quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

12.- UMA BREVE PATOGRAFIA

ANO
 8
em fase de transição
EDIÇÃO
 2620

Quando relacionamos as sobrecargas que nos são queridamente impostas, que adensam as atividades de fim de anos, há que lembrar as solenidades de formaturas e assemelhados. Na quarta-feira fui à formatura no ensino fundamental de minha neta Maria Antônia, com ‘direito’ (¿ou ‘dever’?) de assistir uma longa peça teatral.
Ontem, à noite fui a espetáculo ginástico onde minha neta Maria Clara, com seus quase oito anos brilhou — na ótica insuspeita de seu avô — como uma esbelta ginasta. No mesmo horário havia a formatura do Antônio na Educação Infantil. Como ainda não sou ubíquo, nesta não pude comparecer.
Mas, para evitar estresse, vem bem um assunto trivial: Há dias, em uma aula do Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão, quando discutíamos diferenças e semelhanças, o Fabiano perguntou ao grupo: Que animal cada uma e cada um gostaria de ser? As respostas foram diversas. O Rafael, por exemplo, optou por ser cachorro, ante o tratamento de elite que ora os caninos recebem.
 Depois de manifestações o Fabiano afirmou que ser pato tinha mais vantagens. Ante curiosidade unânime, explicou: que o pato anda, corre, voa e nada. Só isso o faz distinguido, pois outros animais não têm tais expertises simultaneamente. E, mais, como tem pé chato, não precisa servir ao exército e, por ter membranas entre os dedos não pode colocar aliança.
A Wikipédia destaca ainda que o pato o único animal que consegue dormir com metade do cérebro e manter a outra em alerta. É dotado de perfeito senso de direção e comunidade. Realmente, aí estão vantagens fulcrais que fazem do pato ‘o cara’.
Aproveitando a patografia perguntei: por que pato pode nadar e galinha não? A resposta que este tem nadadeira não serve. A questão é explicar porque o pato não submerge na água e a galinha afunda. A questão é simples e poderia (se afirmo poderia, estou levantando um condicional: ¡isto é não o recomendo!) ser demostrada assim. Se lavarmos as penas de um pato com água com umas gotas de detergente (ou se colocássemos detergente na água onde patos nadam) a gordura que reveste as penas — e faz que entre elas se forme uma camada de ar —, seria removida e tal como galinhas, os patos se afogariam.
Como pato é um bom assunto, vale recordar que a expressão ‘pagar o pato’ pode ter se originado em uma história do século 15. Um camponês passou em frente à casa de uma mulher casada, com um pato na mão. A mulher ficou interessada em ter o pato, e propôs ao camponês pagá-lo com favores sexuais. Aceita a proposta, surge, após um tempo, um impasse. O homem queria prolongar o ato, enquanto a mulher achava que já tinham feito sexo o suficiente para o que julgava valer o animal.
Os dois começaram a discutir e, em meio ao debate, chegou o marido da mulher, e quis saber porque eles discutiam. A mulher então explicou que a desavença era em função do dinheiro que faltava para chegar ao valor desejado pelo camponês. O marido deu o dinheiro. E, literalmente, pagou o pato.

3 comentários:

  1. Mestre Chassot
    É incrivel o seu "dom" com as palavras. Tudo se transforma em um indez e surgem textos maravilhosos como este.
    Adorei!
    Carla

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  2. Limerique

    Da insensatez o Brasil é retrato
    Onde versão vale mais que o fato
    Investe-se no futebol
    Aplica-se no etanol
    E o povão acaba pagando o pato.

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  3. Chassot,

    alegrar-te-á saber que o pato engordura suas penas com secreções lipídicas da glândula "uropigial"…

    Eu, se pudesse ser um animal, seria uma esponja-do-mar, sem cérebro para não ter que fazer doutorado e podendo ser passada em uma peneira e se reconstituir… Ou uma ameba, para ser ubíquo…

    Abraços patológicos

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