Minha
estada amazônica se encerra hoje. São oito extensos e produtivos dias, onde o
amealhar amizade faz desejar que não houvesse despedidas no quinto (último)
encontro desta manhã. À noite ainda tenho uma sessão de orientação.
Na
blogada de hoje corro o risco de desagradar os manauaras, meus sempre gentilíssimos
anfitriões. Vou festejar Belém. Não quero entra na rivalidade Manaus X Belém ou uma maior: Pará X Manaus, que fez até a tradicional
‘Castanha do Pará’ passar chamar-se ‘Castanha da Amazônia’ ou ‘Castanha do
Brasil’. A musiquinha natalina ‘Bate o sino de Belém’ parece que está no index,
aqui.
Mesmo
assim acolho um texto enviado pelo sociólogo e jornalista José Carneiro, leitor
deste blogue desde a primeira hora. Belém no último sábado festejou 396 anos.
Ele me enviou a sua homenagem àquela que chama de ‘Capital do Norte’. Os manauaras
o contestam: é aqui a cidade escolhida para no ano que vem ter a Copa, e não a
capital do Pará.
Sem
assumir arbitragem, acolho a homenagem proposta, dizendo que meu bem querer a
Manaus pode ser traduzido por estar aqui a quarta vez em menos de meio ano. Faz
muito tempo que não vou a Belém. Mas eis o texto do José Carneiro:
Eu te abraço, Belém de todos nós. Nasci em Castanhal, resido em Belém desde 1960 e já morei, em função de
estudo ou trabalho, nas cidades de Cametá, Abaetetuba e Campinas (SP). Aqui
casei e aqui nasceram meus filhos e netos. Gostei de todos esses lugares por
onde passei, adoro o Pará, mas nada me fascina tanto quanto viver em Belém. Já
tive endereços em vários dos seus bairros, como Marco, Jurunas e Nazaré.
Percorro diariamente suas calçadas e suas ruas, em diversos destinos,
com muito prazer, não obstante os obstáculos artificiais provocados por
moradores e por incúria recente. Há mais de meio século convivo com a
fascinante história da cidade e sua intermitente degradação, conduzida por
gestores com porte de estadistas ou submetida a administradores menores do que
pigmeus, não em estatura física, mas na falta de competência e de estofo moral.
Já escrevi sobre muitas das atuais mazelas que assolam crescentemente a
cidade, assim como enalteci seus pontos de referência, seus poetas, cronistas e
artistas, desde os antigos aos atuais, criativos e valorosos. Deplorei o que a
exploração capitalista produziu na nossa outrora bela orla, impedindo-nos de
descortinar, em sua amplitude, a insuperável paisagem fluvial; presenciei a destruição
de prédios históricos, transformando e enfeando o panorama visual da cidade. E
o que foi muito pior, assisti o desleixo para com as mangueiras, cuja redução
comprovada impedem-nas de amenizar a canícula cada vez maior, e parecem ameaçar
um dos títulos mais naturais ostentado pela capital, o de “cidade das
mangueiras”.
Já não temos certeza desse galardão, ainda que, pontualmente, as
frondosas e frutíferas árvores possam aparentar uma presença capaz de disfarçar
a iminência do fim. O irmão marista Afonso Haus, alemão de origem (meu
professor no Colégio Nazaré), enquanto aqui esteve foi um dos mais fervorosos
defensores das mangueiras, sustentando uma campanha anual que resultava em
presentear a cidade com mudas da árvore, para repor as que morriam ou
substituir as que tombavam acidentalmente.
Recorde-se que, outrora, Belém
teve um prefeito nomeado, de nome Jerônimo Cavalcante, que decidiu mandar
derrubar mangueiras ao seu alvitre e logo foi apelidado, pela pena brilhante do
jornalista Santana Marques, de “O lenhador”, logo demitido. Nesse mesmo
diapasão, como não lembrar das chuvas, antes pertencente ao folclore de cair na
hora mais ou menos certa e hoje atemorizando os habitantes pelo mal que causam,
por causa de lixo acumulado, canais entupidos e outras deficiências? Não
obstante tanto a criticar, Belém continua sendo a maior capital do norte, muito
embora esteja fragilizada no que toca a receptividade aos turistas, na
desorganização do trânsito, na insegurança e soturnidade das ruas, sobretudo ao
anoitecer, e em tantos outros malefícios. Mas sua localização e seus acidentes
geográficos lhe conferem a estrutura necessária para, quem sabe, fomentar novos
estilos de vida, novas alternativas de circulação, novos encantos
paisagísticos, a partir de suas praças centenárias e das promessas que cercam
(ou, quem sabe, toldam) o seu futuro. Acontece que quem faz aniversário só
merece felicitações e não críticas.
Por isso, pelo que a nossa capital representa desde 1612,
pelo amor que desperta em belenenses de origem e de coração, pela capacidade
extrema de superar ou conviver com tantos problemas, neste dia eu te abraço e
te saúdo pelo que foste e pelo que és, Santa Maria de Belém do Grão Pará.
Apesar da disputa geográfica.. acabo ficando com Manaus... por visitá-la periodicamente onde tenho atualmente filha e sobrinho morando nela.
ResponderExcluirMas vejo uma disputa salutar onde as idéias se degladiam pelo tempo...
Oi, estava passeando pela net e encontrei,por acaso, seu blog.
ResponderExcluirAdorei e já adicionei.
Se quiser me visitar, meu blog é:
http://professorarenatacaline.blogspot.com.br/
Será muito bem vindo.
Caro amigo: mais uma vez sua generosidade vme emociona. Sou homenageado com a publicação do meu modesto artigo, em que homenageio Belém. A par disso, quero deixar registrado que adoro Manaus, hoje tão sofrida quanto Belém, nos desmandos administrativos. Grato a você, querido amigo e abraços nos amigos de Manaus.
ResponderExcluirNasci em Belém em 1958 e com seis meses vim para o Rio de Janeiro. Apesar de já conhecer boa parte do Brasil, e até alguns países , nunca voltei em minha terra, embora ainda pretenda conhece-la. Tenho registrado em minha memória maravilhosas histórias da terra contadas pelos meus pais. Impossível não se apaixonar com tantos encantos relatados. Parabéns Belém, parabéns ao competente jornalista José Carneiro.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
Limerique
ResponderExcluirPois no Amazonas Chassot está bem
Flanando por outras capitais também
Mas na capital Baré
Deu um tiro no pé
Homenageou aniversário de Belém.