domingo, 19 de janeiro de 2014

19.— NAOPASSEINOSISU

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ANO
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EDIÇÃO
 2657

Um domingo que nos alerta que o badalado ano novo já tem o seu primeiro mês com quase três semanas vencidas.  E os Hemisférios Sul e Norte seguem imersos nas agruras de verão e de inverno quebrando recordes de máximas e de mínimas nas medidas de temperaturas ambiente.
Não sei quantos leitores, à primeira mirada, relacionaram o título desta blogada. Deste terça-feira, em ferramentas internéticas (gerenciador de correio eletrônico, dicionário, buscadores...) surge insistente um anúncio mercadológico (ou mercantil?) que no primeiro relance não atinei.
Depois saquei. Veio-me a mente abutres ou corvos carniceiros. É fácil entender porque próximos a hospitais e unidades de pronto socorro haja, não raro, funerárias. Quando ocorre uma tragédia — por exemplo, um desastre de avião com muitos mortos — há os que ‘esfregam as mãos’ pensando em vendas fáceis (e, às vezes, compulsórias).
Tão logo o MEC publicou os resultados do SISU — sistema informatizado do Ministério da Educação por meio do qual instituições públicas de ensino superior oferecem vagas a candidatos participantes do Enem — um urubu festejava insucessos daqueles que lamentavam ‘não passei no sisu’ e lhe oferecia mercadoria a custos atrativos para, fazendo cursinho, não dizer mais ‘não passei no sisu’.
Não deixaram nem o morto esfriar e já ofereciam um novo baile aos menos aquinhoados. A Educação é realmente uma mercadoria que tem bom mercado. Vendo a ação de busca a consumidores desafortunados, lembrei do texto: Vende-se tabaco, perfume importado, Educação e camiseta de marcas*.
*CHASSOT, Attico.  Vende-se tabaco, perfume importado, Educação e camiseta de marcas, p. 67-82, in Análise dos sistemas de Educação Superior no Brasil e em Portugal. ARAUJO, C.M.M.; POLIDORI, M.M. Porto Alegre: EdiPUCRS / Editora Universitária Metodista, 2012. ISBN 978-8599738-19-1
Estes mercadores são imbatíveis. Mas, muitas vezes, são lobos que se trasvestem de ovelhas, para saquear incautos. 
Depois disto: nada mais que votos de um melhor domingo a cada uma e cada um.

5 comentários:

  1. Bah! Professor!...
    Vi a semana inteira este anúncio em prol das ‘vitimas do SISU’ e jamais pensei que era algo de traficantes de Educação.
    Obrigado pelo puxão de orelha,
    Michaela

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  2. VENDILHANDO
    Num distante país chamado Utopia
    Estava capitulado na constituição
    Que qualidade de ensino existiria
    E povo extasiado louvou a moção

    Entretanto há o papel e a realidade
    E nem sempre ambos coincidirão
    Porque a parsecs da dura verdade
    O conteúdo do papel virou palavrão

    Escola pública não tinha qualidade
    No imenso território é o que se via
    Venda do saber grassava a vontade

    E vendilhões brindavam com alegria
    Nas suas vendinhas por toda cidade
    Porque educação virou mercadoria.

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  3. Temos hoje em dia também uma importante mudança; a juventude quando diz "quero ser um médico", ou engenheiro, físico etc. Na realidade está dizendo, "quero ter uma vida de", ou seja, almeja os benefícios materiais que vislumbra na pretensa carreira. Conclusão, quando vive a realidade e percebe que nem tudo são flores, se frustra. Não há mais aquela escolha por idealismo, amor a arte, e sim uma mera pretensão financeira.
    Abraços..

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  4. Me lembra uma frase-resposta de um professor chamado Attico Chassot: O QUE FIZERAM COM A EDUCAÇÃO ?

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  5. Ave Chassot,
    Já vi um imenso aut-dór de cursinho autodeclarando-se: "Especialista em ENEM"…
    O banquete vulturino já começou.
    O pior é vender conhecimento e mão de obra para esses comércios…
    Abraços

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