quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

11.- PRODUÇÃO E AVALIAÇÃO DE UM TEXTO



Ano 6 *** Porto Alegre/Frederico Westphalen *** Edição 1988
Quando, nesta quarta-feira, esta edição entrar em circulação já terá transcorrido 1h15min das 6h15min, que o ônibus leva para percorrer os 450 quilômetros para chegar a meu destino. Depois que assumi, quando da aula inaugural em 4 de novembro, como professor da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) no Campus de Frederico Westphalen, esta é minha terceira viagem mensal para ministrar o seminário Teorias do conhecimento e Educação. Desta vez tenho um tríduo: dou aulas hoje, amanhã e sexta-feira, concluindo as atividades deste seminário. Retorno à Porto Alegre na noite de sexta-feira para sábado.
Este é um período em que uma grande parcela de jovens está envolvida em vestibular. Reascendem-se, em cima de pelo menos um caso [em que houve grave problema de avaliação de uma redação no ENEM], as discussões acerca dos critérios de correção de questões de resposta livre e mais especificamente as redações.
Quando olho uma das etapas de minha formação encontro:
Mestre em Educação Área de concentração: Ensino - 1974/76 Curso de Pós-Graduação em Educação - UFRGS Orientador: Prof. Dr. Ray Arthur CHESTERFIELD. Dissertação: Comparação de dois instrumentos de avaliação: questões de resposta livre X questões objetivas, Porto Alegre: Programa de Pós-Graduação em Educação, UFRGS, 1976, 164 p [detalhes em www.professorchassot.pro.br em publicações / produção pós-graduada].
Logo, há mais de 35 anos discutia o assunto e não vou tergiversar aqui e agora.
Hoje ofereço um pequeno artigo, publicado no domingo na Folha de S. Paulo. Mesmo que, provavelmente, não haja vestibulandos leitor deste blogue, muitos de nós estamos envolvidos na produção e avaliação de textos. Assim “Critérios de correção da redação são subjetivos” produzido por Carlos Eduardo Bindi, educador do Grupo Educacional Etapa para a Folha pode interessar àquelas e àqueles que são leitores deste blogue. Para mim o texto foi importante.
No vestibular, um estudante poderá escrever sua redação usando vocabulário simples, sintaxe correta, de forma clara, cristalina.
Como um bom jornalista faz, ele poderá comunicar-se bem, mas sem estar sendo propriamente "criativo".
Ou ele poderá redigir seu texto agregando, à redação clara, maior sofisticação, com vocabulário denso, sintaxe menos trivial, citações bem colocadas, como um articulista. O texto terá, assim, um pouco mais de "criatividade".
Também poderá, o estudante, tentar fazer sua redação com a habilidade de um escritor profissional, valendo-se de mais recursos retóricos, refinando o texto, dando a ele estilo e um formato mais artístico ou literário.
Se um jovem de 17 ou 18 anos pudesse escrever com a simplicidade e clareza de um jornalista já seria excelente. Afinal, clareza na comunicação é algo precioso em nosso confuso mundo de interconexões. E o domínio artesanal da palavra vai além do que fornece a boa educação básica — ele exige tempo e também maturidade. O que conta nos exames de redação?
Embora as propostas pareçam claras, muito da subjetividade que afeta a correção pode decorrer da má definição da finalidade da prova, do que se espera dos alunos.
Não é preciso esforço para encontrarmos problemas nas correções das redações. Ainda agora, um candidato do Enem questionou o fato de sua redação ter sido anulada — por dois corretores — e, na revisão, sua nota subiu para 880, ficando entre as maiores do exame.
Certamente os problemas da redação nos vestibulares merecem atenção e cuidados de todos. O que menos precisamos é de complacência com suas deficiências.
No exame da Fuvest do ano passado, foram aprovados estudantes com apenas 21 pontos (máximo 100) em português/redação. Em letras, na USP, no curso que forma futuros corretores de provas. Um paradoxo, para reflexão.

7 comentários:

  1. Caro Chassot,

    o velho e sempre presente tema da avaliação. Posso dizer, contraditoriamente à minha formação (filosofia) que tenho uma certeza: esse tema não sairá da agenda dos educadores nos próximos anos. Sobre redação, prefiro uma linguagem clara, simples e direta: mais gente consegue entender.

    Boas aulas!

    Garin

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  2. Mestre Chassot! Tambem tenho me deparado nos cursos tecnicos com a grande dificuldade da lingua portuguesa e de seu uso correto. Parece que cada vez mais há uma certa preguiça na produçao de textos, e que nós professores deixamos de lado este exercício, como se a responsabilidade pelo desenvolvimento desta habilidade fosse exclusiva do professor(a) de Português. Na verdade todos nós docentes, somos responsaveis nesta questao. Bom tema para reflexao. Abraços do JB e boa jornada em FW.

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  3. Caro Chassot,
    Esse eterno problema de escrever ou não escrever, é particularmente agudo quando se trata de vestibular. Tenho a solução: LEITURA. Sei por experiência própria que só se aprende escrever escrevendo. E para escrever necessita-se conteúdo. Conteúdo que só se adquire LENDO. Não há soluções intermediárias ou mágicas, ou os pais incutem nos seus filhos que leitura é essencial à vida, ou corremos o risco de termos um país de analfabetos nas próximas gerações. LEIAM, não importa o quê. Abraços, JAIR.

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  4. Boa noite, Mestre!
    O meu amigo Jair como de costume, me roubou a fala, o que só me confirma mais um acerto, já que compartilhamos a mesma opinião.
    E a palavra mágica é LEITURA!
    Quem muito leu, acaba aprendendo a escrever, por menos criativo que seja.
    Como já disseram "nada se cria, tudo se copia".
    Frases, formas e trechos podem ser adaptados em novas combinações e acabam por fazer parte da forma de expressão do leitor.
    Desde quando fui vestibulando já sabia qual era a dificuldade da maioria das turma com as redações: falta de leitura!
    Isto naquela época (anos 70). Imagine agora!
    É só ver entrevistas na TV para se observar a dificuldade que as pessoas tem para se expressar. Eu não estou falando de jogadores de futebol, mas até de estudantes e pessoas públicas...
    Haverá solução?
    Abraços, Mestre!

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Ave Chassot,

    para mim não há nada melhor do que ler um texto bem escrito.

    Sofisticado ou simples, criativo ou contido, se o sujeito souber como sinfonizar as palavras: é puro prazer!

    Lamento que muitos escritores e articulistas hodiernos sejam verdadeiros roceiros da língua portuguesa.

    Fazendo textos pobres, cuidando para usar palavras que as pessoas entendam...

    Imagina se o Saramago (maior escritor da história da língua portuguesa) se preocupasse que as pessoas não fossem entender o que ele escrevia...

    Agora, para escrever bem há uma fórmula: leitura + saber as regras + criatividade... ou nascer Saramago.

    Abraços

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  7. Estimado Leonel,
    teu comentário, mesmo ainda de quarta-feira não envelhece.
    Ainda hoje (sexta-feira) aqui em Frederico Westphalen dizia ao alunos do Programa de Pós-Graduação em Educação da URI que devem ler ficção e blogues para melhorar o escrever. TU e o Jair recomendam na mesma direção.
    Com muito apreço

    attico chassot

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