sexta-feira, 27 de abril de 2012

27.- UMA BARBARIE (AINDA) NO SÉCULO 21



Ano 6*** Porto Alegre/Frederico Westphalen   ***Edição 2095
Uma vez mais este blogue entra em circulação quando recém percorri a primeira hora das seis que me separam de Frederico Westphalen, onde nesta sexta-feira tenho atividades. Tenho dito que trabalho em duas instituições: uma a 6 minutos, outra a seis horas de minha casa.
Esta manhã, me envolvo com a segunda sessão do seminário “Escrever é preciso!” no Programa de Pós-Graduação em Educação e depois tenho encontro com minhas orientandas Camila e Quielen. À noite faço uma palestra no II Simpósio de Ciências Biológicas e sua Multidisciplinaridade. Retorno após para Porto Alegre.
Depois de uma semana envolvidos no discutirmos a “Teoria” do Design Inteligente, que irritou a mais de um leitor pela impropriedade do tema, trago algo dolorosamente relevante.
Hoje há um pedido de solidariedade às mulheres do Uzbequistão — um país na Ásia Central e uma das repúblicas que formavam a extinta União Soviética. Além do território principal, inclui também os enclaves no Quirguistão. Sua capital é a cidade de Tashkent.
O ditador do Uzbequistão está forçando médicos a removerem os úteros de mulheres sem o conhecimento ou consentimento delas para promover o "controle de natalidade" em todo o país. É um crime perverso e sangrento contra as mulheres orquestrado por um homem poderoso e abominável. Chegou a hora de acabar com isso.
Islam Karimov é um dos piores ditadores do mundo e até mesmo já cozinhou ativistas da oposição vivos. Mesmo assim, ele é financiado com milhões de dólares pelo governo dos EUA, que lhe pagam pelo transporte de tropas militares através do Uzbequistão. Essa última rodada de brutalidade, dessa vez contra as mulheres de seu país, trouxe à tona, numa escala global, as atrocidades desse monstro. Vamos usar esse momento terrível para persuadir seu maior financiador e dar um fim em Karimov.
A Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, pode restabelecer sanções militares e pressionar os EUA e outros poderes a apoiá-la. Ela já condenou publicamente Karimov por abusos de direitos humanos e esse mais novo recente ataque às mulheres — um assunto que lhe é caro — somente torna a situação mais grave. Assine a petição abaixo exigindo que Hillary acabe com o reinado de Karimov e pare o ataque brutal às mulheres:
secure.avaaz.org/po/uzbekistan_sterilisation_meme/?vl
Ativistas estimam que dezenas ou mesmo centenas de milhares de mulheres foram esterilizadas em segredo quando estavam no hospital para procedimentos de rotina ou para dar a luz — acordando da mesa de cirurgia sem ter ideia de que seus úteros tinham acabado de serem removidos. Uma ginecologista uzbeque admitiu, "A todo médico é dito... quantas mulheres ele deve esterilizar... minha cota é de quatro mulheres por mês". O uso de prisões arbitrárias e de tortura é tão generalizado que as mulheres não se manifestam por medo de represálias, e jornalistas estrangeiros e ativistas de direitos humanos são frequentemente expulsos do país.
Não tem que ser assim — os EUA podem ser duros com Karimov, que depende do constante fluxo de recursos que transitam para o Afeganistão para financiar seu estilo de vida pródigo. O show de horrores de direitos humanos no Uzbequistão sumiu dos radares por anos — mas temos uma chance real de acabar com o silêncio agora, usando a reportagem explosiva da BBC que entra em detalhes sobre as esterilizações forçadas e apoiando as corajosas mulheres uzbeques que ousaram contar suas histórias diante da opressão colossal.

6 comentários:

  1. Não creio que este país esteja com excesso de população após tantos anos de guerra... Me parece algo pior, talvez "faxina étnica".

    De qualquer forma, esterilização involuntária é um crime bárbaro contra a humanidade. É hora da ONU e Human Rights agir... Eles precisam tomar a frente e divulgar o fato... As pessoas precisam ver estas notícias divulgadas em órgãos internacionais conceituados...

    De resto, mais uma para a lista de atrocidades contra a mulher, ao lado das excisões na África, falta de escolaridade e atendimento médico à mulheres nos países muçulmanos, casamentos obrigatórios na Índia, aborto e infanticídio de meninas na China, etc...

    E tem gente que ainda não entende que comemorar uma vez por ano o dia da mulher é uma forma de colocar um momento de reflexão... Tem pessoas defendendo que se faça também o dia do homem... Mas será que o homem sofre alguma atrocidade por ter nascido homem?

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  2. Alexandre Lavras
    Que bom que retornastes... Obrigado!
    Bom final de semana/feriado prolongado a todos!

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  3. Caro Chassot,
    tanto quanto tu e outros leitores do teu blog, estamos chocados e horrorizados. Entretanto, o absolutismo de alguns mandatários, notadamente os ditadores, são capazes de inovarem nessa questão de horrores. Será que os EUA, tão ciosos com os direitos humanos noutras partes do mundo vão ter competência para assumir essa denúncia, mesmo contra os seus escusos interesses?

    Um abraço,

    Garin

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  4. Meu caro Mestre... Nós que nos envolvemos com lides diárias do fazer docente, sequer ficamos cientes destas barbáries. Que bom que temos teu alerta na blogada de hoje. É uma coisa que nos parece surreal e parte integrante daqueles filmes épicos que assistia quando era adolescente. Mas, infelizmente isso é uma rrealidade em pleno século XXI. E ainda conta com apoio,mesmo que indireto, da maior potencia economica mundial. Por essas coisas é que pouco acredito na Organizaçao das Naçoes Unidas. JB

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  5. Caro Chassot,
    Como é possível que em pleno século XXI ainda existam bolsões de "hitleristas" prontos a exterminar ou esterilizar aqueles que não comungam com seus ideais ou que, meramente, são "diferentes". Por trás dessa mutilações criminosas está o desejo de controlar as populações que lhe são opostas por ideologia e classe social. Em princípio sou contra a pena de morte, mas num caso como esse me pergunto se o mundo não seria melhor sem a existência desse monstro que em tudo se identifica com Hitler, Stálin, Mao, Idi Amin e tantos outros genocidas que nossa sociedade dita civilizada já produziu. Abraços indignados, JAIR.

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  6. São notícias assim que me fazem pensar o quanto ainda temos por trilhar para podermos fazer jus a nosso taxon de Homo sapiens sapiens. Por ter certeza de que o senhor aprovaria, divulguei a notícia no Facebook.

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