quarta-feira, 19 de novembro de 2014

19.- LEANDRO KONDER, UM FILÓSOFO QUE QUE FAZ DIFERENÇA.

ANO
 9
LIVRARIA VIRTUAL em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 2962

Na blogada desta terça referi: nos últimos dias ocorreram duas mortes — Leandro Konder e Manoel de Barros — que participam da tessitura da história de nossa formação intelectual. Dizia, então: quando morrem pessoas públicas, de maneira mais especial aquelas que habitam nossa biblioteca, há um luto epistêmico.
Ontem, celebrava o poeta pantaneiro, hoje, aqui e agora, os louros da imortalidade vão para o filósofo. Os filósofos estão sempre muito presentes, pois soem fazer de nossas bibliotecas ágoras — a praça principal das cidades gregas — onde estão, de vez em vez, trocando ideias. Reconheço as vozes de Sócrates, Platão, Aristóteles, em outros momentos surpreendo conversas entre Marx, Kant, Nietzsche... Agrada-me quando estão no coreto Kuhn e Feyerabend. Nos últimos dias Leandro Konder tem estado muito por aqui. Ele tem uma intimidade com Marx, como pouco.
Se o festejado de ontem tinha presença em duas dimensões em minha biblioteca, com o homenageado de hoje não é diferente. Em 1998, junto com meu amigo filósofo Renato José de Oliveira organizamos Ciência, Ética e Cultura na Educação. Convidamos professores doutores na área do ensino de Ciências para escreverem textos que poderiam ser enfeixados no título que propusemos à obra. Cada um dos doze textos teve um pré-leitor, em geral orientandos ligados aos autores. O livro teve outra originalidade, cada um dos doze autores principais escreveu, na primeira pessoa do singular, cerca de uma lauda sobre sua trajetória acadêmica.
A apresentação da obra, que teve sucesso e foi reeditada em 2001, foi de Leandro Konder, que fora orientador de doutorado do Renato. Um excerto de Fazendo uma tessitura nas conversas entre professoras e professores está na quarta capa é reproduzida na ilustração.
De garimpar na imprensa transcrevo: O filósofo Leandro Konder morreu nesta quarta-feira, aos 78 anos. Ele é reconhecido como um dos autores brasileiros mais presentes nos estudos sobre Karl Marx, lecionando e escrevendo livros sobre a difusão de seu pensamento.
Leandro Konder era professor da PUC-Rio e da UFF. Filho do líder comunista Valério Konder, foi preso e torturado durante a ditadura militar e se exilou, em 1972, na Alemanha e, posteriormente, na França. Regressou ao país em 1978 e passou a se dedicar com afinco ao estudo das obras de Gyorgy Lukács e ao seu projeto de difundir os estudos do marxismo em terras brasileiras.
Konder integrava um grupo formado há aproximadamente 15 anos por intelectuais, os Comuníadas (nome formado pela mistura de comunistas com 'Os Lusíadas', de Camões), que se reunia uma vez por mês para celebrar a literatura e a arte. O cineasta Zelito Viana, um dos integrantes do grupo — que reúne ainda nomes como Ferreira Gullar, Sérgio Cabral, Milton Temer, Walter Carvalho e Roberto Freire A última reunião aconteceu há um mês, com a participação de Konder.
Ele aceitava as diferenças. Era um democrata visceral, apesar de ser ao mesmo tempo uma pessoa radical, que saiu do PT, fundou o PSOL. Ele tinha uma posição bem nítida de esquerda, era firme, porém aceitava o diálogo, era um democrata, entendia a posição dos outros. Uma pessoa rara.

3 comentários:

  1. Quando na faculdade, líamos e debatíamos Leandro Konder, ele nos fazia pensar. Abraços, JAIR.

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  2. Uma homenagem tocante, caro amigo e mestre Chassot. Leandro Konder, como filósofo e educador, é imortal. O corpo nada significa quando o legado jamais perece. É o que este seu amigo, Renato José de Oliveira tem a escrever por ora.

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  3. Leandro Konder, um entusiasta no estudo da Dialética como um “processo de autocriação do homem a transformação da sociedade”. Para ele o diálogo, as discussões, as contradições como mecanismos para a transformação social. Vai além da lógica. Entende-a como uma maneira de pensar elaborada de pensar o novo.
    Seus ensinamentos permeiam muitas boas práticas na luta por uma sociedade mais humana. Um imortal.

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