segunda-feira, 6 de outubro de 2014

06.- UMA SEGUNDA-FEIRA RESSACOSA.


ANO
 9
Livraria virtual em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 2918

 Não é uma segunda-feira trivial. A semana que começa se encerrará com um não-feriado (pois 12 de outubro é domingo). A semana inicia marcada com  com rescaldos do festivo dia eleitoral de ontem.
Os resultados são de decepção, por que não dizer de tristeza. São também de alegrias. No Rio Grande do Sul, a derrota de Olívio para o senado, com uma diferença de em torno de 1% foi sofrida. Aqui, para o governo do Estado, o primeiro lugar, foi um azarão. Sartori tinha modestos 10% e terminou em flamante primeiro lugar. Ana Amélia, estourada em primeiro lugar durante as pesquisas, ficou num distante terceiro lugar. Aliás, as pesquisas (especialmente as de boca de urna) erraram fragorosamente aqui.
Nossas maiores alegrias, ao lado de um bom desempenho para o governo do Estado, ficaram com o sucesso de Dilma, ofuscado um pouco pela votação surpreendente de quem disputará com ela o segundo turno.
Nesta noite de domingo, de maneira continuada voltei à noite do último domingo de outubro de 2002 que culminou em risos e em lágrimas. Lembro que, quando tinha filhos pequenos, fui um voraz contador de história. Na noite do último domingo de outubro de 2002, um personagem de então, veio do imaginário fantástico e se fez real. Janus, nas minhas historinhas, era um menino que ria e chorava ao mesmo tempo, ou melhor, um lado do rosto chorava e outro ria.
O difícil era entender que emoções do dia 27 de outubro de 2002 voltavam se fazer presente e invadiam-me, ontem, novamente. Lula, naquele memorável 2002, era eleito, pela primeira, vez Presidente. Chorava e ria ou ria e chorava ao mesmo tempo. Então, não tinha dúvidas, era meu lado direito que chorava, pois o PT perdia o governo do Estado, pois o esquerdo era todo festas e só ria. Era complicado viver esta duplicidade de sentimentos.
Agora, 12 anos depois construíamos situações de alegrias e tristezas onde nosso incomum personagem pudesse exercer sua excepcional capacidade. A inspiração buscara na mitologia romana. Janus era o deus a quem os romanos creditavam o bom término de algo que estava começando. O templo principal de Janus, no Fórum, tinha portas voltadas para o leste e para o oeste. Entre as duas portas, estava a estátua de Janus com suas duas faces, que contemplavam em direções opostas: o começo e o fim do dia, para que esses fossem abençoados. Em toda casa, a oração matutina era dirigida a esse deus e para toda lide doméstica era solicitada a sua ajuda. Como o deus do começar, ele era invocado publicamente no primeiro dia de janeiro, assim denominado, pois Janus - sem similar na mitologia grega – começava o ano novo. Ele também era invocado no começo das guerras, durante as quais as portas do templo permaneciam sempre abertas; quando Roma estava em paz, as portas estavam fechadas.
Agora na noite de 5 de outubro de 2014 repetia o 27 de outubro de 2002, o Janus de minhas historinhas era eu. Ria e chorava simultaneamente. Ou melhor, vivia emoções de uma imensa alegria e também de uma profunda tristeza. Isso ao mesmo tempo. E tudo determinado pelo mesmo evento: a divulgação de resultados eleitorais.
Agora, como se diz começa um novo embate. Vamos ver o que se pode fazer.

Um comentário:

  1. Mestre Chassot, rendo-me as evidências, não entendo de política. Aqui no Rio de Janeiro o mesmo povo que entoou um clamoroso "fora Cabral" colocou o seu vice Pezão a frente no segundo turno. O gigante adormecido que foi as ruas bradando "mudanças já", elegeu a maioria de políticos profissionais. Lembro-me que quando o ex-jogador de futebol Romário, com seus imóveis indo a leilão para pagar dívidas, ao sair da cadeia onde estava preso pelo não pagamento de pensões alimentícias disse : "É peixe, o jeito é entrar pra política". Hoje foi o segundo senador mais votado. Se Weber vivo ainda fosse teria que reescrever suas teses acerca da política.

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