segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

30.- RAINHA INDULTOU TURING NESTE NATAL

ANO
 8
em fase de transição
EDIÇÃO
 2637

Esta postagem ocorre no terceiro dia de temperaturas insalubres de mais de 40ºC em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul. Há expectativas que com advento de 2014 ocorra também amenidades climáticas.
É provável — em quase 7,5 anos deste blogue —, que   uma das personalidades do século 20 mais referida aqui foi Alan Turing. Em 2012, quando se celebrou centenário de seu nascimento, o desagravei em dezenas de palestras.
Matemático britânico se tornou herói da Segunda Guerra ao decifrar Código Enigma dos nazistas. Condenado por "indecência" na década de 1950, ele foi agora perdoado pela rainha.
 Na contramão da aparente onda internacional de retrocesso na tolerância à homossexualidade, o governo do Reino Unido anunciou uma medida de peso simbólico: o matemático e criptoanalista Alan Mathews Turing (1912-1954) recebeu, neste Natal, postumamente o perdão da rainha Elizabeth 2º, 61 anos após ter sido condenado por "indecência".
O cientista nascido em Londres conta entre os heróis da Segunda Guerra Mundial por ter decifrado o Código Enigma, utilizado pelos nazistas em suas comunicações. Em declaração publicada nesta terça-feira (24/12), o ministro britânico da Justiça, Chris Grayling, informou que o decreto real tem efeito imediato. Ele acrescentou que o perdão é um tributo a "um homem excepcional, com uma mente brilhante".
Herói de guerra Segundo o primeiro-ministro David Cameron, a decodificação das mensagens trocadas entre os nazistas teria salvado "incontáveis vidas". "Alan Turing foi um homem admirável, que desempenhou um papel-chave ao salvar seu país, desvendando o Código Enigma dos alemães. Ele também deixou um legado nacional notável, através de suas substanciais conquistas científicas, sendo frequentes as referências a ele como pai da moderna computação."
Atualmente é consenso que, com oo trabalho de criptoanálise – realizado no hoje célebre centro de Bletchley Park, a noroeste de Londres –, Turing conferiu aos Aliados uma vantagem decisiva contra os nazistas. As informações obtidas foram essenciais para combater a ofensiva alemã no Norte da África, ou em ajudar os navios aliados a escapar de submarinos nazistas no Oceano Atlântico.
Estudiosos como David Leavitt, autor de uma biografia do cientista, chegam a declarar que a quebra do Código Enigma abreviou a Segunda Guerra; ou até mesmo que, sem Turing, os Aliados talvez não tivessem saído vencedores. "Isso é altamente especulativo, mas não acho que a contribuição de Turing deva ser subestimada: ela foi imensa."
Leavitt também enfatizou a importância do gesto simbólico de Londres, no atual momento de recrudescimento da intolerância sexual no mundo, quando a Rússia e a Índia, por exemplo, endurecem suas legislações homofóbicas.
Cidadão "indecente" e suicida? Mesmo antes da guerra, Turing já postulara ideias a respeito da inteligência artificial que iriam servir de base à moderna computação. Depois de 1945, ele passou a lecionar na Universidade de Manchester e participou da programação dos primeiros computadores, além de desenvolver o primeiro jogo de xadrez eletrônico do mundo.
Apesar do papel crucial na vitória aliada, durante décadas o governo britânico se recusou a reconhecer a contribuição de Turing, alegando sigilo militar. Devido a seu relacionamento com outro homem, em 1952 ele foi condenado por "grave indecência" — o mesmo veredicto proferido contra o escritor Oscar Wilde, em 1895.
O matemático foi submetido a vigilância ostensiva e forçado a um tratamento hormonal com estrogênio, com o fim de reprimir seus impulsos sexuais. Alan Turing morreu em 7 de junho de 1954, dias antes de completar 42 anos de idade. Uma corte definiu suicídio como causa oficial. No entanto, esse veredicto tem sido questionado.
Apoio da Deustche Wele em http://www.dw.de

3 comentários:

  1. Esse polêmico assunto, como já disse por diversas vezes, está mais nos discursos do que nos corações. Na realidade todos nós nos rotulamos de contrarios aos preconceitos, mas no íntimo o somos. Agora recentemente a emissora de tv dominante se ensaia mais uma vez para "presentear-nos" com o primeiro beijo gay em horário nobre em sua principal telenovela. Quantos de nós poderá agora dizer, com sinceridade de sentimento, que tal cena não chocará o cerne do seus lares? A atitude do governo inglês parece-me no mínimo hipócrita. De que adianta agora, depois que o infeliz já está morto, reconhecer o erro? Acredito que ainda tenhamos anos de evolução para aceitarmos essas mudanças em nossos costumes.

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    Respostas
    1. Não vejo o porque do choque! Não quando se ensina que o amor é a força maior. Não quando é cena comum.
      Também não discordo quando a atitude do governo britânico. Pior seria persistir no erro

      Lucélia Mattar

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  2. Limerique

    Oscar Wilde e Alan Turing execrados
    Pelos britânicos machistas, celerados
    Foram homens normais
    Mas com opções sexuais
    Pelas quais ambos foram condenados.

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