sexta-feira, 2 de março de 2012

02.- LUX IN ARCANA



Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br *** Edição 2039
A segunda sexta-feira quaresmal, como a primeira, traz uma notícia eclesial, anunciada ontem, dia 1º de março. Recolhi-a no sitio para o Brasil da Rádio Vaticano: www.oecumene.radiovaticana.org/bra /articolo.asp?c=567532. As ilustrações foram inseridas na notícia,
O Arquivo Secreto do Vaticano se revela Roma (RV) – Um evento único e irrepetível: assim está sendo definida a mostra "Lux in Arcana" (Luz no segredo, em latim), que expõe, pela primeira vez, uma centena de documentos do Arquivo Secreto Vaticano. A exposição foi inaugurada nesta quarta-feira (dia 29FEV2012), nos Museus Capitolinos de Roma.
A mostra, aberta ao público até 9 de setembro, é organizada pelo próprio Arquivo, por ocasião do quarto centenário da sua fundação.
Na exposição, é possível encontrar documentos que vão do século VIII ao século XX e, segundo os seus promotores, será "talvez a única vez na história que irão ultrapassar as fronteiras da Cidade do Vaticano".
Os visitantes têm a possibilidade de ver a bula "Inter Coetera" (1493), do Papa Alexandre VI, com a qual se delimitou os territórios descobertos por espanhóis e portugueses, que deu origem ao Tratado de Tordesilhas (1494). Estão à mostra ainda o códice do processo (1616-1633) do físico italiano Galileu Galilei [NA FIGURA]; a excomunhão de Martinho Lutero (1520); a carta em que Celestino V fez a "grande recusa", renunciando ao papado (1294); a carta ao parlamento inglês, de Clemente VII, sobre o casamento do rei Henrique VIII (1530) e o "Dictatus Papae" de Gregorio VII (1073-1085), que estabelecia a primazia do poder do Papa sobre o poder político, um dos documentos mais antigos da mostra.
Os documentos referem-se ainda a personalidades como o compositor Wolfgang Amadeus Mozart, o presidente dos Estados Unidos Abraham Lincoln ou o imperador francês Napoleão Bonaparte.
A mostra "Lux in Arcana – O Arquivo Secreto do Vaticano se revela" (www.luxinarcana.org) está aberta todos os dias, exceto às segundas-feiras, das 9h às 20h.
 Admito que, provavelmente, poucos de meus leitores têm em sua agenda uma visita ao Vaticano [Eu muito quisera receber de Bento 16 um convite com estadia e passagens, mas...] trago aqui esta noticia que me recordar a oportunidade que tive, em 31 de julho de 1989 — quando fui pela primeira vez a Europa — de passar algumas horas no Museu Vaticano. Foi emocionante, então, conhecer alguns documentos.
 O sitio da exposição — www.luxinarcana — não me pareceu muito agradável, mas pode se ver algumas obras e também um vídeo www.youtube.com/watch?v=aAao-fNIXDc&feature=player_embedded#!, que evoca um pouco o livro ‘Anjos e demônios’ de Dan Brown. Afinal se fala de 85 quilômetros ocupados por conspirações, sussurros, convicções, silêncio e segredos. Uma pequena parte de mais de mil anos de história guardados com todo o cuidado e sob a mais estrita segurança no Vaticano podem agora ser vistos. Dos 150 mil documentos escondidos atrás de milhares de prateleiras apenas pouco mais de uma centena está disponível na exposição "Lux in arcana".
Nesta exposição de agora, também foram revelados documentos que defendem a atitude do papa Pio 12, criticado por ter mantido silêncio ante o Holocausto, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Entre eles, está um relatório do núncio Francesco Borgongini-Duca que visitou sete campos de concentração na Itália, em 1941, e uma carta de agradecimentos de pessoas detidas nos campos, endereçada ao papa.
Entre os outros documentos está a nomeação ao trono papal do eremita Pietro Morrone (século 13), que se tornou Celestino 5º e foi o único papa da História a se demitir. Há também um documento do século 15 no qual Alexandre 6 divide o Novo Mundo entre a Espanha e Portugal, após a "descoberta" da América por Cristóvão Colombo. Ou ainda o decreto do papa Leão 10 que selou o cisma com os protestantes, conduzindo às guerras de religiões fratricidas na Europa.
Outros tesouros: as cartas de Michelangelo sobre a construção da Basílica de São Pedro ou um documento confeccionado em seda pela imperatriz da China Helena Wang, convertida ao cristianismo.
Mais curiosa, a missiva do chefe da tribo indígena Ojibwa datando do século 19 a Leão 13, a quem chama de "grande mestre das preces que cumpre as funções de Jesus".
Outra raridade, uma carta de Maria Antonieta presa depois da Revolução, na qual se pode ler: "os sentimentos daqueles que partilham minha tristeza (...) são a única consolação que posso receber nestas tristes circunstâncias".

4 comentários:

  1. Caro Chassot,
    Em que pese a relevância desses documentos para a história mundial, é quase certo que são apenas uma gota no oceano dos conchavos e mistérios que permeiam a vida do Vaticano. Essa conclusão se deve à premissa que ninguém em sã consciência se permite dar um tiro no pé. Abraços, JAIR.

    ResponderExcluir
  2. Ola Mestre...
    Só agora volvendo de vacaciones desde 17 de fevereiro...Um abraço desde já... Estive meio afastado da rede nestes dias. Fiz questão do enclausuramento sem acesso... Te confesso que foi muito bom. Isso ocorreu pela primeira vez em quase 10 anos...
    Hoje me deparo com tua ediçao falando dos documentos vaticanos. Muito interessante, inclusive pelo Papa que se demitiu, de cujo fato eu jamais tive noticia. Grande abraço e um excelente final de semana...JB

    ResponderExcluir
  3. Ave Magister,

    minha vontade de ir a Roma só aumentou!
    Obrigado por esta lux in arcana. Adorei fazer esta visita virtual aos arquivos secretos, quantas outras relíquias hão de estar escondidas nos recônditos do Vaticano...

    Abraços,
    Guy

    ResponderExcluir
  4. Caro Chassot,
    duas considerações: 1) excelente postagem que por si mesma desperta o desejo de conhecer essa singular exposição; 2) quem sabe arriscas uma cartinha à Sua Santidade: de repente aparece um cheque-presente para visitar a exposição.
    Um abraço,
    Garin

    ResponderExcluir