander e Giovana, recebi acarinhamentos muito fraternais. À noite, o momento maior: a convite do Programa de Pós Graduação em Educação da URI ministrei uma aula especial, onde discuti exigências para estar na Academia hoje. A Uri em http://www.fw.uri.br/site/noticia/1685/uma-grande-aula-no-mestrado-em-educacao narrou o evento.
Assim, como em cada uma das três falas fui mimado com presentes, na URI recebi das mãos da Profa. Dra. Edite Maria Sudbrack, coordenadora do Programa de Pós Graduação em Educação, uma placa muito significativa, referindo meu ser professor.
Na sexta viajei a Curitiba e de lá fui a Matinhos, para estar na UFPR, campus litoral. Mesmo que aí tenha feito uma fala para mais de 300 educadores de diferentes estados do Brasil, devo registrar que nesta viagem mais aprendi do que ensinei. Nas duas viagens de 120 km, entre São José dos Pinhais/Caiobá, num almoço na Mata Atlântica, num jantar em um rústico e belo restaurante e nos diferentes momentos de convívio conheci uma original maneira de ser universidade. Deveria citar pelo menos uma dezena de alunos e professores que compartiram suas ideias comigo. Não o faço para não pecar por omissão. Ainda pretendo aprofundar este relato acerca da UFPR, kutoral que afirma que “Educação é sua praia”. Após a palestra houve emocionantes depoimentos, autógrafos vários livros e tirei muitas fotos, muitas das quais estão no Facebook. Recebi da instituição uma escultura em madeira representando Dom Quixote.
Quando pensei a mega semana já tinha me gratificado ao máximo, uma surpresa. A viagem, na madrugada, de Caiobá ao aeroporto deu-me um grande presente. Lembrei-me da peça teatral de Guilherme de Figueiredo ‘Um deus dormiu lá casa’. O professor Valentim da Silva é um herói. Até janeiro de 2004 ele era borracheiro. Foi esta profissão que lhe garantiu pagar a licenciatura em Química. Após ele fez mestrado em Agronomia e doutorado em Química, ambos os cursos sem bolsa, mantendo-se com exercício do magistério, 40 horas semanais, na rede estadual. Hoje ele é Professor de uma universidade federal, em regime de dedicação exclusiva na área de ensino de Ciência. Lamento não ter gravado as quase duas horas de viagem. Vale conhecer a história de como borracheiro se transmutou em professor de Ciências.
Certamente algum leitor deste excerto de resumo há que questionar, algo semelhante ao que me foi perguntado mais de uma vez neste meu périplo, depois da segunda-feira: foste à palestra do Richard Dawkins? Pediste autógrafo? Um dos meus interrogantes, na noite de sexta, me contou inclusive do acidente que ele sofreu em São Paulo.
Fui a palestra. Não pedi autógrafo. Em um auditório com cerca de 4 mil pessoas, é quase um desrespeito ao autor; mesmo que muito desejasse ser assim assediado. A palestra teve dois tempos de 60 + 30 minutos: 1º) uma aula de Biologia acerca de evolucionismo e disputas entre genes. Um geneticista meu amigo, com quem falei ao final, disse que Richard Dawkins está muito desatualizado. Eu, como não tenho uma base sólida em genética, gostei. 2º) Algumas respostas a perguntas, a maioria acerca de Ciência e Religião. Saiu-se muito bem. Foi um radical moderado. Foi aplaudidíssimo quando fez críticas às religiões. Talvez, possa inferir que um número muito significativo dos presentes fosse de ateus.
Houve mais nesta semana, mais realizações. Vibro com minha semana e por tal esse excerto deste diário. E... que venha junho.

3 comentários:

  1. O que encanta lendo seu diário é saber que todo este esforço dedicado num pluralismo de atividades intensas ocorrem de forma entusiástica como se fosse um menino repleto encanto pelo saber. Incrível. Palavras são insuficientes para descrever. Digo porque meus olhos já testemunharam não poucas vezes. Saúde para continuares encantando pessoas com seus saberes. Grande abraço.

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  2. No dia 28/5 foi um dos melhores dias que eu já tive. Espero que o senhor volte nos visitar novamente, mestre. Porque a gente aprende muito com o senhor.Um forte abraço.
    Luvander.

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  3. Professor...

    O Sr é de uma humanidade que não existe... me sinto super lisonjeado com suas palavras, e claro super emocionado...
    Não é um espaço nem um momento apropriado para usar de palavras o sentimento que me invade e que o Sr me permite vivenciar neste momento...
    Embora tenha contado minha história de vida, era no sentido de dizer o porque que acredito que uma educação outra e não esta tradicional é necessária... pois entendo que pessoas pobres como eu pagam um alto preço para encontrar a dignidade na educação.

    Professor muitíssimo obrigado pela sua demonstração de carinho para com minha história de vida, muitíssimo obrigado por ter nos brindado com sua excelência humana... Muitíssimo obrigado por fazer parte dessa construção que chamamos de UFPR Litoral - "Educação é a nossa praia"...

    Um abraço gigantesco e que o universo conspire para que possamos nos encontrar muitas vezes.

    Orgulho em retribuir as palavras...

    Do seu Amigo Valentim

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