sábado, 24 de novembro de 2012

24.- UMA JORNADA AMAZÔNICA NA FRONTEIRA



Ano 7***     BOA VISTA – RR         ***Edição 2306
Mesmo que minhas atividades deste sábado aqui em Boa Vista se resumam em minicurso acerca de História e Filosofia da Ciência pela manhã e pela tarde na UFRR, numa promoção da SBQ, Regional RR, esta blogada sabatina precisa narrar as emoções fortes de ontem.
Na viagem de 125 km de Boa Vista a divisa guianesa, com a Profa. Cléria Mendonça de Moraes, Secretária da SBQ, de RR fizemos uma parada na Comunidade Indígena Jaboti. Ao chegarmos a posto de fronteira erámos aguardados por uma delegação de professores da Escola Estadual Argentina Castello Branco (ACB) de Bonfim, que nos acompanharam a visita protocolar ao prefeito de Lethen, na Guiana.
A primeira impressão impactante ao se cruzar a fronteira é ver, de repente, a rodovia converter-se em mão inglesa = ‘conserve sua esquerda!’. O impacto se traduz pela continuada impressão que os carros que vem em sentido contrário estão na contramão ou ainda carros sem motorista no banco esquerdo.
Depois de acolhidos no país pelo prefeito em uma conversação agradável, fomos a Saint Ignatius Secundary School, onde éramos aguardados pela direção. Logo nos impressionou que todas as crianças estavam uniformizadas: os meninos alguns com gravata e as meninas de saia com meias e jaqueta. Todas tinham os cabelos presos (para evitar a transmissão de piolho) com destacado tope de fita verde.
Soube que faltara energia elétrica, logo a apresentação em PowerPoint, em inglês que preparara, não poderia ser exibida. Sorte minha e das cerca de 700 crianças, talvez, 15-17 anos, que se comprimiam em pé dentro auditório onde parecia não caber mais ninguém.
Não me aventurei a falar em inglês; fi-lo em português e fui traduzido para o inglês com competência pelo jovem Wanderson Jackson, aluno da ACB, do programa Jovem Embaixador. 


Soube ser adequadamente breve, no entusiasmar para usar a Ciência para entender e transformar para melhor o Planeta, a um muito atento auditório. Ao terminar a fala, houve saudações da Diretora e uma aluna. Logo dezenas de alunos subiram ao palco para tirar fotos comigo e pedir autógrafos, a maioria deste em suporte muito original: o braço dos solicitantes.
Vencida esta etapa voltamos ao Brasil e fomos a cidade de Bonfim, mais precisamente a Escola Estadual Argentina Castelo Branco. Na entrada havia um imenso cartaz com a frase: “ Devemos ensinar Ciências  para permitir que o cidadão possa interagir melhor com o mundo.” (Chassot)
A mesmas frase em português e inglês estava em folders que trazia a programação do I Intercâmbio Intercultural das Escolas da Fronteira Brasil-Guiana, atividade liderada pelo prof. Paulo Ricardo Pinheiro de Andrade.
Na ACB por primeiro participei de um lanche com os professores da casa, antecedido de uma oração, mesmo sendo uma escola estadual. Após fiz a palestra “A Ciência como instrumento de leitura para explicar as transformações da natureza” para cerca de 60 professores de diversas escolas da região, atividade iniciada com oração. Só durante o hino nacional, recebi um sinal do prof. David, que me trouxe à zona de conforto: conseguira abrir a apresentação que eu trouxera em outro computador. A palestra foi apreciada, mesmo que feita com muito suor devido ao forte calor. A falta de energia não conseguiu abortá-la,
Após um almoçarmos tambaquis linda e saborosamente recheados, voltamos a ACB, onde a diretora Ednialva Vieira (na foto como o cartaz) ensina-me que Argentina Castelo Branco foi esposa do primeiro presidente pós-golpe militar Humberto Castelo Branco. Pude ver um cartão manuscrito por ele de 1967, enviando a escola ‘[...] três sinetas, que ganhei no Rio Grande do Sul para chamar os alunos após o recreio da escola que leva o nome de minha saudosa esposa...’
A tarde fiz palestra ‘A Ciência é masculina? É, sim senhora!’ para cerca de 120 alunos do 2º e 3º anos do ensino médio e seus professores, onde era significativo ver o auditório da biblioteca lotado com jovens se abanando para aliviar o calor.
Após esta atividade ainda autografei livros para alunos e professores e tirei muitas fotos com os mesmos. A despedida foi com pedidos que voltássemos breve. Já era mais de 18 h quando estava de volta à Boa Vista, muito feliz com a jornada.
Agora é dar conta de sábado com minicurso, tendo no horizonte a madrugada de domingo para começar a voltar.

5 comentários:

  1. O carinho na recepção dispensada por tão miúda platéia não tem preço. Como disse o Mestre, ganha-se vida, se é útil. E o saber é o cultivo do amanhã, educando as crianças não puniremos os adultos.
    Parabéns pela nobre jornada.

    abraços

    Antonio Jorge

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  2. Professor , ler seu blog ja passou a ser um hábito diário , seu profundo conhecimento me motiva em meus estudos e me da pelo menos uma certeza , de que o connhecimento nãso tem fronteiras !!

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  3. Olá professor Chassot,foi uma honra o receber em Roraima.TAmbém fico muito feliz de ter participado com você desta fantástica experiência na escola da Guiana.Apesar de esta apenas iniciando a carreira de professora de química na ACB.Pena eu não ter participado ativamente da "comissão de frente" do evento...mas penso que surgirão muitos outros.
    Agradeço pela visita na nossa terra macuxi.
    beijos.
    Adriamara

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    1. Muito querida colega Adriamara,
      obrigado por tua presença aqui no blogue.
      Foi muito bom estar contigo na emocionante experiência da Guiana, nas falas no ACB, no minicurso na UFRR e especialmente na memorável viagem Bonfim/Boa Vista, onde estavas com a Comissão de Frente.
      Sonho voltar a tua Terra Macuxi,
      attico chassot

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  4. Olá Mestre Chassot!!!

    Desculpe-me pelo tempo que passou...e só agora estou aqui lhe passando uma mensagem ...dizer-lhe o quanto foi importante a sua passagem em nossa escola...dizer que Vossa Senhoria já faz parte de nossa historia lendo tudo que o senhor escreveu em detalhes nos deixa muito gratificado e com a consciencia que nosso dever estar sendo cumprido...
    Professor muitas mudanças ocorreram, hoje aquela turma toda não esta mais em nossa escola, foram para outra escola Estadual A Aldebaro Jose Alcantara no mesmo municipio...a nossa tristeza foi imensa tanto de alunos , funcionarios e professores, todos os nossos projetos, nossas ações, se foram, hoje estou como professora de Lengua Española, nessa outra escola...vi meu mundo sumir, meus anos dedicados a aquela escola, aqueles alunos desmoronar...conseguir superar, tudo isso aconteceu em janeiro, o Senhor deve ter noção do tamanho qque era o nosso trabalho com a sua vinda aqui em nossa escola. Todos os professores estão em outra escola. fui convidada a reassumir a escola com outra proposta de trabalho, a Escola sera: " Escola de Fronteira Argentina Castelo Branco" como e uma escola de tradições...a primeira no municipio então aceitei o desafio..não sei como será???
    Fiquei muito feliz com sua visita,com a sua presença, com a sua palestra, de estar com o senhor, de ver essa reportagem falando da escola, fiquei muitoencantada com tudo que foi proporcionado por vossa senhoria em nossa escola, em nosso municipio, e na cidade vizinha...

    Abraços...

    Edinalva Vieira da Silva.

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