segunda-feira, 3 de março de 2014

03— PHILOMENA, UM FILME DENÚNCIA


ANO
 8
www.professorchassot.pro.br

EDIÇÃO
 2701
                                              
Esta é a segunda-feira, em termos de calendário, mais atípica do ano. Talvez sua marca seja a indefinição. Feriado para uns, dia servil (anacrônica esta nomeação para os dias úteis) para outros. Aliás, para amanhã ainda a situação é mais exótica. Terça-feira de carnaval é o não-feriado mais entronizado como dia feriado ou dia festivo.
Nesta segunda-feira vamos receber netas e netos e seus pais para almoço. Não virão os dez. Talvez seis ou oito. Estamos curtindo este momento de avonar.
Quando esta edição for lida já serão conhecidas as premiações do Oscar. Não me sensibiliza ficar olhando a chegada dos nomináveis e muito menos ouvir anúncios e depois as gabolices nas falas de agradecimentos. Este ano, diferente de anos anterior quando havia visto vários dos filmes com indicações, só vi um (e, ainda, por acaso) e este é meu preferido para receber as quatro estatuetas para as quais tem indicação.
No sábado, a Liba, a Gelsa e eu fomos ao cinema. Clube de compras Dallas era o escolhido. A sessão estava lotada. Um atencioso desconhecido nos disse: Assistam Philomena! e não se arrependerão.
Foi o que aconteceu. Um filme para rir e chorar alternadamente e para se exorcizar a igreja católica do começo ao fim. Philomena é uma jovem solteira que engravida. Castigo: é ‘enjaulada’     em um convento, onde é feito o parto por freiras, com recursos mínimos. Seu filho, como as demais crianças são ‘educadas’ no convento e as mães forçadas a trabalhos para pagar as dívidas do parto e o gasto com as crianças.
"Philomena" é, na verdade, um drama seríssimo, que denuncia a venda de bebês por freiras católicas irlandesas nos anos 1950 e 1960, prática que separou mais de 60 mil crianças de suas mães. A razão: as mães eram consideradas "fallen women" (mulheres caídas), adolescentes que haviam cometido o pecado da "incontinência carnal" e engravidado.
Sua punição era, então, realizar trabalhos forçados, em regime de escravidão, em conventos enquanto seus filhos eram vendidos a famílias estadunidenses.
A partir do filme, diz Sylvia Colombo, na Folha de S. Paulo de 01MAR14, iniciou uma campanha, então, de promover a história e a luta da verdadeira Philomena. Hoje, o Philomena Project está pressionando o governo irlandês a abrir os arquivos sobre as adoções arranjadas pela igreja na época.
O filme provocou a busca de ativistas e estudiosos pelas associações de adoção no país. "Nunca houve um pedido de desculpas por parte da igreja pelas vendas das crianças e pelo silêncio que mantiveram", diz uma líder da Adoption Rights Alliance, também ela adotada.
No filme, Philomena viaja com o jornalista Martin Sixsmith aos Estados Unidos para descobrir o destino do filho, um advogado gay, já falecido, que trabalhara com George Bush.
O filme também ataca de frente os dilemas do jornalismo. Através da história de Sixsmith, ex-correspondente político da BBC que considera uma apelação ter de dedicar-se a histórias de "interesse humano" para agarrar um freelance.

Elenco: Judi Dench; Steve Coogan; Sophie Kennedy Clark; Anna Maxwell Martin; Peter Hermann; Michelle Fairley; Mare Winningham; Simone Lahbib
Direção: Stephen Frears
Gênero: Drama
Duração: 98 min.
Distribuidora: Paris Filmes
Classificação: 10 Anos

5 comentários:

  1. Como bem disse Hobbes, "O homem é o lobo do homem.".

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. E tudo em nome da fé?
    Por isso sonho, tenho pesadelos, devaneios, sou utópico..de que ainda o mundo não mais sofrerá nas mãos de malandros em nome de Deus, da Fé ou que seja outros motivos(políticos, sociais, étnicos). Quando todos(ou quase) estiverem acesso aos mínimos esclarecimentos. Alfabetização cidadã junto com a científica é o caminho...
    Boa segunda-feira. Desejo muito samba, suor, alegria(folia) com suas respectivas leituras e reflexões.

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  4. Caro Chassot,
    Muito além da ficção, a igreja católica da Irlanda tem a maior quantidade de casos de pedofilia que, ao invés de serem devidamente apurados, e se for o caso punidos, pela justiça dos homens, são redimidos pelos próceres da dita igreja e, ao caírem no limbo da impunidade, geram novos episódios, que geram novos episódios, que geram n… ad infinitum.
    Conheço um caso real - agora um professor de escola primária - que foi abusado em um seminário quando era seminarista em Dublin, e até hoje não consegue se "ajustar" à sociedade na qual vive. Ele ainda tem uma sexualidade dúbia, nunca se casou, não sabe para onde vai com sua libido reprimida e vive permanentemente em depressão. Seria ele assim se não tivesse sido abusado por padres? Não sei, mas com certeza algo o deixou com uma qualidade vida questionável e nem um pouco confortável do ponto de vista emocional.
    JAIR.

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  5. Muito estimado Jair!
    Teu relato é um dentre os milhares! Dolorosa e imensa culpa paira insolúvel sobre a igreja católica irlandesa!
    A história de Philomena, mesmo narrada em linhagem filmíca, é real. Aliás, a própria estava na noite de ontem na cerimônia do Oscar.
    Vale destacar que alguns dos filmes laureados ontem sao baseados de casos reais, sendo alguns (como Philomena, que não amealhou nenhuma estatueta --e levanto como hipótese um lobby católico protecionista para não dar maior visibilidade ao filme) de candentes denúncias.
    Cabe-nos (mesmo sendo Davis frente a poderosos Golias) divular filmes como Philomena.
    Com estima e agradecido pelo teu comentários que sempre valorizam este blogue, Ac

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