sexta-feira, 2 de maio de 2014

02. — TRABALHO NÃO É SEMPRE FAZER O QUE SE GOSTA


ANO
 8
WWW.PROFESSORCHASSOT.PRO.BR
EDIÇÃO
 2761

Como este blogue usualmente tem sua circulação à meia noite, é natural que escreva na véspera. Assim esta edição lida na sexta-feira, é escrita no feriado do dia do trabalho ou dia do trabalhador. Na edição de ontem não fiz qualquer referência à data comemorativa. Apenas dava conta que já começávamos o segundo quadrimestre do ano.
Bem cedo o professor Vanderlei desde Frederico Westphalen alertava: Que neste Primeiro de Maio reflitamos, também, o sentido do trabalho. Sem esquecer os milhares de trabalhadoras e trabalhadores ainda, pela ganância material do capital, amplamente exploradas e explorados, A recebia a apropriada recomendação quando olhava o novo visual de jornal, que destacava quatro assertivas, cada uma ocupando duas páginas em meio a profusas ilustrações acerca de cada uma delas. Transcrevo-as na sequência apresentada: “Casamento virou ser feliz”, “Trabalho virou fazer o que se gosta”, “Aprender virou fazer experiências” e “Transporte virou filosofia de vida”.
As mensagens publicitárias estão atreladas a celebração dos 50 anos de Zero Hora e parecem mostrar as modificações havidas no nosso mundo. Reli, tresli cada uma. Talvez três delas possam traduzir novos tempos.
É provável que aquela que se conecta com a data de quando escrevo menos espelhe a realidade. Cada uma e cada um de meus leitores, muito provavelmente, faz do trabalho algo prazeroso. Mas...
... isso não é tão verdade para uma imensa massa (o substantivo foi adredemente escolhido) de mulheres e homens que vendem a sua força de trabalho por um valor não justo e fazendo algo destrutivo para seu corpo e para sua mente.
Trago apenas um exemplo: Há mais 60.000 carvoeiros no Brasil. Eles não têm mãos de fadas como se pode ver na foto. É um exército que trabalha em condições subumanas e a maioria é analfabeta e se submete a jornadas de até doze horas. Para eles, muito provavelmente o “Trabalho virou fazer o que se gosta”. Como os carvoeiros poderíamos listar aqui dezenas de outras ‘profissões’.
Mesmo muitos leitores deste blogue, que escolheram profissões para fazer o que gostam, hoje são submetidos fazer muitas coisas inservíveis, como ocorre com os professores de programas de pós-graduação. Ter que publicar em periódicos de impacto para ser considerado produtivo no sistema é bullying. Eu gosto muito da minha profissão, mas tenho que fazer muita coisa que não gosto. Não idealizemos a afirmação “Trabalho virou fazer o que se gosta” pois esta ainda é distante neste voraz mundo capitalista marcado pela competição.

2 comentários:

  1. Trabalhar é nobre, mas cansa

    Trabalho virou fazer o que se gosta
    Porém nem sempre isso acontece
    Se a gente nessa afirmativa aposta
    Acaba fazendo o que nos apetece.

    Mas há trabalhos e “trabalhos” por aí
    Há quem labuta e quem se encosta
    Mas trabalho por necessidade em si
    Acaba se transformando numa bosta.

    Contudo, dizem o trabalho é salutar
    Mas eu contra todo labor solto o berro
    Porquanto labuta só me faz cansar
    Então minha vontade adrede encerro.

    Já dizia Drummond: hora de trabalhar
    Pernas pro ar que ninguém é de ferro.

    ResponderExcluir
  2. Penso que se a grande "Gaia"(Planeta Terra) fosse respeitada como um Bem Público, de todos, talvez pudéssemos, ao menos, fazer menos do que não gostamos.

    ResponderExcluir