ANO
8 |
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EDIÇÃO
2525
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Nesta terça-feira,
seguimos na esteira da blogada de ontem, que a julgar por um pico no número de
acessos e pelos comentários muito significativos envolveu leitores. Nas aulas de
Teorias do Desenvolvimento Humano, da noite de ontem a matéria da blogada se
fez momentosa. Hoje se apresenta respostas a mais quatro perguntas feitas pelo
jornalista Carlos André Moreira a Peter Singer. Acerca deste visionário
filósofo contemporâneo — que fala no Fronteiras do Pensamento, hoje à noite em
São Paulo —, remeto meus leitores à abertura da edição de ontem. Neste blogue,
amanhã, outras quatro perguntas.
A integra
desta entrevista está no Cultura de
Zero Hora, que circulou no sábado, 24 de agosto. Amanhã pretendo editar a
terceira e última parte.
ZH – O senhor escreve sobre valores éticos. Como
pensa que devemos entender a ética: uma noção atemporal ou um conceito em
constante mutação, sujeito à história e à geografia?
Peter Singer – Penso que
as ideias mais básicas são atemporais, ideias que podemos descobrir com o uso
da razão. Mas a forma como as entendemos e os limites do pensamento racional em
ética dependem do estágio particular de desenvolvimento de uma dada sociedade e
de visões e influências, religiosas ou culturais, por exemplo, que mudam de
tempos em tempos.
ZH – As nações em desenvolvimento vêm tentando
tirar pessoas da linha de pobreza investindo na expansão de parques
industriais. Como elas podem lidar com essa necessidade de crescimento e ao
mesmo tempo responder às demandas pelo desenvolvimento sustentável?
Singer – É óbvio que
as nações em desenvolvimento querem diminuir a pobreza. Mas devem fazer isso
tendo em vista o quadro maior. Não há sentido em reduzir a pobreza nesta
geração e deixar as próximas voltarem à pobreza ou até a uma situação pior
devido às mudanças climáticas. É essencial que o desenvolvimento percorra um
caminho sustentável. Não sei dizer exatamente como isso deve ser feito, mas
obviamente com o uso de energias renováveis que não produzam tantas emissões de
gases causadores do efeito estufa. Penso que é importante fazer algo no sentido
de não aumentar ou até reduzir o consumo de carne, especialmente a de gado, um
dos principais fatores das emissões de gases no Brasil, devido à grande
população bovina. Acho que é preciso fazer mudanças nos atuais métodos de
desenvolvimento em uma direção mais sustentável.
ZH – A conscientização global a respeito dos
direitos dos animais é maior hoje do que quando da publicação de seu livro “Libertação
Animal”?
Singer – Sim,
aumentou dramaticamente. Quando o livro foi
lançado, em 1975, não havia
conscientização sobre a agricultura em escala industrial. Mesmo na Inglaterra
as pessoas ficaram chocadas em saber das galinhas confinadas em gaiolas
minúsculas, dos porcos mantidos enjaulados durante a vida toda. Acho que esses
fatos são mais conhecidos agora, e não apenas na Europa e nos Estados Unidos,
mas no mundo. Por onde eu viajo, encontro organizações debatendo a questão e
tentando promover mudanças. Infelizmente, ao mesmo tempo em que a consciência a
respeito cresceu, aumentou também a demanda por carne, ovos e outros produtos de
origem animal, por causa do crescimento da população em países como a China,
Índia e também Brasil. Há, provavelmente, mais animais sofrendo na agricultura
industrial do que em 1975, mas ao menos se pode dizer que a consciência a
respeito da questão mudou. Espero que isto seja um primeiro passo para mudanças
práticas.
ZH – Há pessoas que, mesmo preocupadas com a
questão animal, não fazem nada para mudar seus próprios hábitos de consumo e
alimentação. Por quê?
Singer – Bem, as
pessoas não querem mudar seus hábitos, e se veem que outros mantêm as mesmas
atitudes, elas se sentem justificadas em continuar fazendo o que lhes é
habitual. É uma daquelas situações em que, se você conseguisse que uma massa
crítica de pessoas mudasse, seria fácil fazer com que, senão todos, a maioria
os seguisse. Mas é difícil dar esse primeiro passo. Só uma pequena minoria está
preparada para agir em acordo com princípios éticos com os animais. E na
presente situação, o que vejo é que a maioria das pessoas não está fazendo
isso.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirLimerique
ExcluirA noção de ética é atemporal
Bem colocado por Singer, afinal
Todos temos direito
Seja nosso conceito
Pois eu sou, tu és, ele é animal.
Podemos constatar que realmente como afirma Singer que a retórica está em muitos geralmente não acompanhada da atitude. A "fome" pelo capital é aética e não mensura prejuízos a Gaia. De nada adianta movimentos e conscientizações se os "donos do mundo" diminuirem sua ganância.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
ps. "não diminuirem"
ResponderExcluirAo Mestre Chassot: O tema é polêmico,parece ainda que vivemos na Roma Antiga,onde os gladiadores no coliseu de Roma ofereciam um espetáculo sangrento ao público,ainda no contexto tais práticas provocam sofrimento e crueldade nos animais, vimos ainda "farra do boi,rinhas,rodeios e animais em circo" e presos em gaiolas quantas barbárie.É mesmo a política do pão e circo a saída é a educação mas há muito que melhorar. Um forte abraço Ley
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