sexta-feira, 12 de setembro de 2014

12.- CUIDADO COM A CAMA DE PROCUSTO


ANO
 9
Livraria Virtual em
Www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 2894

Como ontem, a blogada desta sexta circula quando inicio uma viajada. Hoje, em caminho inverso. Deixo Frederico Westphalen, rumo a Porto Alegre. Aqui ontem, o central foi a 2ª sessão presencial das 5 como atividade presencial do seminário “A arte de escrever Ciência com arte” da edição 2014/1.
O assunto da semana continua o mesmo: a Universidade. A propósito do RUF, Hélio Schwartsman, um dos mais respeitados cronistas da Folha — bacharel em filosofia e autor entre outros de  O Segredo de Avicena e Uma Aventura no Afeganistão — publicou no caderno especial acerca do RUF, nesta segunda, um texto, que transcrevo em sua parte inicial. A íntegra do texto esta em ruf.folha.uol.com.br/2014/
Isolados, critérios do RUF são imprecisos, mas funcionam em conjunto Na mitologia grega, Procusto é um vilão que assassinava quem se aventurasse pela região do monte Korydallos, no caminho entre Atenas e a cidade sagrada de Elêusis. Ele convidava a vítima a deitar-se numa cama de ferro e, se ela fosse menor do que o leito, esticava seus membros até esquartejá-la. Se fosse maior, cortava-lhe as pernas. Nenhum viajante se salvava, pois, secretamente, Procusto mantinha duas camas com dimensões diferentes e sempre punha o peregrino na que não lhe servia.
Modernamente, usa-se a expressão "cama de Procusto" para designar um padrão arbitrário para o qual a conformidade é forçada. Fazer um ranking universitário é submeter instituições a uma bateria de dezenas de leitos de Procusto, na esperança de que depois, analisando os pedaços decepados e os distendidos, seja possível estimar o tamanho das vítimas.
Isso significa que, tomados isoladamente, todos os indicadores utilizados no RUF são imprecisos, às vezes até problemáticos. Mas espera-se que, no conjunto, ofereçam um retrato razoável dos pontos fortes e dos fracos de cada instituição.
Diferentemente de Procusto, o ranking não tem o objetivo de eliminar o viajante, mas permitir que ele se conheça melhor, se compare a outros andarilhos e que todos tenham a oportunidade de ajustar-se à rota. Uma medida da produção universitária, mesmo que imperfeita, é preferível a nenhuma medida. Como gostam de dizer os físicos, só conhecemos aquilo que podemos medir.
O beneficiário último desse tipo de iniciativa nem é a instituição, mas o estudante que se vê diante de uma oferta cada vez maior de cursos e faculdades e raramente dispõe de ferramentas adequadas para avaliá-los.
Outra diferença importante em relação a Procusto é que, como as "vítimas" do ranking seguem vivas, falam e reclamam, a equipe do RUF ouviu suas críticas, debateu-as em âmbito interno e externo e promoveu mudanças, buscando aperfeiçoar sua metodologia.
Trata-se, porém, de um trabalho sem fim, já que, por definição, é impossível chegar a critérios definitivos. A referência mitológica aqui já não é Procusto, mas Sísifo.

Um comentário:

  1. Posso afirmar que as eleições para governador aqui no Rj são uma verdadeira"cama de Procusto"

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