ANO
8 |
LIVRARIA VIRTUAL em
www.professorchassot.pro.br
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EDIÇÃO
2526
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Nesta
quarta-feira inicio uma jornada a duas importantes cidades paulistas:
Araraquara e Ribeirão Preto. Na primeira participo hoje e amanhã do XI EVEQ —
Evento de Educação Química no Instituto de Química – UNESP, onde, faço uma
palestra e ministro um minicurso. Em Ribeirão Preto, na noite de sexta-feira, falo
no Departamento de Química da USP.
A edição desta
quarta-feira é a terceira da tríade com Peter Singer. Ela se tece com respostas
a mais quatro perguntas. Aditadas às perguntas e respostas aqui trazidas na segunda-feira
e ontem, completa-se a entrevista do ousado filósofo responsável pela cátedra
de bioética na Universidade de Princeton (EUA) concedida a Carlos André
Moreira, publicada no Cultura de Zero
Hora no último sábado. Vale a pena nos abeberarmos destas sumarentas reflexões.
ZH – Isso [a maioria das pessoas não agir em
acordo com princípios éticos com os animais]tem alguma relação com o princípio
de “altruísmo eficiente” sobre o qual o senhor já escreveu?
Peter Singer – Acho que há sim uma conexão.
Há um grupo de pessoas que quer viver suas vidas de modo a tornar o mundo um
lugar melhor para o maior número de beneficiados. São, tipicamente, preocupadas
em agir de modo ético, em usar parte do que possuem em favor dos que têm menos,
mas ao mesmo tempo há um grande número de pessoas que ainda não pensa dessa
forma e vive de forma mais egoísta ou autocomplacente. Não acho que o movimento
do altruísmo eficiente seja grande o bastante para ter o tipo de impacto
necessário.
ZH – O que o senhor propõe para mudar a situação
na indústria de alimentos? Acha que o vegetarianismo em larga escala seria
possível hoje?
Singer – Penso que, definitivamente, seria
possível hoje. Há muitas pessoas vivendo uma vida saudável como vegetarianos, e
as evidências mostram que essa é uma opção mais favorável ao meio ambiente,
mais sustentável, e, obviamente, não envolve o sofrimento de animais. Logo, é
claro que é possível. A pergunta é se as pessoas têm vontade de fazer com que
seja possível. Estamos desenvolvendo mais e mais alternativas ao consumo de
produtos de origem animal. Acho que, no fim, as pessoas acharão mais fácil
evitar esses produtos porque terão ao seu alcance um número maior de alternativas
daquilo que gostam de comer.
ZH – Na questão das mudanças climáticas, há muita
discussão sobre a validade dos números divulgados pela comunidade científica.
Há pesquisadores que contestam os dados mais pessimistas. Para o senhor, o quão
grave é a questão?
Singer - Acho que os cientistas estão
bastante de acordo com relação à gravidade das mudanças climáticas. São poucos
os que discordam do consenso esmagador de que as mudanças climáticas são reais.
Não sei como são as coisas no Brasil, mas tenho a sensação de que cada vez mais
pessoas estão entendendo a questão, podem ver as mudanças climáticas que
ocorreram ao longo de suas vidas. As previsões científicas de décadas atrás a
respeito do aquecimento da Terra devido às emissões de gases causadores do
efeito estufa se mostraram corretas. Acho que as evidências são avassaladoras
de que as mudanças climáticas estão de fato acontecendo. Acho que é muito
perigoso justificá-las como erros científicos. Não podemos jogar roleta com o
futuro do planeta.
ZH – Um dos aspectos mais controversos do seu
pensamento é a sua opinião sobre o aborto. Sua perspectiva é utilitarista, uma
vez que o senhor já afirmou que a mulher é um ser vivo e um feto é um ser
potencial?
Singer – Esse não é um tópico que eu
pretenda discutir em minha conferência em Porto Alegre, mas fico feliz em
debatê-lo. É um assunto sobre o qual já escrevi ao longo dos anos. Penso que a
grande diferença, nesse caso, é que a mulher tem uma consciência e pode sofrer
com aquilo que acontece com ela e com sua vida, ao passo que o feto, ao menos
durante o período em que a maioria dos abortos é feita, não é um ser
consciente, e portanto não tem interesse em continuar vivendo, ao menos da
forma como outros seres conscientes são capazes de pensar e ter desejos sobre
seu próprio futuro.
Inegavel a coerencia cientifica do eminente filosofo, mas justificar o aborto afirmamndo que o feto nao tem consciencia de ser, me desculpem mas tal afirmacao e recheada de asneira.
ResponderExcluirAbracos (tudo sem acento mesmo)
Limerique
ResponderExcluirPolêmico, aborda o aborto
Como se feto estivesse morto
Contudo não há evidência
De feto sem consciência
O que, claro, não gera conforto.