segunda-feira, 26 de novembro de 2012

26.- NA SEMANA DO ADVENTO DE DEZEMBRO, UMA VEZ MAIS, QUE ‘DEUS SEJA LOUVADO’



Ano 7*** PORTO ALEGRE/MORADA DOS AFAGOS ***Edição 2308
Estamos na semana de despedir novembro. Sábado já será dezembro, então os de fé cristã começam o tempo litúrgico do advento. E logo será natal.
O domingo foi dia de acertar, literalmente, o fuso. Ele começou com janta com Cléria, Lucinha, Edinalva e Ana Maria e depois me acompanharam ao aeroporto, até acessar a sala de embarque. O retorno ao horário de Brasília se deu em três voos: BVB/MAO: 60 min + MAO/RIO: 250 min + estada de 2 horas no Galeão + RIO/P0A: 120 min. Então Porto Alegre, e um pouco depois das 14 estava na Morada dos Afagos, aonde os peixes chegaram ainda congelados.
Além de sesta revigorante, havia muitos jornais para receberem espiadelas. Ao entardecer recebi uma visita querida meu filho André, minha nora Tatiana com o queridíssimo Pedro. Foram espaços físicos de reinserção familiar. Os virtuais ocorreram no Galeão e em Porto Alegre, com a Gelsa em Aalborg.
Na esteira do debate trazido na segunda-feira anterior: a presença de uma laudação a Deus nas cédulas, que catalisou vários comentários, dou voz acerca do tema a Carlos Heitor Cony um dos mais destacados escritores brasileiros. Ele é membro da Academia Brasileira de Letras desde 2000. Sua carreira no jornalismo começou em 1952 no "Jornal do Brasil". É autor de 15 romances. O texto a seguir foi publicado na Folha de S. Paulo, do domingo anterior, dia 18NOV2012, na p. A-2.
Deus seja louvado Querem tirar das cédulas do nosso real a breve citação carregada de ironia machadiana: "Deus seja louvado". O argumento é pífio: o Brasil é um Estado laico, qualquer alusão a divindade é uma afronta, o país tem diversas religiões e, inclusive, tem razoável porcentagem de ateus ou agnósticos de carteirinha, entre os quais o cronista se inclui, apesar de sua formação ter sido feita com valores de determinado credo.
Os Estados Unidos não cultivam uma religião oficial, mas nas cédulas de um dólar, com a cara de Washington, há a frase "In God we trust". Há também na mesma cédula um símbolo maçônico: a pirâmide interrompida, tendo em cima o olho que em muitas religiões representa o olhar de Deus. Que também comparece nas caixas de fósforos, simbolizando o "Fiat lux".
O hino oficial inglês também invoca Deus: "God Save the Queen" — ou King. E voltando aos Estados Unidos, o "God Bless America", de Irving Berlin, funciona como hino alternativo, mais ou menos como "Aquarela do Brasil".
Poderia citar outras invocações oficiais ou oficiosas da divindade. Barack Obama, que me parece meio muçulmano, em breve prestará seu juramento para o segundo mandato com a mão em cima da Bíblia --base do judaísmo e do cristianismo.
A invocação na cédula do real não discrimina nem faz apologia de qualquer religião. Até mesmo os cultos afro-brasileiros têm seus orixás e nossos índios invocam Tupã.
O Império brasileiro tinha uma religião oficial que foi abolida com o advento da República. A bandeira que consagrou o novo regime tem até hoje a influência do positivismo, que para muitos de seus adeptos funciona como religião. O dístico ("Ordem e Progresso") é redução do lema fundamental de Auguste Comte.

2 comentários:

  1. É interessante registrar que Comte inicia sua teoria positivista adepto da escola do "Deus está morto" de Nietzsche, já ao final, louco e desorientado, transforma sua teoria em religião e chega a se declarar "O Cristo".

    abraços

    Antonio Jorge

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  2. Limerique

    Pois todos sabem e eu também sei
    Pôs Deus na cédula como fosse lei
    Imitando os do norte
    Como submisso consorte
    Esse execrável e babaca do Sarney.

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