quarta-feira, 25 de julho de 2012

25.- ¡HASTA BREVE, BUENOS AIRES!


Ano 6*** BUENOS AIRES ***Edição 2184
Na madrugada desta quarta-feira, a Gelsa e eu iniciamos o retorno a Porto Alegre. Foram três dias muito especiais. No meio da manhã devemos estar chegando a Porto Alegre.
Nos relatos de um viajor, para ontem cabem dois movimentos: um Mosteiro que se faz descoberta inesperada e uma aula para cerca 50 alunos do curso de doutorado em Direito da Faculdad de Derecho de la Universidad de Buenos Aires. Falo primeiro da aula e depois do Monastério.
Na aula mostrei para brasileiros (em sua maioria), chilenos e colombianas que ¿Es la Ciencia masculina? ¡Así es, señora!... Foi muito impressionante a atenção que mereci e os pedidos que prosseguisse nesta quarta-feira minha exposição. Só em Buenos Aires, esta foi a quarta vez, em três Universidades diferentes, que fiz esta mesma fala. Certamente esta foi aquela das quatro que me saí melhor. Sou muito grato ao Prof. dr. Enrique del Percio, que me convidou para esta atividade e ainda me brindou com uma charla de quase duas horas como ‘el postre’ da tarde-noite.
Uma referência a Faculdad de Derecho da UBA, que tem 54 mil alunos na graduação e 2 mil alunos no doutorado. O prédio da Faculdade não é apenas o ícone da UBA, como também é representação física da criação do peronismo de universidade gratuita para todos, algo odiado pela aligarquia que queria Universidade apenas para os possuídos.
Mas quero contar, como encerramento, um prêmio porteño que recebi no final da manhã de ontem. Ao deixar uma excelente livraria na Galeria Pacífico, deparo-me, por acaso com o Monasterio de las Catalinas, ou Mosteiro de Santa Catarina de Siena, em anexo à Igreja de Santa Catarina de Siena, próximo a rua Córdoba, no Retiro.
Visitei, então, aquele que foi o primeiro mosteiro para mulheres na cidade de Buenos Aires. Uma das mais antigas e prestigiadas obras da arquitetura religiosa da cidade, durante sua época colonial e está intimamente ligada à história do país. A igreja e o convento, sem ser ainda concluídos, foram inaugurados em 21 de dezembro de 1745.
Li algo acerca da história, como por exemplo, para entrar no convento das normas estabelecidas pelo Conselho de Trento (1545-1563) exige vocação de vida e costumes morigeradas [o Priberam ensinou-me que: Que tem bons costumes ou vida exemplar] pelo menos quinze anos de idade, aptidão física para observar as regras, não ter pertencido a uma outra ordem, não ser casado, a legitimidade de nascimento, limpeza do sangue e do pagamento de um dote.
Vale ver o elitismo (= racismo) da Igreja para a limpeza ou a pureza de sangue. Havia uma capital necessidade para ser admitido como professo ao monastério: não ser escravo ou mulato ou mestiço, não ter ascendência muçulmana ou judia e não ter hereges na história familiar.
Se posteriormente fossem verificadas estas condições, o hábito e a profissão eram considerados inválidos. As poucas exceções foram admitidas como: os pais eram espanhóis e solteiros no momento da concepção.
O dote era uma soma de dinheiro que a candidata à freira deveria entregar ao mosteiro antes de fazer profissão. Dotes das freiras eram para ser pagos em prata e a soma era de 500 pesos para o véu branco e variava entre 1500 e 2000 pesos no caso de véu preto. E, ainda, mais de 300 pesos para o uso de uma cela individual. O valor do dote era aplicado a uma taxa de 5% e a renda produzida é utilizada para vestuário, calçado, alimentação, despesas médicas (farmácia, sangrador) e capelão. Este era remunerado para ouvir em confissão — no Monastério podem-se ver os confessionários com grades pelas quais as freiras não podiam ver o capelão-confessor.
Na alegria de ter cada uma e cada um como leitores neste breve périplo porteño. Amanhã nos lemos de Porto Alegre, pelo menos nossos próximos quatro dias. Até, então.

7 comentários:

  1. Um breve comentário, me parece que a figura do "sangrador" era comum na antiga medicina que a tudo curava com as famosas sangrias. Inclusive relata-se que Napoleão tinha aquele aspecto pálido devido a muitos destes procedimentos terapêuticos.

    Abraços

    Antonio Jorge

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Limerique

    Penso comigo: que sorte eu tenho
    Em viagens, Chassot mostra empenho
    Em pintar um mural
    Com pincel cultural
    Desta vez um belo quadro portenho.

    ResponderExcluir
  4. Hoje é dia do Escritor, parabéns Chassot!

    ResponderExcluir
  5. Muito caro Jair,
    no meu calendário hoje é o dia do colono, inclusive feriado em municípios de colonização alemã.Também, dia do Motorista, por ser dia de São Cristóvão.
    Eis que tu poeta e escritor aditas uma nova celebração: dia daqueles que como tu, qual agricultor disseminas a palavra e qual motorista a transporta pelo mundo real e virtual.
    cumprimentos por este teu fazer,
    attico chassot

    ResponderExcluir
  6. Arguro Mestre Chassot,
    acompanhei seus diários de Savador e Buenos Aires. Sou novo aqui, mas a edição de hoje, na parte do Monastério, é uma aula de Historia da Igreja e seu elitismo,
    Com admiração.
    Catulo Paraense

    ResponderExcluir
  7. Caro Chassot,
    infelizmente a discriminação sempre fez parte dos recintos religiosos e não eram exclusividade do catolicismo.
    Um abraço,

    Garin

    ResponderExcluir