domingo, 3 de agosto de 2014

03.- UM PEDIDO DE PAZ


ANO
 9
EDIÇÃO
 2854


Como nunca antes, tenho impressão, que acompanhamos marcados por tristezas, a guerra entre palestinos e israelis. No último dia 22, trouxe aqui ‘O holocausto reeditado’, quando contei de minha estada em fevereiro na região. Trouxe algumas impressões.
Nesta sexta, nos surpreendemos quando uma trégua, dita humanitária, de três dias, passadas duas horas já contabilizava dezenas de mortos. Isso quase não parece crível.

Essa não é uma guerra fratricida entre árabes e judeus, muito menos entre os de fé islâmica e de fé judaica. Estes são vítimas. A guerra é entre dois Estados. Um representado por um grupo terrorista e outro por um dos mais bem equipados exércitos do Planeta.
Em 06 de fevereiro, quando a Gelsa e eu viajávamos de Telavive a Genebra, no avião estava sentada ao nosso uma senhora. Transcrevo em seguida excerto da edição do dia imediato. Faço isso, pois aquela conversa, nesses dias aflora forte. Como dois povos, fortemente marcados pela fidelidade a dois livros religiosos, comentados aqui na sexta, podem albergar líderes tão belicosos. 
Uma preciosa oitiva: Logo após embarcarmos, soubemos que o voo atrasaria uma hora. O radar em Nicósia, Chipre, estava com problemas. Ao nosso lado estava sentada uma jovem senhora (47 anos), que em conversa soubemos ser uma judia religiosa (não ortodoxa, categoricamente enfatizado por ela), nascida em Paris.
Em meio a muitos relatos pessoais, tivemos oportunidade de fazer várias perguntas acerca da observância do Shabath. Ela, sua família e seu grupo social, do por de sol sexta-feira ao de sábado não cozinham, não acendem qualquer aparelho elétrico, como iluminação residencial (permitido aquilo que previamente programado, como o elevador parar em cada andar, sem intervenção do usuário), não operam televisão, computador, telefone, internet. Não se servem de qualquer tipo de aparelho de reprodução musical, a menos que tenham já programado. Não usam automóvel ou qualquer meio de transporte. As refeições são preparadas com antecipação. Viagens aéreas, por exemplo, são programadas de tal maneira que, caso ocorra algum atraso este não incida no período shabático. 
O que mais nos surpreendeu foram os argumentos não-religiosos que ela apresentou para justificar a importância individual e familiar de usar um dos dias da semana como 'uma interrupção' da rotina agitada em que estamos sempre envolvidos, como um tempo para conversar, usufruir da companhia de quem se quer bem.
Ao lado dos assuntos da guarda do sábado, pudemos escutá-la sobre a tradição de o casal separar as camas, usualmente geminadas nos períodos menstruais da mulher. Também contou que em seu cotidiano a família respeita os rituais kosher, com a separação dos utensílios de cozinha de preparo de alimentos láteos dos de outra natureza.
Ouvimos, com muita discrição, comentários acerca de práticas mais rigorosas por judeus ortodoxos ou muito mais severas pelos ultra-ortodoxos, como por exemplo, a impossibilidade de controle da natalidade por meio 'ditos' não naturais.
Talvez o mais surpreendente é que tanto seus pais quanto os de seu marido não sejam religiosos, portanto não observam nada do antes destacado. 
E, na evocação do relato daquela mulher, tão prenhe de paz, que neste domingo este blogue se une àquelas e àqueles que pedem/rezam/ torcem/desejam o fim da chacina em uma terra que já foi chamada de santa.

2 comentários:

  1. Ilustrando o tema de hoje, daria o seguinte exemplo: Ao passar por uma mulher a qual repreende seu filho, uma outra mãe talvez dissesse; "Coitada, essa sofre com esse danado...". Já um jurista faria o seguinte comentário, "Graças a Lei da palmada não temos mais violência física". Um sociólogo poderia pensar "Esses dois precisam de psicólogo!". E por aí afora. São fatos diferentes? Não, são visões diferentes do mesmo fato. Assim é o caso da fé, temos diferentes proceder em face ao mesmo fenômeno. Um bom domingo.

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  2. Necedade homídea

    O Homo stultus um apologista da guerra
    Bastando que exista ao lado um par seu.
    Seja por ideologia, riqueza, pão ou terra,
    Engalfinham-se povo semita com hebreu.

    Há homens? Se há é um balaio de gatos
    Pois pegam em armas sem mais aquela
    Homo nada sapiens são seres insensatos
    Que pra brigar jogam fora salutar cautela.

    História das guerras é a história humana
    Porquanto não há dúvidas quando a isso
    De seres humanos belicosidade emana
    Em toda vez que lhe apetecer no toutiço.

    Vida? É mercadoria a preço de banana!
    A qual submerge num solo movediço.

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