quinta-feira, 29 de novembro de 2012

29.- NÚMERO DE DUNBAR: ¿O que é isso?



Ano 7*** PORTO ALEGRE / FREDERICO WESTPHALEN ***Edição 2311
Quando esta edição entrar em circulação já terei percorrido uma das seis horas que são consumidas para fazer os 460 km que separam Frederico Westphalen de Porto Alegre. Esta viagem bimensal, há um ano, faz parte de minha rotina, desde que estou vinculado ao Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI. Desta vez a jornada se estende por quinta e sexta feiras. Na semana que vem vou a última vez em 2012. A viagem de hoje impediu-me de aceitar o convite de Lasier Martins para participar na TV Com, do ‘Conversas Cruzadas’. Não lamento, pois me desagrada debater rankings.
Antes de entrar ao assunto que se faz título — Número Dumbar—, apenas um comentário vestibular. Na edição de sábado, comentava não sem uma ponta de orgulho, que fizera uma palestra para 700 alunos na Guiana. Ontem, à tarde, escaipava [quando uso estes neologismo, lembro de Saramago que implicava com deletar, checar...] com meu filho Bernardo em Las Vegas, que assistia a uma palestra para seis mil pessoas de sessenta países. Em tempos de realidades virtuais, há ainda encontros materiais.
Esta semana superei 1700 “amigos” no Facebook, onde estou há cerca de dois anos. Parece-me muito natural ver o numero de “amigos” crescer depois que estou em um evento, pois hoje o tietar envolve em postar fotos.
Este comentário, vem a propósito, de algo que aprendi na terça-feira, com Zygmunt Bauman [Isto não é um diário, p.116, Rio de Janeiro: Zahar, 2012]: estudo da Universidade de Oxford divulgado recentemente levantou uma possível importância que o Número de Dunbar tem na relação social entre humanos.
Para a Wikipédia o “Número de Dunbar define o limite cognitivo teórico do número de pessoas com as quais um indivíduo pode manter relações sociais estáveis. Nesse tipo de relação o indivíduo conhece cada membro do grupo e sabe identificar em que relação cada indivíduo se encontra com os outros indivíduos do grupo.” Segundo a pesquisa, o cérebro humano é capaz de administrar em redes sociais, no máximo, 150 amigos.
Robin Dunbar (foto), antropólogo evolucionista da instituição e autor da pesquisa, conseguiu pela primeira vez comprovar no mundo on-line a teoria que defendia na década de 90. Na época, o cientista concluiu a partir de observações de vários grupos que a capacidade de manter círculos sociais não passava do número 150, independente do grau de sociabilidade de cada pessoa.
Na web, a teoria já foi questionada. Em fevereiro, o sociólogo Cameron Marlow descobriu que um internauta comum consegue estabelecer uma relação estável com o próximo com no máximo 120 contatos em perfis no Facebook. Russerd Bernard, da Universidade da Flórida, concluiu que, nos Estados Unidos, os laços de amizade de uma pessoa podem chegar a 290.
Essas limitações existem devido a capacidade do neocórtex cerebral, que não se desenvolveu durante a evolução do homem. Em pouco tempo, o registro foi tão valorizado na internet que já existiram redes sociais que o adotavam para definir critérios de ingresso às plataformas participativas.
A construção do mito de que as novas tecnologias poderiam superar tal limitação não é o único fato que mais chama atenção. O estudo corrobora a premissa de que o internauta, hoje, reforça mais laços construídos de forma offline (cotidiano) do que propriamente criar novas amizades virtuais.
Não posso ampliar aqui a discussão de Bauman. No mesmo livro, na página 221, há uma frutuosa análise: “Sobre o Facebook, intimidade e extimidade”. Acerca desta extimidade do Facebook acompanho uma situação, que se chegar a bom termo, há de merecer uma blogada especial.

3 comentários:

  1. Attico,

    interessante o citado número. Não o conhecia. E quanto ao número de grupos socias a que pertencemos? Existe valgum número também?
    Questiono-me se o número de Dunbar é temporal. Isso nos faria pensar como o córtex faz as trocas- e porque as faz.

    Abraços,

    Paulo Marcelo

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  2. Continuando a mesma linha de meu comentário anterior, acredito também que aí encontramos mais um reflexo da transformação dos neófitos. O indivíduo em seu meio social normal é tímido, aspira secretamente a grande vontade de ser popular. Mas tem dificuldade de puxar uma conversa, cumprimentar pela primeira vez um colega. Já virtualmente seu sonho está a um clique. Sai colecionando amizades num esforço desmedido em convencer-se de que já é o tão sonhado "ser popular".

    abraços

    Antonio Jorge

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  3. Limerique

    A proposta é: veja como consigo
    Ser seguido e ao mesmo tempo sigo
    Amplio minha rede
    Pois estou com sede
    Sou solitário e quero ter amigos.

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